ARTIGO DEDOMINGO: CRISE CHAMADA FUNAI
- por Lúcio Flávio Pinto (*)
A
União é a tutora dos índios no Brasil. Quem a representa é a Funai, a
complicada Fundação Nacional do Índio. Devia ser um cargo tranquilo, de menor
importância, no terceiro escalão. Mas vive em crise. Nomeiam-se e demitem-se
mais presidentes da Funai do que ministros. Suas crises são endêmicas, com
períodos epidêmicos. Uma nova já começou.
O
último presidente foi o ex-senador João Pedro Gonçalves, do PT. Nos últimos
sete meses o cargo foi ocupado por um interino. O alvoroço voltou com o anúncio
do novo ocupante: o dentista, assessor parlamentar e pastor evangélico Antônio
Fernandes Toninho Costa.
Seu
nome foi vendido como sendo a opção técnica. Alguma qualificação desse tipo ele
realmente tem. Mas sua indicação é do Partido Social Cristão, o PSC, sem
tradição no setor e sob suspeita de vir a ser biombo para interesses no
patrimônio indígena, diretamente ou através do governo, interessado em reativar
o Programa de Aceleração do Crscimento, o PAC, dado como filho da super-gerente
Dilma Rousseff.
Alternativas
ao nome dele, que veio acompanhado por outra indicação polêmica, de um general
(Franklimberg Rodrigues de Freitas, para o cargo de Diretor de Promoção ao
Desenvolvimento Sustentável), existem.
Nenhuma das opções, porém, está desvinculada de um partido político. A raiz do
problema, portanto, é mais profunda.
Talvez
ela se desenvolva mais saudavelmente se a Funai sair da jurisdição do
ministério da Justiça para a competência da Procuradoria-Geral da República,
que tem perfil muito mais adequado para ser a representante do tutor dos
índios, já que é o braço jurídico atuante do Estado.
(*) Lúcio Flávio Pinto é jornalista profissional desde
1966. Percorreu as redações de algumas das principais publicações da imprensa
brasileira. Durante 18 anos foi repórter em O Estado de S. Paulo. Em 1988
deixou a grande imprensa. Dedicou-se ao Jornal Pessoal, newsletter quinzenal
que escreve sozinho desde 1987, baseada em Belém.
No
jornalismo, recebeu quatro prêmios Esso e dois Fenaj, da Federação Nacional dos
Jornalistas. Por seu trabalho em defesa da verdade e contra as injustiças
sociais, recebeu em Roma, em 1997, o prêmio Colombe d’oro per La Pace e, em
2005, o prêmio anual do CPJ (Comittee for Jornalists Protection), de Nova York.
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