O “DIAMANTE NEGRO” É PLANTADO NA AMAZÔNIA E FAZ PROSPERAR IMIGRANTES JAPONESES EM TOMÉ AÇU, NO PARÁ
Campos de golfe, Torneio de sumô, danças típicas orientais,
diálogos em japonês, fazem parte da rotina de um pedaço da Terra do Sol
Nascente na Amazônia
Segundo
Violeta Loureiro, na sua construção da História Social e Econômica da Amazônia,
refere-se que, no ano de 1926, se dirigiu ao Pará um grupo de cientistas
japoneses que tinham como missão localizar áreas nas quais pudessem ser
instaladas colônias agrícolas e, a partir delas, dinamizar a economia através
do desenvolvimento de culturas, assim como de práticas modernas de cultivo. O
resultado do trabalho levou à identificação de áreas no Estado do Amazonas (em
Manacapuru) e no Estado do Pará (Baixo Amazonas, Santarém e Tomé-Açu).
Com
a implantação da Companhia Nipônica de Plantação do Brasil em 1929, chegaram os
primeiros colonos japoneses (42 famílias, num total de 189 pessoas) as mesmas
que, amparadas por certo volume de capital, assim como por uma tradição milenar
na agricultura, foram instaladas na região.
No
início as famílias plantavam arroz e hortaliças, onde encontraram o desafio de
escoar a produção. Diante da floresta ainda inexplorada, muitos desses
imigrantes não resistiram ao clima e à malária. Alguns deles arrumaram as malas
e voltaram ao Japão, descrentes na prosperidade financeira e, principalmente,
nas peculiaridades do local. Em Tomé-Açu, naquela época, a Nantaku (Nambei
Takushoku Kabushiki Kaisha) era o órgão responsável pela orientação desses
imigrantes. Eles não tinham conhecimentos técnicos específicos e simplesmente
eram estimulados a plantar produtos perenes.
Porém,
em 1933, Makinosuke Usui, coordenador de imigrantes da Nantaku, mudou esse
cenário. De uma viagem rápida a Singapura, por conta da doença de um dos
imigrantes, trouxe no navio 20 mudas de pimenta-do-reino. Resolveu plantá-las
em Tomé-Açu, que àquela altura ingressava numa maré de declínio com os limites
para concessão gratuita de terreno de plantação, bem como da entrada de
imigrantes no país. Das mudas trazidas por Usui apenas duas sobreviveram. Com o
tempo, muitos japoneses foram plantando a especiaria. Nas décadas seguintes,
até o fim dos anos 60, Tomé-Açu conheceu a bonança da pimenta-do-reino, agora
batizada de “diamante negro” da Amazônia. Nesse período, o município tornou-se
o maior produtor mundial da especiaria, com o cultivo de cerca de cinco mil
toneladas por ano. Abasteceu o mercado nacional, além do
exterior;
mesmo com o declínio dessa agricultura, Tomé-Açu continua hoje no alto do pódio
de maior produtor de pimenta-do-reino do Brasil. Atualmente, a pimenta-do-reino
é exportada pela Camta para Alemanha, Estados Unidos, Japão, Argentina, Holanda
e França. No ano passado, foram exportadas 850 toneladas com uma injeção de
R$
6 milhões na economia local. Além de Tomé-Açu, há produtores em Paragominas,
Ipixuna, Santa Izabel, Santo Antônio do Tauá, Santa Maria e outros.
Mesmo
suas plantações sendo atacadas pela fusariose, na década de 70, os japoneses
não desistiram da pimenta-do-reino, combateram a doença, mas isso abriu
oportunidades para os imigrantes japoneses começarem o cultivo de outras
culturas tropicais, como a açaí, também chamado de "diamante negro",
onde o Pará se destaca como principal produtor da fruta. O crescimento das
exportações do açaí foi de tal forma que chegou a despertar atenção de grandes
jornais como o francês “Le Monde” e o norte-americano “The New York Times”.
Através
dos japoneses a região também se transformou na maior produtora brasileira de
acerola do Brasil. Sendo na região do nordeste paraense a principal referência.
Também
pela decadência da pimenta-do-reino por causa da fusariose, na década de 70 os
imigrantes japoneses começaram a plantar cacau, que ganhou destaque e fez de
Tomé-Açu o 6º maior produtor do estado. Sendo que quase 100% de todo o cacau
produzido em Tomé-Açu segue o Sistema Agroflorestal, o SAF, tornando Tomé-Açu
referência internacional em agricultura sustentável. Desde 2008 os agricultores
nikkeis de Tomé-Açu produzem o cacau fino de qualidade tão alta quanto ao
produzido na Venezuela.
Moram
hoje em Tomé-Açu 274 famílias de japoneses. A última chegou em 1978. "A
colônia deu certo porque ficou aqui sessenta anos e se manteve muito
unida", diz Tsonoda. A associação cultural fornece 800 fitas de vídeo
japonesas para a comunidade (tem até vídeo erótico), promove festas e
administra a escola de língua japonesa, com nove professores. Na comunidade
nipônica de Tomé-Açu não existe um analfabeto sequer. Nem todos sabem ler e
escrever em português. Mas todos sabem japonês.
Fonte/Fotos: Revista Via Amazônia/Divulgação,
internet
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