CIENTISTA FAZ ALERTA SOBRE O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DE USINAS NO TAPAJÓS
Menino indígena em passeata pela defesa o rio Tapajós |
- por Sávio Carneiro (*)
Philip Fernside não descarta a hipótese
do projeto ser desarquivado e a reiniciada a construção das usinas
O cientista Philip Fearnside alertou nessa
segunda-feira, 12, que não é impossível desarquivar o processo de construção
das hidrelétricas no São Luiz do Tapajós.
Fearnside, que já escreveu 21 capítulos sobre a
hidrelétrica e é pesquisador titular do Instituto Nacional de Pesquisas da
Amazônia (INPA) em Manaus, falou que o reconhecimento das terras indígena Sawré
Muybu foi um passo importante, no entanto, é bom lembrar que a “declaração” é
apenas a primeira etapa.
Ele disse que é necessário ainda a demarcação
oficial da área pela Funai e a publicação da “homologação” antes da
área ser considerada terra indígena.
A declaração da Funai, segundo o cientista, também
é sujeita ao julgamento de “contestações” que foram submetidas pela Eletrobrás
e mais 7 interessados.
Interesse do agronegócio
Com a entrada do governo de Michel Temer, a bancada
ruralista entregou uma “Pauta Positiva 2016/2017”, pedindo para desfazer
decisões feitas nos últimos meses do governo anterior sobre criação de áreas
indígenas.
As pressões para construir a hidrelétrica são muito
fortes. Além das empreiteiras que fazem obras, a barragem é do interesse não
apenas do setor de energia, mas também do setor de agronegócio.
A hidrovia para transportar soja de Mato Grosso
para portos com acesso ao rio Amazonas é de “tudo ou nada”: ou vai ter todas as
barragens na rota para poder passar pelas diferentes corredeiras, ou a hidrovia
não vai funcionar.
Ele alerta ainda que a família do atual ministro da
Agricultura é o maior produtor de soja no Brasil, com doze propriedades em Mato
Grosso.
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(*) É repórter especial do Blog do Jeso.
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