FIOCRUZ DESCOBRE VÍRUS ZIKA NA GLÂDULA SALIVAR E INTESTINO DO VELHO CONHECIDO ‘CARAPANÃ’



O estudo indica que o vírus foi encontrado ativo na glândula salivar e no intestino do mosquito Culex quinquefasciatus, mais conhecido como pernilongo comum, ou carapanã
Apesar dos pesquisadores e especialistas estarem se desdobrando para tentar encontrar uma saída para amenizar o impacto na saúde pública e evitar um surto das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, recente pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), aponta que o vírus zika pode ter um novo vetor, além do Aedes.
O estudo indica que o vírus foi encontrado ativo na glândula salivar e no intestino do mosquito Culex quinquefasciatus, mais conhecido como pernilongo comum, ou carapanã. Apesar de parcial, a pesquisa levanta forte hipótese desse tipo de pernilongo também transmitir o vírus Zika.
Para a entomologista da Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), Graça Barbosa, se nesta pesquisa foi encontrado o vírus na glândula salivar do Culex, significa que o estudo está muito próximo de confirmar que esta outra espécie de mosquito (carapanã) pode transmitir o zika. “A possível transmissão não está descartada, mas ainda precisa ser provada. É uma das questões que ainda requer pouco mais de estudo”, comentou a entomologista.
Ainda de acordo com a especialista  Graça Barbosa, no estudo também precisa ser comprovado a “competência  vetorial”, quais formas e como se infecta, mas não necessariamente  transmite o vírus.
A presença do Culex em zonas urbanas do País supera em 20 vezes a incidência do Aedes, conforme os especialistas da Fiocruz. “Por serem hematófagos, os mosquitos estão entre os maiores transmissores de doenças”, completa Graça Barbosa da FMT. O Culex, segundo a pesquisa, também constituiria uma ameaça maior, por estar disseminado quase em todo o mundo, e por ter facilidade de reprodução em água suja - ao contrário do vetor comum de dengue, zika e chikungunya.
Diferença: Culex e Aedes
A diferença entre um pernilongo comum (Culex) do Aedes aegypti é que este último tem hábitos diurnos, enquanto que o outro atua mais à noite. O mosquito da dengue também apresenta manchas brancas como se estivesse polvilhado de talco, enquanto o pernilongo é mais monocromático, ou seja, uma única cor.
Pesquisas sobre a transmissão do Zika estão em andamento
A conclusão da pesquisa se sobre o novo vetor do vírus da zika se deu, após a Fiocruz realizar em laboratório, três infecções em aproximadamente 200 mosquitos Culex criados em laboratório em dezembro e em fevereiro. No experimento, os pesquisadores alimentaram por sete dias os pernilongos com sangue infectado pelo zika e a conclusão foi que o vírus se manteve ativo.
Caminhando na mesma linha de pesquisa da Fiocruz, na última semana, um grupo de pesquisadores do Amazonas, encaminhou ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico (CNPq) um “projeto piloto”, com estudos sobre a possível transmissão do vírus Zika, por outros mosquitos.
Porém, a continuidade do projeto esbarra na falta de recursos. “Infelizmente “
Também está em andamento no Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM) uma pesquisa para identificar quais são as espécies de mosquitos que podem transmitir doenças na Zona Rural do País. A análise é feita desde 2013 e até setembro de 2015 foram detectados mais de 15 mil ovos dos mosquitos Aedes albopictus (transmissor da chikungunya), Culex e Aedes aegypti.

Fonte/Foto: Náferson Cruz – AC/Reprodução

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