ELEIÇÕES NAS REDES - CANDIDATOS A PREFEITO DE MANAUS ESPERAM ‘GUERRILHA’ NA INTERNET
A campanha só começa no dia 16, mas os primeiros ataques virtuais já fizeram as primeiras vítimas, dando o tom do que esperar na campanha |
Na campanha mais “online” da história, candidatos vão usar redes
sociais para fazer campanha e se defender de ataques
Com
o calendário eleitoral reduzido e a vedação do financiamento privado de
campanha, os candidatos voltarão seus olhos para uma forma de comunicação
bastante próxima do público e bem mais barata se comparada às demais: as redes
sociais.
No
entanto, as redes também abrirão mais um canal para que os políticos sofram
ataques pessoais e sejam vítimas de fraudes, o chamado “marketing sujo”, tal
como os realizados contra Marcelo Ramos (PR), candidato a prefeito pelo PR, e
Marcos Rotta (PMDB), candidato a vice-prefeito na chapa de Artur Neto (PSDB).
Marcelo,
especificamente, teve uma boa exposição na web durante a última campanha para o
Governo do Estado, e disse apostar na continuidade de um uso criativo das novas
ferramentas.
“Vamos
usar muito o ao vivo do Facebook, que é um instrumento novo e que tem dado
certo. Recentemente, fizemos um durante um evento que travou os acessos da
nossa página. Isso mostra que as pessoas estão interessadas no que temos a
dizer porque são coisas que mudam a vida delas”, disse o candidato.
Ele
explicou que um ataque virtual recentemente invadiu os computadores e o sistema
de câmeras da sede do PR em Manaus, conduta que ele considera “desleal e
covarde”. “Esperamos que nosso adversário tenha juízo e aceite a nossa boa
provocação. De resto, vamos ingressar contra ações tanto na esfera cível quanto
na criminal contra os responsáveis”, afirmou.
Henrique
Oliveira, candidato pelo SDD, também obteve destaque na sua campanha municipal
em 2012 por conta de suas propagandas bem-humoradas, o que ele sinaliza que
deve retornar esse ano (um vídeo viral do candidato que remete à série
americana “Stranger Things” já está circulando na web).
Ele
comentou que pretende relembrar sua campanha de 2012 por contas das propostas
serem as mesmas. “Nada foi feito, mesmo depois da última eleição, em que apoiei
Artur [Neto]. José Ricardo, candidato do PT, partido historicamente ligado a
movimentos populares, também reforçou que usará as redes, vendo isso como uma
tendência geral. “Acredito que é um instrumento barato, simples e direto para
você conversar”, disse o político, afirmando que ofensas pessoais serão
tratadas nos termos legais vigentes.
Da
mesma forma, a campanha do candidato à reeleição Artur Neto também deverá encaminhar
casos de ataques para seu setor jurídico responsável, deixando a comunicação
com conteúdo afirmativo. De acordo com a coordenadora de mídias sociais da
campanha do tucano, Chrys Braga, ultimamente tanto a equipe quanto o prefeito
tem se colocado em peso nas redes para responder aos eleitores sobre a polêmica
aliança entre ele e Marcos Rotta, fechada às pressas na semana passada.
Além
da interação com o público, ela disse que campanha deverá se fortificar no
Facebook e no Whatsapp.
Marketing sujo
Todos
os candidatos se preparam para o chamado “marketing sujo”. Segundo o cientista
social Carlos Santiago, normalmente, as campanhas se dividem em três fases
claras: a primeira, em que há uma construção de imagem por parte do candidato;
a segunda, em que ele diz como propõe resolver os problemas da cidade; e a
terceira, em que começam as comparações entre candidatos e a desconstrução das
imagens de uns em função de outros. É neste último que o marketing sujo
floresce.
Para
Carlos, a redução do tempo de campanha inspirou uma fase de desconstrução
adiantada. “Me parece que as pessoas que estão pensando as campanhas este ano
estão trabalhando isso mais cedo, mas elas precisam atentar para o fato de que
a sociedade brasileira é sensível à pessoa que recebe muitos ataques”,
ponderou.
