MOVIMENTO POPULAR REALIZA ATO EM DEFESA DO FESTIVAL DE PARINTINS




Um grupo de artistas, associados e torcedores dos bumbás Caprichoso e Garantido tomaram a iniciativa de promover um ato em defesa do Festival Folclórico de Parintins, por conta das últimas investidas do Governo do Estado em tentar reduzir os recursos financeiros como incentivo à produção artística para a apresentação nas três notes de espetáculo na arena do Bumbódromo.
A mobilização contra a política de desvalorização da maior manifestação popular, que se tornou a identidade cultural do Estado do Amazonas, será marcada com uma concentração em frente a um dos símbolos do folclore amazonense, o Centro Educacional e Desportivo “Amazonino Mendes”, Bumbódromo, em Parintins.
A programação inicia às 17h de quinta-feira, 28 de abril, com shows culturais e a formação de uma corrente humana, momento em que os manifestantes, de mãos dadas, irão abraçar o anfiteatro Bumbódromo.
A proposta em reduzir os recursos destinados aos bois, que teria como mentor o titular da Secretaria de Estado da Cultura (SEC), Robério Braga, seria forçar um estrangulamento financeiro dos bumbás para que os dirigentes aceitassem até mesmo a redução de uma das noites do Festival Folclórico de Parintins. A intenção de Robério Braga em levar as entidades folclóricas ao sufoco financeiro teve início desde o ano passado quando o Governo do Estado retirou sumariamente 20% dos R$ 6 milhões investidos nos bumbás Garantido e Caprichoso.
Para 2016 o corte seria ainda maior. Robério Braga teria proposto retirar mais de 30% do patrocínio para o Festival Folclórico de Parintins. Esses recursos seriam uma ajuda para a confecção de alegorias e fantasias para as três noites de apresentação no Bumbódromo. Sendo assim, de R$ 6 milhões, Garantido e Caprichoso teriam este ano apenas R$ 3 milhões, sendo R$ 1,5 milhão para cada bumbá.
Como se não bastasse a iniciativa de Robério Braga em tentar reduzir os repasses do Governo do Estado e reduzir, de três para duas noites de disputa na arena, e consequentemente, o desestímulo de milhares de torcedores e turistas que deixam de vir para Parintins no período do Festival de Garantido e Caprichoso, o erudito Robério Braga, ainda teria convencido uma das maiores patrocinadoras do Festival de Parintins, a multinacional Coca Cola, a retirar de cada boi R$ 270 mil, em 2016. Esse dinheiro vai deixar de entrar na conta dos bumbás para ser repassado ao Governo do Estado e ser investido no Festival de Ópera do Amazonas. 
Ou seja, enquanto se faz necessária a manutenção do maior espetáculo popular a céu aberto do Norte do Brasil, o Festival Folclórico de Parintins, o secretário e catedrático Robério Braga, faz questão de mostrar todo seu fascínio pela cultura europeia e investe milhões na produção de espetáculos alienígenas aos olhos dos amazonenses, o festival de ópera, em detrimento do produto artístico e folclórico que é genuinamente amazônida e a verdadeira identidade cultural do povo amazonense, o tradicional boi-bumbá.
Dirigentes dos bois
O presidente do boi Garantido, Adelson Albuquerque, disse ser contra qualquer proposta para reduzir uma noite do espetáculo. “De nossa parte não passa em nossas cabeças a diminuição de uma noite. O prejuízo seria na estrutura da cidade, como na hotelaria, passagem e no comércio, por exemplo”, frisou Albuquerque. Ele chegou a assegurar existir comentários de uma possível tentativa para se cortar uma noite. “Para os bois seria econômico, entre aspas, porque a economia, a partir do momento que anunciar que vai haver o corte de uma noite, todos os patrocinadores cortam em um terço os patrocínios”, disse.
Para o membro da Comissão de Artes do Garantido, Fred Góes, se forem transformados em valores a mídia que o Estado obtém a seu favor com o espetáculo do Festival de Parintins, não teria preço para pagar isso. Fred acredita que o Estado do Amazonas é um Estado rico não há motivos para corte no festival. “De repente a gente passa a ser a maior expressão cultural do Estado, e de repente fica de pires na mão. Há quem diga: estamos em uma crise. Estado nenhum degringolou qualquer evento seu. E tem um ditado que diz: nem só de pão vive o homem. Nós vivemos de cultura, de nossos lazeres, do que a comunidade precisa”, ressaltou.
