MÚSICA AMAZONENSE PERDE A VOZ E O BRILHO DE AMÍLCAR AZEVEDO


Amílcar tinha trajetória de mais de 30 anos de carreira

Cantor e compositor faleceu na manhã deste domingo, aos 56 anos, vítima de câncer
A música amazonense está de luto. Faleceu, na manhã deste domingo, aos 56 anos, Amílcar Azevedo, um dos artistas mais conhecidos da noite manauara. Ele estava internado há cerca de três semanas, com câncer, e faleceu no Hospital Rio Negro, mas o processo, de acordo com Rubelmar de Azevedo Filho, irmão do cantor e compositor, começou há cerca de 40 dias. "Foi tudo muito rápido", resumiu, sem dar maiores detalhes. O velório do artista será realizado no Salão Solimões, anexo ao Palácio Rio Negro, a partir das 19h.
Nascido em Boa Vista (RR), mas morador de Manaus desde os 3 anos, quando a família se mudou para a cidade, Amílcar gravou dois CDs em seus mais de 30 anos de carreira. Sua trajetória incluiu shows e temporadas marcantes em grandes casas noturnas da cidade, como o Clube Municipal e o Zero Grau. Do samba ao bolero, passando pela MPB, esbanjava talento com sua voz poderosa e vigor na interpretação de canções eternizadas nas vozes de grandes nomes da música nacional.
"Quando ele (Amílcar) estava saindo do Exército, participou do programa de calouros do Flávio Cavalcanti. Foi no início dos anos 1980. Teve nota 10, inclusive, do maestro Caçulinha, à época. Só não disputou em nível nacional por falta de patrocinador, porque foi único a receber nota máxima de todos os jurados, provavelmente iria ganhar", lembrou Rubelmar, ressaltando que o irmão interpretou, na competição, a música 'Sangrando', de Gonzaguinha, a "predileta" de Amílcar.
Uma de suas últimas grandes produções foi o show ‘Nervos de Aço’, no qual interpretava canções do gaúcho Lupicínio Rodrigues. Segundo Rubelmar, estava nos planos de Amílcar o lançamento de um novo álbum e a gravação de um DVD. "Mas, infelizmente, Deus ganhou e o levou lá para cima. Ele deverá fazer parte, agora, do coral celestial, com certeza. Pessoa de um coração muito bom. Não fumava, não bebia. Nossa família está de coração partido. Éramos nove irmãos, oito agora", informou.
O secretário de Estado da Cultura, Robério Braga, lamentou a morte de Amílcar. “Infelizmente, perdemos. É um vazio muito grande que fica”, afirmou, ressaltando que a secretaria acompanhou de perto o quadro de saúde do artista nas últimas semanas. Robério destacou a versatilidade de Amílcar, que era capaz de encantar grandes multidões ou fazer shows intimistas com o mesmo brilhantismo. “Ele sabia mexer com a grande massa, como fazia nos shows no Clube Municipal, e também sabia encantar um público no Teatro Amazonas, ou em bares. Ele nunca se recusava a emprestar sua voz para grandes ou pequenos shows”, comentou Robério.
Para o secretário, Amílcar deixa um vazio, também, na discussão de políticas culturais. “A morte dele causa um impacto grande, porque além de artista ele era muito participativo na discussão de políticas públicas de cultura. Era sempre presente, um rapaz muito educado, afável e humilde. Era um grande profissional e alguém de ótima convivência”, disse Robério.
Meio musical de luto
Por telefone, Ellen Mendonça revelou ter perdido uma referência como pessoa e como artista. "Achava que o artista tinha que se qualificar, ser bom no palco, tinha que, realmente, dar ao público o que tinha de melhor. Por isso, ele sempre foi impecável, no palco", avaliou. Já Serginho Queiroz relembrou a "voz de timbre marcante e a interpretação perfeita".  "Fizemos vários shows juntos, aqui em Manaus. Nossa relação foi profissional, mas de muita alegria", disse.
Parceira de Amílcar no musical 'Nervos de Aço', Lucilene Castro se manifestou via Facebook. “Meu amigo querido, meu ídolo, meu parceiro de palco, como sentirei sua falta. Não terei mais aquelas conversas sobre música, viagens, política e outras cositas más. Vá em paz e alegre o povo no céu. Te amo!”. Ludi Sousa, outro nome conhecido da música local, exaltou o colega, também via redes sociais. "Muito me entristeceu a notícia da perda desse grande artista Amílcar Azevedo. Que Deus possa recebê-lo em seus braços. Nossa música está de luto", lamentou.

Fonte/Foto: Lennon Jorge e Dante Graça - portal@d24am.com/Acervo

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