FÉ!: CRISE FINANCEIRA LEVA MUITOS À PROCURA POR DEUS, NA ESPERANÇA DE 'DIAS MELHORES'
Crenças e religiões diferentes registraram aumento de fiéis,
nestes dias de falta de dinheiro
Manaus
- Em um ano marcado por grandes mudanças político-econômicas no Brasil, muitos
se viram enfrentando dificuldades, principalmente financeira, trazidas pela
crise econômica. Afetados materialmente, muitos fiéis se voltaram para o mundo
espiritual, descobrindo a fé ou retornando à busca por fortaleza interior, com
esperança em dias melhores. A análise é feita por líderes de várias denominações
religiosas, no Amazonas, que disseram ter percebido aumento da quantidade de
frequentadores nos templos religiosos.
Entre
os católicos, o número de participantes das celebrações e atividades nas
igrejas aumentou, na avaliação do padre Charles Cunha, pároco da Catedral
Metropolitana de Manaus. Para o padre, o aumento na quantidade de fiéis
demonstra que muitos estão buscando transformar a dificuldade em esperança.
“Nas situações difíceis da vida, é comum observarmos o aumento de pessoas
buscando a Deus. É um povo sedento de esperança, de fé e eles buscam alimento
para os próximos dias”, afirmou o sacerdote, citando os problemas de desemprego
e doenças que afetaram parte dos católicos.
De
acordo com a presidente da Federação Espírita Amazonense, Rita de Cássia Castro
de Jesus, os brasileiros passaram por um “turbilhão” de desafios, neste ano,
que refletiu no aumento de frequentadores dos centros espíritas ligados à
federação, principalmente nas unidades localizadas na periferia da capital. “É
um reflexo de problemas sociais, como o desemprego, que deixou muitos pais sem
saber como conseguir o pão de cada dia para os filhos”, exemplificou. Para
Rita, o retorno de muitas pessoas aos centros espíritas indica a necessidade de
se buscar força espiritual e a presença de Deus em cada um.
Segundo
o coordenador da Articulação Amazônica de Povos Tradicionais de Matriz Africana
(Aratrama) e psicólogo, Alberto Jorge, nos templos das denominações religiosas
afro-brasileiras, o aumento de fiéis é maior entre os que não têm uma
espiritualidade “amadurecida”. “São aqueles que procuram a espiritualidade só
para benzer e para oferendas, quando estão na pior”, disse Alberto. De acordo
com ele, essas pessoas buscam socorro material, como conseguir dinheiro e
bem-estar. “É diferente do processo de encontro com Deus, da busca da paz”,
acrescentou.
Coordenador
da Ordem dos Ministros Evangélicos do Amazonas (Omeam), o apóstolo Eriveuto
Praia disse que, apesar das dificuldades, o ano de 2016 serviu, também, como
aprendizado para muitos fiéis. Diferente dos demais líderes religiosos, ele
disse não ter percebido oscilações grandes na quantidade de fiéis das igrejas
evangélicas relacionadas ao cenário político-econômico nacional. No entanto,
para o pastor, é necessário observar a realidade pelo ângulo otimista. “Muita
gente aprendeu a economizar, ser mais comedido. Foi uma oportunidade para
acabar com o consumismo exagerado e se planejar para o ajuste financeiro das
famílias”, disse Eriveuto.
Organização pessoal, ajuda além da fé
Apesar
do lamento pelas dificuldades enfrentadas neste ano, os líderes religiosos são
otimistas ao analisarem os desafios para o próximo ano, 2017. Conforme
mencionado pelo pastor Eriveuto Praia, organização financeira é uma das
expressões-chave para o ano que vem.
Esperança
foi outro termo muito mencionado pelos religiosos: “Temos que nos preparar e
planejar como vamos enfrentar, com esperança e de forma positiva. Ter fé e
esperança”, disse Rita, da federação espírita.
Para
Alberto Jorge, da Aratrama, o desafio dos fiéis é buscar o novo olhar, “tender
a buscar Deus, o místico religioso e a sacralidade”, acrescentou.
O
conselho dos líderes religiosos é que se possa viver a própria fé em um
processo de reconstrução espiritual. “Tudo isso para alcançar a verdadeira
felicidade que é Deus”, destacou o padre Charles, da Catedral de Manaus.
Fonte/Foto: Girlene Medeiros/Eraldo Lopes
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