FOTÓGRAFO CARIOCA REGISTRA EM SEU TRABALHO A AMAZÔNIA SOB UM NOVO OLHAR
Descendente de alemães, Andreas Valentin morou no Amazonas, onde
“descobriu” o Festival Folclórico de Parintins
Carioca,
Andreas Valentin, 64, carioca, é um apaixonado pelo Festival
Folclórico de Parintins; morou no
Amazonas entre 1980 e 2000, quando pesquisou e fotografou a região. Do trabalho
nasceram quatro livros “Vermelho, um Pessoal Garantido” (1998), “Caprichoso, a
Terra é Azul” (2000), “Contrários: a Celebração da Rivalidade dos Bois-Bumbás
de Parintins” (2005) e “A fotografia amazônica de George Huebner” (2012).
“Meu
interesse pela Amazônia surgiu em 1980, quando me mudei para Manaus em busca de
novos desafios. Morei na cidade até 1989 e voltei em 1994. Dois anos depois,
descobri Parintins e os Bois Bumbás, paixão que se estende até hoje”, diz.
“Durante os 15 anos em que morei em Manaus, realizei uma extensa documentação
fotográfica da cidade e de seu entorno natural”, completa.
Filho
de alemães fugidos do nazismo, sempre fez questão de observar a própria origem
e conseguiu unir a distante Alemanha ao mistério amazônico. A pesquisa sobre
Huebner, inclusive, foi tema do doutorado em História Social pela Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Entre as boas lembranças da capital
amazonense, está a parceria com um dos ícones da literatura regional.
“Fiz
várias exposições e, por meio da minha empresa ‘Ponto de Vista’, realizei
inúmeros trabalhos de publicidade, design e vídeos documentários. Destaco as
parcerias com o poeta Thiago de Mello, em particular o belíssimo livro ‘Manaus
Amor e Memória’; e com o artista plástico Roberto Evangelista. E, claro, a
vasta documentação de Parintins, o Festival, a cidade e sua gente”, afirma
saudoso.
Pense antes de clicar
Valentin
foi, ainda, aluno e colaborador do artista Hélio Oiticica; assistente de
produção e direção no filme “Fitzcarraldo”, de Werner Herzog; e vencedor do
Prêmio Pierre Verger de Fotografia (2004). Atualmente, é professor-adjunto na
Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e na Universidade Candido Mendes
(Ucam). Para ele, fotografar é tão natural quanto respirar, mas requer
dedicação.
“Hoje,
a imagem tornou-se onipresente. Com a facilidade proporcionada pelos celulares,
as pessoas registram seu cotidiano, resultando em milhões de imagens
fotográficas e em vídeo. Ou seja, tornamo-nos todos fotógrafos e cineastas”,
afirma, ao ressaltar que, entretanto, não basta apenas clicar. “Fotografia se
faz com o olho e, principalmente, com o cérebro. Ou seja, pense antes de
apertar o botão ou tocar na tela”, enfatiza.
Sem ‘mesmice’
Também
autor de “SAARA Rio de Janeiro” (2010) e “Fotocine: a fotografia no cinema”
(2011); Andreas Valentin é curador de mostras de cinema e fotografia. Foi
coordenador de projetos da Fundação Nacional de Artes (Funarte), de quem
recebeu o Prêmio Marc Ferrez de Fotografia (2015), com “Berlin<>Rio:
Trajetos e Memórias”, resultando em exposição e mais um livro. Para o
fotógrafo, é preciso registrar a Amazônia com um olhar diferente do óbvio.
“Diante
da mesmice das ‘selfies’, dos registros dos mesmos pontos turísticos e
paisagens naturais, destacam-se aquelas imagens que mostrem algo diferente, que
tenham o ‘olhar fotográfico’, algo que pode tanto ser inato como aprendido”,
declara, ao citar que nem tudo se armazena em fotos, mas na mente. “Essas são
as que mais se guardam e, certamente, as que ficam para sempre, pois os
registros mecânicos ou digitais se apagam com o tempo”, diz.
Três perguntas
–
O Festival de Parintins é um dos principais eventos da Amazônia. Você acha que
ele tem sido bem registrado fotograficamente?
Andreas
Valentin: certamente! Há décadas que fotógrafos amazonenses, brasileiros e
estrangeiros vêm registrando o Festival. Nesses milhares, talvez milhões, de
imagens há incontáveis registros que se destacam.
–
O que mais te marcou nesse período morando no Amazonas?
AV:
Parintins, a natureza amazônica e a história de Manaus, não necessariamente
nessa ordem.
–
Você pretende voltar a Manaus futuramente a passeio, ou para novos registros?
AV:
Certamente! Espero que essa oportunidade surja logo. Tenho muita vontade de retornar
a Manaus, a Parintins, às águas e à floresta.
PERFIL
Nome:
Johannes Andreas Valentin
Naturalidade:
Rio de Janeiro
Formação:
graduado em História da Arte e Cinema na Swarthmore College, Pensilvânia (EUA);
mestre em Ciência da Arte na Universidade Federal Fluminense (UFF); doutorado
em História Social na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ);
pós-doutorado no Instituto de História da Arte da Freie Universität, Berlim
(Alemanha).
Fonte/Fotos: Natália Caplan - ACRITICA.COM
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