CACIQUES DENUNCIAM ABANDONO DE TERRAS SOB INFLUÊNCIA DE BELO MONTE
Plano de Proteção dos Territórios
Indígenas estaria atrasado há cinco anos.
Empresa Norte Energia entregou
equipamentos e veículos à Funai.
Caciques de
várias comunidades na área onde está sendo construída a Usina Hidrelétrica de
Belo Monte, no sudoeste do Pará, denunciaram na última quarta-feira (30), a
falta de proteção das terras indígenas na região. Segundo os índios, mesmo
áreas já demarcadas estariam sendo prejudicadas por invasões e pela ação de
madeireiras.
A denúncia
foi feita durante a cerimônia de entrega de equipamentos e veículos por parte
da empresa Norte Energia, responsável pelo empreendimento, à Fundação Nacional
do Índio (FUNAI),em Altamira. A entrega dos materiais dá início a aplicação do Plano de Proteção Territorial
das Terras Indígenas da Região de Influência Direta da Usina de Belo Monte,
que, apesar de ser uma das principais condicionantes para o processo de licenciamento
da hidrelétrica, inicia com quase cinco anos de atraso.
O Plano
prevê a proteção de 56.800 km² que atravessam 12 territórios indígenas por meio
de monitoramento de satélite e uso de radares. De acordo com a Norte Energia,
56 funcionários terceirizados foram contratados para apoiar os trabalhos da
Funai no local e oito das 11 bases de monitoramento já estariam prontas.
Apesar dos
indígenas solicitarem um encontro com o presidente da Norte Energia, Duilo
Diniz de Figueiredo, presente na cerimônia, apenas o presidente da Funai, João
Costa, se reuniu com os caciques.
"Não
abrimos mão de fazer uma fiscalização rigorosa e construir uma política que
possa garantir os direitos dos indígenas sobre suas terras", disse o
diretor da Funai à imprensa.
Mas os
caciques reafirmam que a entrega de equipamentos e contratação de pessoal
terceirizado não resolvem os problemas na região, uma vez que até mesmo áreas
demarcadas, como a Terra Indígena Trincheira Bacajá, têm sido invadidas por
madeireiras e que o trabalho de proteção dos espaços é insuficiente.
"Mais
de dois alqueires da terra Trincheira Bacajá foram invadidos e denunciamos isso
a empresa e a Funai e nada foi feito", alega o cacique Kroire Xikrin.
Fonte: g1.globo.com
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