POR REJEITOS DE MINÉRIOS, EMPRESA NO PARÁ PODE TER ATIVIDADES SUSPENSAS
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Funcionários da Imerys em Barcarena, Pará |
O alvo é a mineradora Imerys, acusada
de não evitar riscos de vazamentos de rejeitos de minérios
O MPF (Ministério Público Federal)
e o MP (Ministério Público) do Pará enviaram à Semas
(Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade) notificação em que é
recomendada a suspensão das atividades da mineradora Imerys, em Barcarena,
nordeste paraense.
A suspensão deve vigorar até que a Imerys tome
providências para evitar novos vazamentos de rejeitos de minérios, recomenda o
MP. O mais recente vazamento ocorreu em 29 de outubro.
A recomendação foi encaminhada à Semas na
sexta-feira, 25.
Assim que receber o documento, a secretaria terá 3
dias úteis para suspender as atividades da Imerys. Se a suspensão não for
implementada, o MP pode tomar outras providências que considerar cabíveis, e
inclusive levar o caso à Justiça.
Reativação
Atendida a recomendação, são três as providências
necessárias para a reativação dos trabalhos da Imerys em Barcarena.
A primeira é que um representante legal da empresa
se apresente à Semas e informe quais medidas a mineradora irá adotar para
evitar novos vazamentos.
A segunda medida é que a empresa forneça
informações completas sobre as causas e consequências do último vazamento – com
provas da veracidade dessas informações.
Por fim, deve ser realizada auditoria independente
que aponte que a Imerys está apta a operar de maneira segura. E, caso a
auditoria vier a indicar a adoção de medidas consideradas necessárias, é
preciso que a adoção dessas medidas seja comprovada.
O MP recomenda que a auditoria seja realizada em
todas as instalações da mineradora em Barcarena por empresa com padrão de
certificação e aprovada pela Semas.
Informações falsas
Os representantes do MPF e MP destacam na
recomendação que a mineradora “tem se notabilizado por se envolver em desastres
ambientais com inaceitável frequência nos últimos anos, com a presença de
caulim [argila utilizada na indústria cerâmica, de tinta e de papel] em 42% dos
acidentes ambientais registrados”.
Para os membros do MP, esse fato leva à conclusão
de que a Imerys possui sérios problemas operacionais, já que não consegue
garantir um nível minimamente aceitável de segurança em suas atividades.
Além disso, o MP critica a postura da empresa de
prestar informações falsas a autoridades. “Ao se manifestar perante as
autoridades públicas acerca do vazamento ocorrido em 29 de outubro de 2016, a
empresa Imerys, reiterando postura já demonstrada em ocasiões anteriores,
apresentou informações falsas acerca das causas e consequências do vazamento, o
que agrava o problema da falta de confiabilidade acerca das condições de sua
operação”.
Para demonstrar a falsidade das informações
prestadas pela empresa, o MP enviou à Semas, juntamente com a recomendação,
documento com o comparativo entre o que os representantes da Imerys disseram a
instituições públicas e o que peritos do MPF e da Secretaria Municipal de Meio
Ambiente e Desenvolvimento Econômico de Barcarena verificaram no local do
último vazamento.
Histórico
Em 25 de outubro, quatro dias antes do último
vazamento, o MP e o MPF entraram na Justiça com ação que pede a determinação de
providências urgentes para possibilitar que a população de Barcarena tenha
acesso a água potável, tendo em vista pesquisa que apontou contaminação da água
atualmente fornecida.
Na ação o MP registrou indícios de que a
contaminação da água está ligada à série de acidentes ambientais no município,
e apresentou uma lista com alguns dos acidentes tornados públicos.
Os acidentes diretamente ligados à Imerys
apresentados na ação são os seguintes:
2004: vazamento de grande proporção de material
proveniente de bacias de rejeito na Imerys, ocasionando contaminação dos
igarapés Curuperê e Dendê;
2006: novo vazamento de material proveniente de
bacias de rejeito na Imeyrs com nova contaminação dos cursos d’água;
2007: novo acidente ambiental envolvendo rejeito da
empresa Imerys, desta vez de proporção ainda maior, atingindo até mesmo o rio
Pará, o que gerou a assinatura de TAC com o MPPA, além de inquérito policial;
2011: rompimento de duto com efluentes ácidos da
Imerys, atingindo, mais uma vez, os igarapés Curuperê e Dendê;
2012: mais um vazamento de material das bacias de
rejeito da Imerys;
2014: novo vazamento de rejeito da Imerys, o que
chegou a ser objeto de ação cautelar ajuizada pelo MPF e MPPA na Justiça
Federal de Belém, tendo havido posterior assinatura de TAC, que se encontra em
fase de fiscalização do respectivo cumprimento.
Fonte/Foto: Blog do Jeso, com
informações do MPF no Pará
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