CANDIDATOS MILIONÁRIOS DISPUTAM PREFEITURAS MUNICÍPIOS NO INTERIOR DO AM
Corrida eleitoral nos municípios do Amazonas reúne um time de
candidatos a prefeito com patrimônio na casa dos R$ 2 milhões
Conhecidos
historicamente pela dependência econômica dos repasses constitucionais, os
municípios do interior do Amazonas expõem, na eleição deste ano, um cenário
contraditório no que diz respeito aos aspirantes ao cargo de prefeito. As chapas majoritárias abrigam de detentores de patrimônio milionário,
ex-prefeitos que empobreceram, a um time de mais de 20 aspirantes ao posto que informaram à
Justiça Eleitoral serem paupérrimos, desprovidos de bens.
No
ranking dos candidatos mais ricos dos 61 municipios do interior, Paulo Freire
(PT), que quer comandar a prefeitura de Manacapuru pela segunda fez, ocupa a
primeira colocação. Ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) informou ser
proprietário de uma fortuna avaliada em R$ 28,5 milhões. A cifra o coloca como
o candidato majoritário mais rico do Amazonas. O pecuarista é dono de 4.187
cabeças de gado nelore no valor de R$ 4,8 milhões. Também possui duas fazendas
em Roraima. Uma, avaliada em R$ 10 milhões, no km 440 da BR-174, no município
de Rorainópolis (RR). Outra de R$ 6 milhões, no km 63 da BR-401, no município
de Bonfim (RR).
O
ex-prefeito, que se afastou do cargo em 1987 para assumir o posto de secretário
estadual de Produção Rural, e foi eleito
deputado estadual em 1998, também têm
entre seus pertences outra gleba de terras
em Roraima avaliada em R$ 6 milhões e outros quatro imóveis rurais, no
mesmo Estado, no valor total de R$ 600 mil. É proprietário de uma mansão na
travessa Paraíba, bairro Adrianopólis, com valor estimado em R$ 2,5 milhões, e de uma lista de veículos
que inclui caminhões, tratores, escavadeiras e carros de passeio.
Evolução
Com
patrimônio mais modesto, o prefeito de
Uarini (a 568 quilômetros de Manaus), Francisco Togo Soares (PMDB) está na
segunda posição entre os candidatos mais abastados dos beiradões do Amazonas.
Sua relação de bens foi avaliada em R$ 3,6 milhões. Quatro vezes maior do que
os R$ 759 mil declarados em 2012. De acordo com dados inseridos no site do TSE
pelo próprio candidato, o prefeito é detentor de 80% das cotas de capital social
da empresa F T Soares no valor de R$ 2,5 milhões, de um lote de terras na zona
rural do município, de R$ 153,8 mil, dois barcos de madeira, de R$ 32,1 mil,
uma casa de R$ 110,8 mil, no bairro Adrianópolis, e um jazigo duplo no
cemitério Parque Tarumã em Manaus, de R$ 2,1 mil.
Empatados
na terceira colocação entre os candidatos com patrimônio milionário,
figuram Normando Bessa de Sá (PMN),
candidato em Tefé (a 525 quilômetros de Manaus), e o prefeito Neilson
Cavalcante (PSB), de Presidente Figueiredo (a 107 quilômetros da capital).
Possuem bens no valor total de R$ 2,3 milhões, cada. A lista de posses de
Neilson, que é empresário, deu um salto de R$ 1 milhão quando comparada ao que
foi informado à Justiça Eleitoral na campanha de 2012 (R$ 1,3 milhão). Os itens
de maior valor são quotas no capital da firma Santa Thereza, de R$ 562,5 mil;
saldo em VGBL de R$ 656,6 mil e R$ 304,2 mil; e R$ 150 mil em dinheiro
vivo. A fortuna de Normando é quase toda
composta de imóveis. A maioria em Tefé.
A
quarta posição entre os prefeituráveis mais ricos do interior do Amazonas é do candidato Silva (SD), de Novo Aripuanã
(a 225 quilômetros de Manaus) com bens de R$ 2,2 milhões. A quinta é dividida entre Magalhães, de Coari (a 370
quilômetros de Manaus) e Rubem Barbosa (Pros), de Alvarães (a 538 quilômetros
da capital). Prefeito desde abril do ano
passado com a cassação do antecessor, Adail Pinheiro, o empresário Magalhães
declarou ser detentor de R$ 2 milhões, quase 60% se refere à participação em uma empresa que leva o seu
nome. Há quatro anos, a lista somava R$ 548 mil (não constava a empresa). Na
página do TSE, Normando, professor do
ensino médio, ostenta R$ 2 milhões em propriedades.
