ARTIGO: NATAL DA (EM) CRISE
- por Lúcio Flávio Pinto (*)
A
percepção pôde ser feita a olho nu: o natal deste ano foi um dos mais fracos de
todos os tempos. Para mim, o campeão negativo que já vi, tanto em valores
materiais quanto em desanimação. Por motivos evidentes, que saltam aos olhos,
agravados pela quadra mais curta e sem feriado, e que são confirmados pelos
números.
As
vendas do varejo supermercadista registraram 7% de queda em dezembro comparado
ao mesmo período de 2015. Produtos típicos da época como carnes natalinas,
panetones e champanhes tiveram redução de vendas.
O
frango foi o produto com maior aumento, na contramão da baixa, de 10%. Mas foi
porque substituiu carnes consumidas tradicionalmente nas ceias de natal, como
peru e fiambre, conforme levantamento realizado pela NeoGrid/Nielsen, que
reuniu informações de mais de 100 redes de varejos de todo o Brasil.
Talvez
por apostar na fantasia e na fuga, quem bebeu no natal deixou de lado a
cerveja, cujo consumo diminuiu 3,3% em relação ao ano passado, e o o champanhe,
que caiu11,7%. Apostou nas bebidas mais fortes, como a cachaça (mais 0,3%), o
uísque (3,3%) e a vodka (mais 7,6%).
Como
disse o poeta W. H. Auden, em época de crise funda-se um bar.
(*) Lúcio Flávio Pinto é jornalista,
e já recebeu quatro prêmios Esso e dois Fenaj, da Federação Nacional dos
Jornalistas. Por seu trabalho em defesa da verdade e contra as injustiças
sociais, recebeu em Roma, em 1997, o prêmio Colombe d’oro per La Pace e, em
2005, o prêmio anual do CPJ (Comittee for Jornalists Protection), de Nova York.


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