ARTIGO: O PODER DE JATENE
- por Lúcio Flávio Pinto (*)
Que
tal aumentar em 50% o Produto Interno Bruto atual do Pará ao longo dos próximos
15 anos, acrescentando 76 bilhões de reais aos R$ 140 bilhões do PIB previsto
para este ano? É nada menos o que se
propõe o programa Pará 2030, que o governador Simão Jatene pretende deixar para
o seu sucessor implantar.
Pode
não parecer, mas o plano começou a sua existência no ano passado, com todo o
foguetório que a sua pretensão exige. Não deve ser por mera coincidência que o
coordenador dessa criatura é Adnan Demachki, ex-prefeito de Paragominas e chefe
da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia do Estado.
Dentro
do governo tucano, ele é considerado o preferido por Jatene para ser seu
candidato em 2018, mantendo o PSDB no poder e deixando espaço para Jatene
continuar a influir sobre o Estado e sair candidato a senador ou a qualquer
outro cargo importante – quem sabe, de novo, governador?
Além
das suas pretensões de grandeza, o programa (ou plano?) conta com a parceira da
McKinsey, consultoria empresarial especializada em projetos estratégicos, e do
Instituto Dialog, do Rio de Janeiro.
Tudo
gente de fora, talvez para por em prática um projeto fechado de poder, bem ao
estilo do PSDB, para só apresentá-lo publicamente como ele é no momento de
obter os resultados – os votos que elegerão o próximo governador, é claro. Para
um projeto maior: o poder com os tucanos por mais de 20 anos no Pará.
CIRCUITO
FECHADO
O
leitor Bernard fez observações interessantes, que merecem ser destacadas para
atrair a devida atenção dos demais, com um recado a quem interessar possa.
Relatou
Bernard:
O
Jatene já tem dado sinais, faz tempo, de que o seu próximo candidato (no que
depender dele) será o Adnan. E este Pará 2030 já é o começo da campanha. São
tantas ações em tantos eixos, que das duas uma: Perderá o foco em breve, ou
será um marco para o Estado.
Por
enquanto quem vai muito bem é o Instituto Dialog, que tem recebido muito bem
por este projeto. Seus consultores ficam nos melhores hotéis da cidade e
retornam todos os finais de semana para o Rio de Janeiro.
E
o pior é que este mesmo estado reclama (e com razão) das multinacionais
trazerem técnicos de fora. Deveria pelo menos ser exemplo; Será que as
universidades e a gestão pública do estado não possuem técnicos competentes
para traçar o rumo dos próximos anos? Precisa mesmo de uma “Cariocada” que já
chega aqui pensando só no cheque e na hora de ir embora?
- (*) Lúcio Flávio Pinto
é jornalista profissional desde 1966. Percorreu as redações de algumas das
principais publicações da imprensa brasileira. Durante 18 anos foi repórter em
O Estado de S. Paulo. Em 1988 deixou a grande imprensa. Dedicou-se ao Jornal
Pessoal, newsletter quinzenal que escreve sozinho desde 1987, baseada em Belém.


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