DEMARCAÇÃO HISTÓRICA: ESTADO E UNIÃO VÃO DEMARCAR O TERRITÓRIO QUILOMBOLA CACHOEIRA PORTEIRA, NO OESTE DO PARÁ
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A Flota Trombetas, que abriga o território quilombola e outras áreas de conservação |
A floresta limita-se ao sul com a
Flota de Faro-PA
A comunidade quilombola
reivindica há vários anos a demarcação da área
No período
de 21 de março a 20 de abril deste ano, técnicos dos governos federal e
estadual, com apoio de lideranças indígenas e quilombolas, fazem a retificação
da área da Floresta Estadual do Trombetas (Flota), com a finalidade de demarcar
oficialmente o Território Quilombola Cachoeira Porteira. A ação reúne técnicos
do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará
(Ideflor-bio), Instituto de Terras do Pará (Iterpa), Núcleo de Apoio aos Povos
Indígenas, Comunidades Negras e Remanescentes de Quilombos (Nupinq) e Fundação
Nacional do Índio (Funai).
A definição
dos limites da área faz parte do Plano de Gestão da Unidade de Conservação
(UC), programa de ordenamento territorial e valorização da sociedade local, que
atende uma antiga demanda dos moradores remanescentes de quilombos do município
de Oriximiná, no oeste paraense.
Técnicos dos
órgãos envolvidos e representantes de comunidades indígenas e quilombolas
estiveram em Brasília (DF), no início de março, traçando com a Diretoria de
Proteção Territorial da Funai as linhas gerais para a demarcação do Território
Quilombola Cachoeira Porteira, já que a área pretendida faz confluência com
terras indígenas e unidades de conservação.
O Território
Quilombola está geograficamente dentro dos limites da Floresta Estadual do
Trombetas, uma das 21 unidades de conservação estaduais geridas pelo
Ideflor-bio. Criada em 2006, a Flota Trombetas é uma UC de uso sustentável, que
tem como objetivo básico o uso dos recursos florestais e a pesquisa científica,
com ênfase em métodos para exploração de florestas nativas sem agressão ao meio
ambiente.
Demarcação
histórica - Segundo Wendell Andrade, diretor de Gestão e Monitoramento de
Unidades de Conservação da Natureza, do Ideflor-bio, é importante reconhecer
esse momento de convergência. “Já existem laudos antropológicos que apontam a
validade desta demanda, e o próprio Plano de Gestão da UC confirma isso. Além
disso, temos um momento de convergência de entendimentos e mútuo interesse das
esferas federal e estadual, no sentido de que possamos concretizar essa
demarcação histórica”, informou.
Após a
demarcação, o projeto de lei com os novos limites da Flota Trombetas será
encaminhado à Assembleia Legislativa do Estado (Alepa), a fim de atualizar os
limites da unidade de conservação e, finalmente, reconhecer Cachoeira Porteira
como território coletivo de remanescentes quilombolas, conforme o artigo 68 da
Constituição federal.
Até o final
de abril, as equipes de todos os órgãos envolvidos darão andamento ao trabalho
de ordenamento territorial, que é acompanhado por membros do Ministério Público
Estadual (MPE) e Ministério Público Federal (MPF).
Flora e
fauna – A Flota Trombetas está localizada no Estado do Pará, na calha norte do
Rio Amazonas, e reúne o maior bloco de Unidades de Conservação e Terras
Indígenas (TI) do mundo. O território ocupa 3,2 milhões de hectares e abriga
milhares de animais e plantas, muitos encontrados apenas nessa região do
planeta.
Mais de 98%
de sua área são cobertos por florestas bem conservadas. A Flota também é
cortada por extensos rios, como Trombetas, Cachorro, Erepecuru e Cuminapanema.
A principal atividade econômica praticada na Flota é a coleta de castanha do
Pará.
Ao norte, a
floresta limita-se com a Estação Ecológica (Esec) do Grão-Pará; a oeste, com a
Terra Indígena Trombetas-Mapuera; a leste, com a Flota do Paru e a Tribo
Indígena Z’oé, e ao sul com a Reserva Biológica (Rebio) do Rio Trombetas, Terra
Quilombola do Erepecuru e a Flota de Faro.
Fonte/Foto: Denise Silva, Instituto de
Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado Pará e Agência Pará de
Noticia
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