ARTIGO DEDOMINGO: AGORA, AO BISPO?



- por Lúcio Flávio Pinto (*)

A única iniciativa nova do governo do Estado motivada pela matança de ontem para hoje foi o contato do governador Simão Jatene com o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes. Os dois conversaram sobre a possibilidade de a União ajudar nas investigações sobre as 24 pessoas executadas depois da morte de um soldado da Rotam numa troca de tiros com bandidos.
“O resultado da conversa foi de que a melhor colaboração seria a constituição de um grupo de interagências, guiados pela inteligência, para as investigações destes crimes”, segundo a agência oficial de notícias, reproduzindo as informações do secretário de segurança, general Jeannot Jansen.
O militar, da reserva do Exército, no cargo desde o início do segundo mandato de Jatene, em 2015, declarou, em entrevista coletiva, que o governo deu “atenção especial” à segurança pública depois da chacina. O que, por raciocínio inverso, se conclui que não dera essa atenção especial até hoje. Não por falta de razões para isso.
O general comunicou que as polícias “agem ostensivamente nas ruas”, com o “empenho máximo para que tais crimes não ocorram”. Por enquanto, tais crimes continuam a ocorrer, em escalada de vítimas. De uma maneira tal que, na sua primeira providência, o governador reagiu pedindo ajuda ao governo federal. É o reconhecimento da incapacidade de seu próprio governo encontrar os justiceiros que saíram matando pelas ruas de 16 bairros da Grande Belém?



- (*) Lúcio Flávio Pinto é Jornalista profissional desde 1966. Percorreu as redações de algumas das principais publicações da imprensa brasileira. Durante 18 anos foi repórter em O Estado de S. Paulo. Em 1988 deixou a grande imprensa. Dedicou-se ao Jornal Pessoal, newsletter quinzenal que escreve sozinho desde 1987, baseada em Belém.
No jornalismo, recebeu quatro prêmios Esso e dois Fenaj, da Federação Nacional dos Jornalistas. Por seu trabalho em defesa da verdade e contra as injustiças sociais, recebeu em Roma, em 1997, o prêmio Colombe d’oro per La Pace e, em 2005, o prêmio anual do CPJ (Comittee for Jornalists Protection), de Nova York.

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