AINDA SOBRE OS ZO’É
Ontem,
em operação conjunta da Funai, Ibama, Polícia Federal, Instituto de
Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-bio) e Secretaria de
Segurança do Pará, autorizada pela Justiça federal e a pedido do Ministério
Público Federal, oito pessoas foram presas e um garimpo fechado nas
proximidades da Terra Indígena Zo'é, em Oriximiná, no oeste do Pará, na chamada
Zona Intangível das Florestas Estaduais Trombetas e Paru, uma área de
amortecimento em volta da Terra Indígena criada em 2008 para evitar a
contaminação dos índios e que não pode receber qualquer tipo de exploração
econômica.
Em
2006, dois anos antes de ser criada a área protegida, a presença de madeireiros
provocou a contaminação de 80% da população dos Zo'é, que hoje é de quase 300
pessoas. Agora, os garimpos ilegais são a maior ameaça.
O
garimpo foi descoberto em março deste ano, durante operação semelhante, quando três garimpeiros
foram presos. Um deles revelou da existência do segundo garimpo. De acordo com
a Funai, os garimpeiros presos em março e ontem já ameaçaram tanto índios
quanto servidores da Fundação. Eles circulavam armados pela região e utilizavam
barcos para chegar ao local da extração de ouro. O garimpo estava em um local
de difícil acesso, encoberto pela copa das árvores, o que atrasou a localização
da área.
O
procurador da República Camões Boaventura, que solicitou a operação conjunta,
também requereu o cancelamento de um pedido de lavra feito ao Departamento
Nacional de Produção Mineral (DNPM) dentro da Zona Intangível, em nome de
Gonçalo Ferreira Lima Neto.
A
TI Zo´é foi homologada em 2009 com pouco mais de 668 mil hectares. Os Zo´é
habitam uma faixa de terra firme, cortada por pequenos igarapés afluentes de
dois grandes rios, o Cuminapanema e o Erepecuru, em Oriximiná, numa região
montanhosa de grandes castanhais. A área habitada corresponde à uma zona de
"refúgio", onde os Zo'é mantiveram-se isolados dos brancos, que
conheciam através de contatos intermitentes há várias décadas, e de outros
povos indígenas vizinhos, que consideram inimigos. Os Zo'é aceitaram a
convivência pacífica com os brancos em 1987. Quatro anos depois, morreram cerca
de 45 indivíduos, por epidemias de malária e gripe. Em 1991 eles eram 133. Hoje
vivem um processo de recuperação demográfica.
Fonte/Foto: Franssinete Florenzano/Serge
Guiraud
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