ESQUARTEJADAS PARA VENDA: NO PARÁ, MORTE DE 19 ONÇAS PARA TRÁFICO CAUSA CHOQUE
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| Envolvidos na operação ficaram espantados com material achado |
A
descoberta de 19 onças mortas e esquartejadas em um freezer na cidade de
Curionópolis, no Pará, causou choque até para quem está acostumado a apreensões
do tipo. Os animais foram encontrados na semana passada, mas a gravidade do
caso só foi percebida na última terça (30), após perícia. Segundo o Ibama, é a
maior quantidade de felinos caçados no Brasil achados em uma operação desde que
o órgão foi criado, em 1989.
A
apreensão ocorreu na sexta da última semana (26), em uma operação da polícia
local para apurar a venda de armas após uma denúncia. No local, além da
fabricação e venda de armas, se depararam com animais abatidos, carcaças e aves
em gaiolas. O número de animais, segundo investigadores, é maior do que o
esperado para uma apreensão de onças abatidas para proteção por fazendeiros.
No
total, foram 27 os animais encontrados: sete aves vivas (três bicudos, um
curió, um azulão-da-Amazônia e dois canários-da-terra), um crânio de jacaré e
no mínimo 19 felinos (uma jaguatirica, duas onças-pardas e 16 onças-pintadas).
O número pode ser até maior, já que foram encontradas diversas partes dos
felinos - cinco cabeças de onças-pintadas e uma de onça-preta, 25 patas de
felinos e outras carcaças.
"Até
para nós que estamos acostumados foi muito chocante. Esquartejar o animal,
conservar a cabeça, tem todo um sentimento de crueldade. Extrapola muito o que
a gente está acostumado. É uma situação de violência bárbara", disse
Frederico Drumond, analista ambiental do ICMBio (Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversiade) e chefe da floresta nacional dos Carajás.
Três presos; dois já liberados
Junto
ao material encontrado, três pessoas foram presas em flagrante. Segundo o
ICMBio, duas pagaram fiança e foram liberadas na segunda-feira (29), apesar do
choque causado pelo crime. Há o temor, contudo, de que o responsável não seja
condenado. A esperança é que o fato de armas terem sido encontrados no local
seja suficiente para a prisão.
"O
que a gente tem é uma expectativa de que pelo menos um dos envolvidos fique
preso. Porque além da questão dos animais existe a questão das armas. Por causa
dos animais é difícil manter a prisão. A lei ambiental neste aspecto é muito
frágil. Na prática é difícil de sustentar
a
prisão por crime contra a fauna, por mais estarrecedor e chocante que seja a
situação", afirmou Drumond.
Segundo
o Ibama, o caçador apontado como responsável pelo local recebeu R$ 494 mil de
multa. Três autos de infração totalizam R$ 460 mil por matar, mutilar e manter
animais silvestres em depósito. A apreensão de sete aves silvestres no local
resultou na aplicação de mais uma multa no valor de R$ 34 mil.
Pelo
número e pela forma como foram encontrados, a investigação aponta para tráfico
ilegal de animais. O UOL tentou, sem sucesso, contato com a delegacia de
Curionópolis e de Parauapebas, onde o crime foi lavrado, com a Polícia Civil do
Pará e com a Secretaria de Segurança Pública do Estado durante a noite da
última sexta. A assessoria da Polícia Militar afirmou que a acusação é de
responsabilidade a partir de agora da Civil.
O
ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, soltou nota à imprensa em que se disse
"chocado" com o crime.
"Estou chocado com as imagens divulgadas. O tráfico de
animais silvestres é um crime que atinge a cada um de nós, pois fere nosso
direito a um meio ambiente equilibrado. O perigo de extinção da onça pintada
aponta, de forma dramática, para a necessidade urgente de aumentarmos, em
quantidade e qualidade, a proteção de nossa biodiversidade. O Ministério do
Meio Ambiente entende que essa proteção passa, necessariamente, pelo
fortalecimento da estrutura de fiscalização do Ibama e do ICMbio, e pela
conscientização, através da educação ambiental."
Fonte/Foto: Gabriel Francisco Ribeiro, do
UOL, em São Paulo


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