CRISE DESESTIMULA A REELEIÇÃO DE CANDIDATOS NO PARÁ
No Pará, só 62,5% dos aptos pretendem continuar no cargo, segundo
a CNM
A
crise aguda nas prefeituras se reflete diretamente na quantidade de gestores
municipais dispostos a tentar a reeleição. Este ano, somente 2.768 prefeitos
brasileiros (68,79% dos elegíveis) pretendem participar do pleito. No Pará, por
exemplo, é onde está uma das menores proporções do País, com média de duas
desistências a cada cinco prefeitos aptos a tentar um segundo mandato.
Em
números, são 104 prefeitos no Estado em condições de concorrer à reeleição.
Desses, apenas 65 gestores municipais em primeiro mandato, ou 62,50% do total,
vão desafiar as urnas em busca de mais quatro anos de mandato. Apenas Roraima
(60%), Santa Catariana (60,41%) e o Rio Grande do Sul (60,48%) apresentam
percentuais inferiores.
Esse
é o mais baixo índice desde 2008, quando a quantidade de prefeitos que se
candidataram à reeleição foi de quase 80%. Dentre os principais motivos
citados, está a dificuldade de gerir a máquina pública. O levantamento foi
produzido pela Confederação Nacional de Municípios (CNM) com o intuito de fazer
um retrato da intenção dos gestores municipais em permanecer no cargo no
próximo ano.
Em
todo o País, 4.024 dos 5.568 prefeitos existentes estão aptos a disputar a
reeleição, conforme previsto pela Emenda Constitucional (EC) 16/1997. A CNM
entrou em contato com esses gestores, por meio de telefone. Segundo aponta o
material, do grupo de gestores aptos à reeleição, apenas 2.768 consideram essa
possibilidade. Por outro lado, 937 prefeitos já adiantaram que não pretendem
participar do pleito deste ano, sendo dez deles do Pará.
Um
grupo de 72 gestores ainda está indeciso quanto à candidatura (apenas um
prefeito paraense) e outros 247 a entidade municipalista não conseguiu contatar
(28 do Pará). Quando perguntados sobre os motivos para abrir mão do direito de
disputar um novo mandato, os prefeitos elencaram em primeiro lugar as
dificuldades de gestão. O item foi mencionado por 35,4% dos 937 entrevistados.
A falta de interesse em permanecer à frente do Município também chama a
atenção, com 19% das menções.
“Esses
motivos servem de alerta não apenas para as autoridades, como para toda a
sociedade brasileira. A CNM reforça que, independente de quem assuma o governo,
os entraves na administração municipal irão continuar”, avalia o estudo.
No
comparativo por Estado, a pesquisa avaliou ainda a relação entre o número de
prefeitos existentes e aqueles aptos à reeleição. O Amapá desponta com a maior
possibilidade de reeleições (93,75%), seguido pelo Acre (81,82%) e o Mato
Grosso (77,22%). Já os menores percentuais aparecem em Alagoas (63,73%) e
Roraima (66,67%). No Pará, essa proporção é de 72,22%.
Na
contramão desse cenário, o maior percentual de desistências para concorrer ao
pleito deste ano foi registrado no Rio Grande do Sul (39,22%). Enquanto isso,
em Roraima, há apenas uma desistência de candidatura. Os dados apontam que a
chance de reeleição é mais frequente nos Estados das regiões Norte e Nordeste,
enquanto que no Sudeste e Sul do País há uma resistência maior dos gestores em
concorrer novamente. Dentre as razões, a entidade pontua a familiaridade das
regiões Norte e Nordeste em gerir com poucos recursos.
VISÃO
Uma
análise dos últimos pleitos revela queda acentuada no número de gestores
participantes nas eleições deste ano. Em 2000, por exemplo, 62% dos prefeitos
elegíveis pretendiam se candidatar novamente. Esse percentual sobe para 63,3%
em 2004, atingindo o seu auge no pleito de 2008, com 76,9% das intenções de
reeleição.
A
partir deste ano, o percentual vem caindo drasticamente, 73,23% em 2012, até
chegar em 68,79% em 2016. “A redução no número de candidatos é mais um forte
indicativo da crise que assola os Municípios brasileiros”, alerta a CNM.
Fonte/Foto: O Liberal/Agência Brasil
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