TRIBUNAL DO JÚRI DE BELÉM-PA CONDENA ACUSADO DE ENVOLVIMENTO NA MORTE DE CASAL DE EXTRATIVISTAS
José Rodrigues Moreira foi condenado a 60 anos de prisão.
Júri o considerou co-autor das mortes de José Cláudio e Maria do
Espírito Santo.
Ontem,
terça-feira (6), o Tribunal do Júri de Belém condenou José Rodrigues Moreira a
60 anos de prisão pelo assassinato do casal de extrativistas José Cláudio e Maria
do Espírito Santo. O júri considerou o acusado co-autor do crime de duplo
homicídio qualificado. Este foi o segundo julgamento de José Rodrigues. O
primeiro julgamento ocorreu em Marabá, no ano de 2013 e o réu foi absolvido. O
tribunal anulou o júri, que foi transferido para a capital, e decretou a prisão
preventiva dele.
O
casal de extrativistas José Cláudio e Maria do Espírito Santo foi assassinado no
dia 24 de maio de 2011, no município de Nova Ipuxina, no sudeste do Pará. Eles
seguiam de moto por uma estrada da zona rural do município, quando foram
abordados pelos dois assassinos no momento em que estavam passando por uma
ponte. Os dois foram atingidos com tiros de espingarda e morreram na hora. A
motivação do crime seria a disputa de terras.
De
acordo com Erivaldo Santis, o advogado do réu, José Rodrigues Moreira está foragido
e não teria a obrigatoriedade de comparecer ao julgamento. O juiz Raimundo
Moisés Alves, que presidiu o julgamento, negou ao condenado o direito de
recurso da sentença em liberdade, com isso o decreto de prisão em regime
fechado será mantido.
Julgamento
No
mesmo julgamento em que José Rodrigues Moreira foi absolvido, foram condenados
como executores das mortes o irmão dele, Lindonjohnson Silva Rocha (43 anos de
prisão) e Alberto Nascimento (42 anos de prisão). Lindonjohnson está foragido
desde novembro de 2015 e Alberto cumpre pena no hospital de custódia e
tratamento psquiátrico, em Santa Izabel, nordeste do estado.
Ameaças
Antes
do crime, o casal de extrativistas vinha sendo ameaçado de morte. “Eram
lideranças populares junto às famílias para que pudessem exercer uma atividade
agrícola sem destruir o meio ambiente. Esse era o foco deles. Esse projeto
ameaçava os interesses do latifúndio”, diz o padre da Comissão da Pastoral da
Terra, Paulo da Silva.
José
Rodrigues Moreira, antes do crime, teria comprado uma área de terra de 144
hectares, o que corresponde a três lotes normais de assentamentos de famílias
sem terra. Segundo a pastoral, a compra era ilegal dentro do assentamento,
principalmente por ser extrativista.
Segundo
a CTP, quando a área foi comprada já existiam três famílias residindo no local.
O suspeito teria tentado expulsar as famílias do terreno e o casal José Cláudio
Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo Silva teria dado apoio às famílias,
denunciando José Rodrigues Moreira ao Incra e para a imprensa. Por este motivo,
José Rodrigues Moreira teria encomendado a morte do casal.
Meses
antes do crime, em um evento que discutiu o desmatamento na Amazônia, José
Cláudio denunciou as ameaças. “Eu vivo com a bala na cabeça. Posso está hoje
aqui conversando com vocês e daqui a um mês vocês podem ter a notícia de que eu
desapareci”, disse a vítima na época.
Fonte/Foto: G1 PA/Arquivo CNS
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