Além
dos candidatos com patrimônio na casa dos R$ 2 milhões, existem outros
15 nos municípios do interior do Estado com bens em torno de R$ 1
milhão. Em Manaus, o candidato a prefeito mais rico é o deputado federal Silas
Câmara (PRB) com R$ 2,7 milhões
declarados.
Fortuna contrasta com renda do eleitor
A
fortuna declarada pelos candidatos a prefeito contrasta com a situação
socioeconômica da população dos
municípios que querem governar. Em Manacapuru, por exemplo, a renda média da
população é de R$ 402,53. Cifra que coloca a cidade na 3.473ª posição nacional
e na 8ª estadual, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE).
Em
Coari, a renda mensal média da população é menor ainda. Soma R$ 388,23. O que
coloca o município na 3.579ª colocação no ranking nacional e 9ª no estadual. Tefé
apresenta indicador um pouco mais
elevado. Tem renda mensal de R$ 463,28. A 3.125ª posição do País e a 3ª do
Estado. Presidente Figueiredo é a 2ª colocada no Amazonas nesse quesito e a
2.723ª do Brasil. Possui renda mensal de R$ 523,67.
No
município de Alvarães, os habitantes possuem renda média de R$ 249,45. Marca
entre as piores do País, onde ostenta a 5.187ª colocação. E a 46ª do Estado. Um
pouco abaixo de Uarini, onde o rendimento mensal médio é de R$ 250,09. A 5.178ª
posição nacional e a 45ª entre os municípios do Amazonas.
Ex-prefeitos na lista dos sem bens
Dos
255 candidatos a prefeito do interior do Amazonas, 21 zeraram a declaração de
bens apresentadas à Justiça Eleitoral. O grupo dos cabeça de chapa sem
bens inclui políticos que já comandaram
os municípios.
É
o caso do ex-prefeito de Maués Odivaldo
Miguel Paiva, o Belexo (PMDB). No site do TSE, o campo destinado ao patrimônio
dele traz os dizeres: “nenhum bem cadastrado”. Essa informação também consta
dos pedidos de candidatura do ex-prefeito de Presidente Figuereido Romeiro
Mendonça (PDT). E do ex-prefeito de Rio
Preto da Eva Anderson Souza (Pros).
Segundo
declaração prestada ao TSE, o ex-prefeito de Manacapuru Angelus Figueira (PP)
empobreceu ao longo de sua careira política. Quatro vezes prefeito, em 2006
quando disputou uma vaga de deputado estadual possuía patrimônio de R$ 1,5
milhão (dentre eles, três fazendas e dois apartamentos). Dois anos depois
quando concorreu à Prefeitura do município (2012) declarou R$ 567,7 mil. E hoje
sua lista de bens se resume a um veículo Golf, ano 2008, avaliado em R$ 67,7
mil.
Blog: Leland Barroso, Especialista em direito eleitoral
“A
Justiça Eleitoral só vai verificar a
declaração de bens quando o candidato
prestar contas da campanha. Entre os documentos vem a declaração
de imposto de renda. A Justiça Eleitoral não vai investigar se o
candidato tem realmente os bens que
informou. Toma como verdade a declaração. Mas pode, no julgamento das contas,
se houver alguma irregularidade, pedir da Fazenda Nacional ajuda, como a quebra
de sigilo fiscal. Nesse momento do registro não tem consequência se,
eventualmente, o candidato mentiu ou não sobre os seus bens. Só vai ser julgado
se ele preenche as condições de elegibilidade. Contudo, o Ministério Público pode fazer
representação se encontrar indícios de crime como a prestação de
informação falsa. A princípio, colocar bens em nome de terceiros não é crime
eleitoral. Porém, para a Justiça comum, pode configurar sonegação ou ocultação de bens.
Fonte/Arte: Aristide Furtado - A Critica/Tiago
Rocha

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