PARÁ: JATENE REÚNE A IMPRENSA E ANUNCIA AJUSTES
- por Franssinete Florenzano
O
presidente Michel Temer vai encaminhar hoje ao Congresso Nacional uma Proposta
de Emenda Constitucional destinada a reformar a Previdência Social, fixando a
idade mínima para aposentadoria em 65 anos, tal como em 1934, na época do
primeiro período do governo de Getúlio Vargas. É o primeiro passo para tentar
fechar as contas públicas, diante do déficit crescente do sistema
previdenciário brasileiro. Todos os meses o regime geral paga cerca de 29
milhões de benefícios, equivalentes a R$ 34 bilhões mensais. No Pará, são
gastos R$2 bilhões ao ano para pagar 45 mil inativos e pensionistas, cujo
número deu um salto nos últimos anos. O Igeprev está no vermelho e o Iasep não
consegue atender a todos os beneficiários e está inadimplente junto aos
fornecedores. Para falar abertamente sobre o cenário alarmante da crise
nacional e seus reflexos nos Estados e Municípios, que exigem medidas duras e
antipáticas de modo a não entrar em colapso como o Rio de Janeiro, Rio Grande
do Sul e outras unidades da Federação que já não conseguem pagar nem o
funcionalismo, o governador Simão Jatene convidou jornalistas de emissoras de
TV, rádio, jornais, blogs e portais de internet para o mais longo café da manhã
de que se tem notícia: começou ontem às 8:30h e acabou já perto das 14h.
Na
esteira da PEC do governo federal, o governo do Pará vai enviar à Assembleia
Legislativa projetos de lei tratando de aposentadorias especiais, reajuste nas
alíquotas do plano de saúde estadual e outras medidas para equilibrar os
desembolsos. Jatene fez questão de enfatizar que cumprirá o o princípio
constitucional da igualdade, que pressupõe que as pessoas em situações
diferentes sejam tratadas de forma desigual; afinal, dar tratamento isonômico
às partes significa tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais,
na exata medida de suas desigualdades. "Aquele que tem mais tem que pagar
o maior custo. Se todos têm que ter perda, então que se tenha pelo menos uma justiça
na distribuição disso, e que aqueles que têm maior renda paguem o preço maior”,
defendeu.
O
direito adquirido não sofrerá, diz Temer, e Jatene afirmou que seguirá a mesma
linha. O governador mostrou planilhas que espelham a crise econômica que o país
atravessa, os projetos estaduais e as ações governamentais necessárias para
conter a sangria em 2017. Salientou, por exemplo, que a retração do PIB de 2015
foi a terceira maior nos últimos 115 anos, para se ter uma ideia da gravidade
do momento atravessado pela sociedade brasileira. Nos últimos três anos, 10% da
riqueza do Brasil simplesmente evaporaram.
A
situação é grave, muito grave. Embora o Pará seja o Estado melhor posicionado
na Federação no que tange ao equilíbrio das contas públicas e mantenha boa
capacidade de endividamento, o cenário nacional desestimula os investidores
internacionais, dificultando ao máximo operações de crédito que poderiam dar
algum alento às combalidas finanças.
“Minha
preocupação é como pagar os salários dos servidores, porque sei da importância
disso para a economia, para a dinâmica da própria sociedade”, afirmou Jatene,
admitindo que 2017 ainda vai ser um ano difícil. Por isso, optou por tomar
medidas impopulares, antes que aconteça a insolvência. Haverá cortes de gastos
e redução nos investimentos. Isso significa que não haverá aumento de salários,
por exemplo, a fim de que não se chegue depois ao ponto de ter que reduzir,
parcelar ou não pagar, como já vem acontecendo em vários Estados.
O
governador aconselhou que as pessoas evitem contrair ou aumentar dívidas, não
gastem mais do que ganham e não façam empréstimos para comprar coisas
dispensáveis. Jatene fez um apelo aos jornalistas para que ajudem a mobilizar a
sociedade e a formar consciência da real extensão da crise, que afeta a todos e
pode piorar. “As camadas que têm remuneração e salários mais altos precisam
passar por ajustes, senão nós não vamos sair da crise. Esses ajustes é que vão
nos permitir recuperar o investimento, o emprego, a renda e o consumo, criando
um circulo virtuoso do crescimento. Sem o controle de gastos e sem o ajuste na
previdência, o Brasil e o Pará não têm futuro”, advertiu Jatene, que defende
maior tributação de grandes fortunas.
"Nosso
esforço é pagar salários. Tem gente que pode questionar o que o salário dos
servidores tem a ver com isso. Precisamos lembrar que os salários se
transformam em consumo, que gera negócios, comércio e produção, que gera
emprego”, explicou, lembrando que o governo do Estado também tem criado
incentivos para implantação de novas indústrias, com o objetivo de gerar mais
emprego e renda para a população.
Fonte/Foto:
uruatapera.blogspot.com.br/Antonio Silva
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