EM PASSEATA NA 4ª, QUILOMBOLAS VÃO EXIGIR TITULAÇÃO DE TERRAS DO ALTO TROMBETAS
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Quilombolas navegando no rio Trombetas, em Oriximiná-PA |
Em passeata
na 4ª, quilombolas vão exigir titulação de terras do Alto TrombetasQuilombolas
navegando no rio Trombetas, em Oriximiná
Cansados com a demora do governo
federal, quilombolas de Oriximiná saem em passeata, a partir das 9h, pelas ruas
de Santarém na quarta-feira, 27, para exigir a titulação de suas terras.
Mesmo com a decisão judicial de
2015, que determinou prazo de 2 anos para a titulação das Terras Quilombolas do
Alto Trombetas, em Oriximiná, o ICMBio não permite que o Incra prossiga com o
processo em função da sobreposição com unidades de conservação.
Leia também – Iniciada a
demarcação do território quilombola Cachoeira Porteira, na Calha Norte.
A sobreposição com a Flona
Saracá-Taquera, porém, não impediu o ICMBio e o Ibama de autorizarem a extração
de madeira e bauxita na mesma área, ameaçando as famílias quilombolas e
ribeirinhas que ali vivem.
Titulação
Em Oriximiná, onde vivem cerca de
10 mil quilombolas, ocorreu a primeira titulação de uma terra quilombola no
Brasil, em 1995. Atualmente, são 4 territórios titulados e um parcialmente
titulado. Porém, desde 2003, nenhuma outra terra quilombola foi titulada no
município.
O impasse entre ICMBio e o Incra
tem impedido o andamento dos processos de titulação das Terras Quilombolas Alto
Trombetas e Alto Trombetas 2, abertos no início dos anos 2000. São 14
comunidades quilombolas no aguardo da garantia de seus direitos
constitucionais.
Nem mesmo a decisão do Tribunal
Regional Federal da 1ª Região, em fevereiro de 2015, determinou a titulação no
prazo máximo de dois anos, motivou Incra e ICMBio a darem andamento ao
processo.
Os relatórios de identificação
dos territórios quilombolas (RTID) – primeira etapa do procedimento de
titulação – estão prontos sem que o Incra se disponha a publicá-los no Diário
Oficial como determinam as normas.
Bauxita, sem
obstáculos
Se a preocupação com as unidades
de conservação tem levado o Ministério do Meio Ambiente, o ICMBio e o Ibama a
criar obstáculos para a titulação das terras quilombolas, o mesmo motivo não
tem representado empecilho para a expansão da extração de bauxita.
Toda a área de exploração da
Mineração Rio do Norte – a maior produtora de bauxita do Brasil – encontra-se
no interior da Floresta Nacional Saracá-Taquera. Desde 2012, a expansão da área
de extração da empresa alcança platôs sobrepostos aos territórios quilombolas
Alto Trombetas e Alto Trombetas 2 incidentes na Flona.
A mesma Flona foi aberta à
exploração de madeira, em 2009, por meio das concessões florestais que
destinaram 48,8 mil hectares da UC para exploração pelas empresas Ebata
Produtos Florestais e Golf Indústria e Comércio de Madeiras.
Cansados de aguardar pelas
providências do Incra e ICMBio, os quilombolas de Oriximiná, com o apoio dos
povos indígenas do município, vêm a Santarém denunciar a situação e pedir
medidas urgentes para proteção de seus territórios, entre elas, a imediata publicação
do Relatórios Técnicos de Identificação e Delimitação das TQs Alto Trombetas 1
e Alto Trombetas 2.
Fonte/Foto: jesocarneiro.com.br, com
informações do CPI Comissão Pró-Índio, de SP
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