PELO MENOS 49 MUNICÍPIOS DO AMAZONAS CORREM RISCO DE FICAREM SEM RECURSOS PARA A SAÚDE
Como se não bastasse o aperto financeiro pelo qual os
municípios do Amazonas já estão passando, municípios podem ficar sem repasses
federais constitucionais caso não prestem contas dos gastos com Saúde junto ao
governo federal até 2 de março
Quarenta e nove
prefeituras do Amazonas poderão ter bloqueados recursos do Fundo de
Participação dos Municípios (FPM), do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da
Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) e o
Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) se não apresentarem até o
dia 2 de março, os dados das despesas e receitas da área de saúde, relativos ao
último bimestre de 2015, ao Sistema de Informações sobre Orçamento Público em
Saúde (Siops). Até a última sexta-feira (26), apenas 13 prefeituras amazonenses
(21% dos 62 municípios) haviam transmitido os dados ao Siops: Autazes, Guajará,
Humaitá, Ipixuna, Juruá, Manaus, Maués, Novo Aripuanã, Parintins, Rio Preto da
Eva, São Paulo de Olivença, Tapauá e Urucará.
O Primeiro Secretário da
Associação Amazonenses de Municípios (AAM) e prefeito de Juruá (a 737
quilômetros de Manaus), Tabira Ferreira, disse que os prefeitos estão se
esforçando para entregar as informações dentro do prazo previsto para não serem
penalizados.
Ao analisar as informações
das prefeituras amazonenses com gastos em saúde, no último bimestre de 2015,
verifica-se que os municípios têm cumprido o porcentual mínimo de 20% da
receita própria em saúde, conforme a Lei Complementar 141/2012. Entre os 13 municípios
que encaminharam os dados ao Siops, Tapauá e Urucará foram os que mais tiveram
despesas com saúde, por habitante: R$ 445,50 e R$ 443,30 respectivamente.
Os menores
gastos/habitante ocorreram em Guajará (R$ 266,68), Novo Aripuanã (R$ 273,27),
São Paulo de Olivença (R$ 278,74) e Ipixuna (R$ 284,40). A média de despesa dos
demais municípios foi acima de R$ 350 por habitante.
Os municípios do Amazonas
também tiveram despesas altas com pessoal na área de saúde. Na capital Manaus,
por exemplo, a participação do orçamento da saúde nesse item foi de
69,81%. Já em Parintins, a cidade mais
populosa do interior do Estado, com 111.575 habitantes, os gastos com
funcionários da saúde foram de 33,31%; outros 51,62% dos recursos foram usados
em atenção básica; 45,63% em assistência hospitalar e ambulatorial e, em tempos
de dengue, zika e chikungunya, os gastos em vigilância epidemiológica na cidade
dos bois-bumbás foi de apenas 2,69%, percentual aproximado do que foi utilizado
também em Manaus (3,44%).
Suspensão tem amparo na legislação
Conforme a Lei
Complementar 141/2012, as transferências constitucionais da União podem ser
objeto de condicionamento e suspensão, em razão do descumprimento da aplicação
dos percentuais mínimos de recursos em Ações e Serviços Públicos de Saúde
(ASPS) pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios, ou em face da
ausência de homologação das informações no Siops.
Assim, serão objeto de
condicionamento e suspensão, dentre outros, o Fundo de Participação dos Estados
(FPE) e o Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Apesar de o prazo legal
para entrega ter encerrado no dia 30 de janeiro, os 5.568 municípios
brasileiros têm até a próxima quarta-feira para enviar as informações sem
receber penalidades.
Os municípios que ficarem
em débito de informações referentes a homologação dos gastos públicos em saúde
sofrerão a suspensão ou o condicionamento das transferências constitucionais a
partir de 10 de março. “Não há qualquer informação do Ministério da Saúde sobre
prorrogação de prazo. Desta forma, a partir da data estipulada estarão
automaticamente suspensas as Transferências Constitucionais e voluntárias para
entes que não declararam o sexto bimestre de 2015”, reforça o presidente da
CNM, Paulo Ziulkoski.
Blog: Tabira Ferreira, prefeito de Juruá e 1º
Secretário da AAM
“A despeito dos problemas técnicos enfrentados pelos
municípios, como Internet e deficiência
nos quadros, os prefeitos estão se esforçando para entregar o relatório com
gastos na saúde de 2015 até o prazo final (dia 2 de março). Ninguém quer ser
prejudicado ou ter recursos retidos. A grande maioria vai cumprir os seus
compromissos. Se observamos os gastos na saúde, vai-se verificar que as
prefeituras, mesmo com a crise econômica, têm feitos os investimentos previstos
pela Constituição que é aplicar no mínimo 20% na área, enquanto a União ainda
investe discricionariamente. Por isso, os 5.568 prefeitos brasileiros precisam
conversar, pedir aos deputados federais e senadores dos seus Estados que votem
a favor da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 1/2015 que obriga a União
a investir até 20% na saúde."
Fonte/Foto:
A Critica - Manaus

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