Para
o analista político Afrânio Soares, o marketing sujo “não pode ser exatamente
chamado de marketing” e só se potencializou com as redes sociais. “Ele já
existia antes, mas hoje é muito mais fácil de fazer. É muito mais fácil você
forjar um print do que uma montagem em um áudio ou um vídeo. Além do mais, é
difícil punir legalmente quem fez, mas você nota que a intenção do responsável
do caso do Rotta, não entrou nos aspectos legais, e sim nos morais”, disse.
Sujeira eleitoral é tradição no Estado
As
últimas campanhas locais tiveram sua dose de marketing sujo, com alguns casos
particularmente notáveis. Na corrida pela prefeitura em 2004, a médica Maria
Soraya veio a público dizer que tinha um filho com o então candidato (e pré-candidato
este ano) Serafim Corrêa (PSB), que teria concebido a criança em um caso
extraconjugal. O fator escândalo, ao invés de beneficiar o principal adversário
de Serafim Corrêa nas urnas naquela eleição, Amazonino Mendes (PDT), acabou
turbinando a eventual vitória quando a médica não provou a acusação.
Nas
eleições para governo em 2006, Eduardo Braga (PMDB) foi alvo de uma denúncia
gravada em um DVD, que alegava que ele chefiava uma “quadrilha” dentro do
governo. O conteúdo havia sido gravado por Renata Barros, mulher do empresário
Ney Barros, dono de uma cadeia de distribuidoras de combustíveis, que ela dizia
ser “laranja” de Braga e cujas empresas eram usadas em esquemas fraudulentos
pelo peemedebista.
O
cientista social Carlos Santiago apontou, no entanto, que fatos verídicos
também podem ser usados para denegrir um candidato. “Você deve lembrar quando o
ex-prefeito Amazonino foi gravado mandando uma mulher morrer. Foi mentira? Não,
mas foi bem utilizado para causar bastante desgaste à imagem dele, o que acabou
prejudicando sua campanha”, disse, remomorando o caso do bate-boca que o
ex-prefeito teve com desabrigados, que acabou viralizando nas redes sociais.
Blog: Careen Fernandes, juíza eleitoral
Temos
diversos focos de recebimento de informação, seja pela população em geral,
pelos órgãos parceiros, como o Ministério Público, seja pelas partes
interessadas, como partidos e coligações. Eles atuam como fiscais uns dos
outros. É importante lembrar que a propaganda online está sujeita às
especificidades legais como qualquer outra. Com relação à propaganda nas redes
sociais é muito fácil. Um candidato fiscaliza o outro. A partir do momento em
que a campanha for autorizada tudo que for de irregularidade um vai trazer em
relação ao outro. A partir do dia 16, na internet só não vai poder fazer
matéria paga, patrocinada. E vai ter as restrições que têm em relação à
propaganda normal. Quando for fazer propaganda na internet tem que atender
especificações da propaganda, apresentar as exigências de citar a coligação e
partido.
Condutas vedadas neste ano
Propagandas
em sites de pessoas jurídicas, com ou sem fins lucrativos, são proibidas;Sites
oficiais ou hospedados por órgãos ou entidades da Administração direta ou
indireta de qualquer ente federativo também não podem veicular propaganda. Essa
violação pode gerar uma multa de R$ 5 mil a R$ 30 mil.
A
veiculação de propaganda anônima ou atribuída a terceiro sem o prévio
conhecimento deste é proibida Propaganda por grupos de Whatsapp ou por envios
massivos de SMS são permitidas, conquanto não sejam custeadas pela gestão
pública e permitam que o destinatário cancele seu recebimento em até 48h. A
multa, nesse caso, é de R$ 100 por mensagem enviada. A venda, utilização,
doação ou cessão de cadastro eletrônico em favor de candidatos, partidos ou
coligações está proibida, bem como qualquer tipo de propaganda eleitoral via
telemarketing;
Comprar
ou vender banco de dados eletrônicos e se manifestar de forma anônima nas redes
sociais;É possível transmitir comícios ao vivo, participar de debates,
entrevistas, se manifestar contra ou a favor de alguma medida e postar vídeos
específicos falando sobre o plano de governo e demais propostas.
Fonte/Foto: Lucas Jardim – A Critica
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