Fred Góes assegurou acreditar que o Governo do Estado tem que se sensibilizar e não se trata de questão de atacar o Governo, uma vez que esse é um processo que vem a longo tempo. “Tivemos várias reuniões onde foi cogitado tirar figura típica, diminuir o festival, não existe isso. Esse espetáculo foi montado em 50 anos. Ou nós vamos defender isso ou nós vamos cavar nossa própria sepultura cultural. Se diminuir uma noite, no mínimo dois terços da movimentação financeira e econômica que o município tem vai diminuir no período do festival”, frisou, completando: “Quando alguém vem com uma proposta dessa está no mínimo querendo sufocar o município, que com todo seu esforço conseguiu chegar a esse patamar”.
O diretor administrativo do boi Caprichoso, Elias Michiles, em contato com a reportagem, disse que os artistas do azul e branco resolveram chamar para si essa responsabilidade de defender o Festival de Parintins. “Os nossos artistas são os verdadeiros donos do festival. Eles que constroem o festival, dentro e fora da arena. E nada mais justo que eles se manifestarem. Eles pediram apoio da diretoria e temos que está do lado deles”, disse.
Para Michiles os artistas estão buscando uma solução para o Festival de Parintins, tendo a preocupação de fazer com que a festa se mantenha. Ele disse que o governador José Melo não se manifesta sobre o assunto e isso é muito preocupante, causa um descontentamento e insegurança.
Perguntado sobre a possível proposta de corte em uma noite da festa, Michiles afirmou que em nenhum momento foi falado pelo Governo do Estado essa possibilidade. “Até porque, em razão do regulamento que existe assinado. Mas ele está sufocando os bois, ao ponto dos próprios bois terem que tomar essa decisão. Só que essa decisão não parte somente da diretoria do Caprichoso ou da diretoria do Garantido, teria que partir de um colegiado e esse colegiado se chama Parintins, que tem mais de 100 mil habitantes e jamais aceitaria uma proposta dessa”, finalizou.
Governo do Estado
O secretário da SEC, Robério Braga, em contato a equipe do Repórter Parintins, perguntado sobre a possibilidade de haver uma proposta do Governo do Estado para a redução de uma noite do festival, disse não ter conhecimento de algo nesse sentido. “Eu não sei de nada disso. Eu não tenho conhecimento. Sobre ter três ou duas noites eu também não sei, eu não tenho notícia disso”, afirmou.
Sobre o corte no patrocínio dos bumbás pelo Estado, Robério Braga informou que não teve nada confirmado e que não foi informado sobre o assunto. “A redução do patrocínio eu ainda não recebi a orientação do governador. Todas as outras atividades da secretaria estão bastante reduzidas, de todo o Estado, não só da Secretaria de Cultura”, disse.
Com relação ao possível remanejamento de recursos dos patrocinadores dos bumbás de Parintins para outros eventos culturais do Governo do Estado na capital, o secretário Robério disse que desconhece. “Eu desconheço completamente. O boi tem patrocinador que nunca patrocinou nada na capital. Eu nunca vi nenhum patrocínio aqui. Por exemplo: da TIM, que já patrocinou o boi, da Vivo muito pouquinho, da Petrobras é zero, da Eletrobras muito menos, da Ambev nada. A Ambev só patrocina os bois de Parintins e Manaus, e Festa do Guaraná. A Coca-Cola sempre esteve aqui em Manaus e em Parintins. Nunca faltou nem pra um, nem pra outro”, explicou.
Robério Braga informou que o contrato entre Caprichoso e Garantido com a Coca-Cola termina na sexta-feira, 29 de abril, mas informou que haverá uma reunião na Federação das Indústrias para assinatura do contrato de patrocínio da multinacional com os bumbás.
O secretário confirmou que houve a redução da cota de patrocínio da Coca-Cola para os bumbás em R$ 250 mil. “Com a própria Coca-Cola empenhamos tudo para ela manter o patrocínio que estava muito difícil manter e agora é só para assinar. Eu que estou viabilizando tudo junto ao governador”, pontuou.

Fonte/Foto: Marcondes Maciel - Repórter Parintins/Divulgação

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