MÁSCARA DE PET EM BEBÊS, EM JUTAÍ-AM: RELATÓRIO DA SUSAM QUE APONTA FALHA É CONTESTADO POR SINDICATO
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| O casal de gêmeos prematuros tiveram que usar máscara de oxigênio feita de garrafa PET |
Sindicato dos Médicos do
Amazonas contestou afirmação da Susam de que hospital tinha estrutura e o
médico errou em procedimento com bebês que nasceram em “situação de
prematuridade extrema”
O presidente do Sindicato
dos Médicos do Amazonas (Simeam), Mario Vianna, contestou o resultado da
inspeção realizada pelos técnicos da Secretaria Estadual de Saúde (Susam) na
Unidade Hospitalar de Jutaí (a 750 quilômetros de Manaus), o qual apontou que
as máscaras de venturi - de tamanho padrão - estavam disponíveis na unidade,
mas não se adequaram aos rostos pequenos dos bebês, que nasceram em “situação
de prematuridade extrema”.
O caso, que ganhou
repercussão nacional, aconteceu no dia 27 de janeiro. Os bebês, que nasceram
prematuros, precisavam de atendimento especial, mas alegando falta de
estrutura, os médicos improvisaram uma máscara de venturi feita de garrafa PET
para eles. Um dos recém-nascidos morreu.
“Ou seja, não tinha
máscara de Venturi”, afirmou Vianna ao destacar que esse tipo de material é
comercializado em todos os tamanhos justamente para se ajustar aos
recém-nascidos. Conforme ele, uma máscara grande não funciona, pois o
equipamento tem que ficar ajustado no rosto da criança para a concentração
ideal de oxigênio a um bebê com insuficiência
respiratória.
“Apesar de não ter
conseguido falar com os colegas da Unidade Hospitalar de Jutaí, a conduta que
eles tiveram é irreprovável. Eles agiram com dedicação, vontade de ajudar, uma
forma heróica de quem está preocupado pela vida e de dá atendimento possível no
interior, onde tudo falta. Não existe nenhum município no interior que tenha
leito de UTI neonatal. A toda hora os médicos dessas regiões têm que improvisar
para ter resultados”.
Suporte falho
O presidente do Simeam
ainda rebateu as críticas feitas pelo governador do Estado, José Melo, sobre a
falta de contato dos profissionais de saúde de Jutaí com a capital. “O programa
Telemedicina não funciona tão bem porque no interior a internet, assim como
telefones celulares, não funcionam de forma regular. Não é fácil conseguir manter
esse vínculo com a rapidez e a facilidade que o governador colocou”, afirmou.
Além disso, Vianna disse
que o transporte aeromédico de pacientes doentes graves do interior para a
capital está com problemas por falta de repasse de verba. Conforme ele, a
empresa que faz esse serviço está sem receber há muito tempo. Outra coisa é que
nem sempre, quando é solicitado, há disponibilização de avião. “A solicitação
de transporte aeromédico não se atende de forma tão rápida e às vezes nem
sempre é autorizada”, contou.
‘Conduta adotada não é
condenável’
Para a presidente da
Sociedade Amazonense de Pediatria (Seped), Elena Marta Amaral dos Santos, a
conduta adotada pelos médicos da Unidade Hospitalar de Jutaí não é condenável.
Segundo ela, o profissional de saúde tem que usar equipamentos adequados. Mas,
quando não tem, lembra, é preciso criar um equipamento artesanal que possa
suprir a necessidade e minimizar os riscos. Como aconteceu em Jutaí, onde os
médicos tentaram aumentar a concentração de oxigênio para o bebê que nasceu com
insuficiência respiratória.
“O médico que improvisou
não vai ser punido porque aquilo é artesanal. Há uns 20 ou 30 anos a gente
usava garrafão de água como “capacete de hood” (estrutura de oxigenoterapia
para recém-nascidos). Mas isso não era mais para ser usado hoje porque toda
maternidade pública ou privada tem que oferecer segurança no nascimento de um
bebê. Isso é lei”, frisou.
Durante o atendimento na
Unidade Hospitalar de Jutaí, uma das crianças não resistiu e foi a óbito poucas
horas depois do nascimento, devido à prematuridade extrema, conforme os
médicos. A outra foi removida para Manaus na última segunda-feira e encontra-se
internada na Unidade de Terapia Intensiva da Maternidade Ana Braga. O quadro,
de acordo com os profissionais, do local, ainda é grave e inspira cuidados.
UTI aérea
O secretário estadual de
Saúde, Pedro Elias, informou que, em 2015, o serviço de UTI aérea, que possui
duas aeronaves, realizou 774 voos para remoção de pacientes do interior, em 28
municípios. Este ano, foram 32 voos de remoções, alcançando 12 municípios. O
serviço está funcionando regularmente, garante.
Fonte/Foto:
Silane Souza – acrítica.uol.com.br/Divulgação


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