PARAENSE QUE MORA NO AM INTERPRETARÁ A 'GABRIELA' DE JORGE AMADO EM MUSICAL QUE ESTREARÁ EM SÃO PAULO
Formada em medicina pela Universidade Federal do
Amazonas, Daniela Blois protagonizará projeto baseado no livro “Gabriela, Cravo
e Canela”
Gabriela, a filha da
literatura que o Brasil bem conhece, não tinha amarras nos cabelos, nos pés e
nem nas alegrias: andava vestida com a sua vontade de viver, simplicidade e sua
beleza de pele morena. Certamente não é mais apenas o sufixo “ela” que liga o
nome de Gabriela ao da cantora Daniela Blois: a artista paraense que mora em
Manaus foi selecionada entre 700 moças do Brasil para viver a sedutora
personagem homônima em “Gabriela – O Musical”, inspirado no livro de Jorge
Amado. Dirigida por João Falcão, a produção estreará no mês de maio, em São
Paulo.
A Gabriela dos livros era
notada pelas pessoas de sua vizinhança, entre conhecidos e não-conhecidos. Eis
algo em comum com a nossa “Gabriela do Norte”: o anúncio de que seria ela a dar
carne e voz ao papel estremeceu as redes sociais, em Manaus. E as felicitações
se dividiam entre depoimentos de “Que felicidade, por aqui pela Amazônia ela já
canta e encanta! Agora a nossa querida Daniela Blois vai encantar o Brasil!”, e
“Não a conheço, mas sempre a via nas festinhas... é uma mulher lindíssima e
merece toda luz e sucesso”. É o que relataram algumas pessoas, na Internet. A
“nossa” Gabriela é, sobretudo, admirada.
Do Agreste, a Gabriela dos
livros era aclamada pelo sabor dos seus quitutes, feitos enquanto cozinheira do
bar do Seu Nacib. De cá, a “nossa Gabriela” fornecia seu alimento vertido em
canto nos bares do Armando e Caldeira, e também no grupo Maracatu Eco da
Sapopema, dos quais a saia rodada bem lembra os vestidos que a Gabriela do
Agreste usava. Foi o bastante para que amigos de Daniela, a partir do anúncio
da produção do musical para buscar a protagonista, a vissem como alguém com
perfil para o papel.
“Meus amigos que me viram
tocar na noite em Manaus acharam que eu tinha o perfil dela. No anúncio, a
produção colocou que buscava ‘uma menina linda, que soubesse cantar e que se
parecesse com ela’. Mandei um vídeo feito pela Dheik Praia, onde eu cantava uma
música minha, na voz e violão”, destaca Blois. O vídeo foi enviado à produção
do musical e Blois foi chamada para uma audição em São Paulo, no mês de
dezembro. Para a primeira audição, foram filtradas 50 meninas.
“O júri nos deu uma lista
de músicas e pediu para eu escolher e treinar três músicas e duas cenas”, disse
Blois. Nos testes, a moça apresentou as músicas “São Salvador”, de Gal Costa;
“Kukukaya”, de Cátia de França; e “Imagina”, de Chico Buarque. “Cantei,
encenei, dancei e me chamaram para a segunda audição. Para essa, só foram 11
meninas”, afirmou ela. Naquela que seria a terceira audição, a produção a pediu
para que ela cantasse “Imagina”, de Chico. “É a mais difícil”, avalia ela.
Escolha
A derradeira terceira
audição foi a confirmação: Gabriela já estava em Daniela e sua intérprete nem
sabia. “Eles confirmaram que essa era a escolha deles. Eu fiquei muito feliz”,
coloca ela, ainda um pouco assustada com a repercussão do fato. Os planos se configuram:
Daniela se mudará em fevereiro para São Paulo, onde enfrentará uma rotina de
ensaios, cujos detalhes ela ainda desconhece. O musical estreará no Teatro
Bradesco e terá a produção assinada pelo inglês Kevin Wallace e pela Caradiboi
Artes e Esportes.
Sobre a identificação com
a personagem, ela reconhece. “Na época que teve a minissérie [da Rede Globo] as
comparações com a personagem eram constantes. E acho que tenho semelhança com o
jeito dela [da personagem]. Acho que ela tem um jeito meio ‘molecona’, não
gosta de salto, de roupa apertada, não gosta de maquiagem e que só quer estar à
vontade”, pontua a cantora e, agora, atriz.
Parcerias
Em Manaus, Daniela nutre
amizades com muitos artistas – inclusive fazendo participação nos shows de
algumas bandas. De talento autodidata, Blois já participou do clipe da banda
Dona Celeste para a música “Convite”. A atuação parece estar arraigada nela,
mesmo que indiretamente. “Participei do curta ‘Um braço de rio no quintal’, da
Dheik Praia, em 2013”, lembra Blois. O trabalho lhe rendeu o prêmio de Melhor
Atriz no Amazonas Film Festival.
A morena não está fazendo
planos a longo prazo: vai agir conforme o que for definido pelo musical e pelo
futuro. “Eu gosto de artes no geral, nunca fiz teatro. Vai ser novo para mim,
mas eu sei que vou gostar”, aponta Daniela, que teve alguns amigos como vitais
auxiliadores para as audições. “Me ajudaram a colocar as músicas no tom e me
ajudaram com técnicas de aquecimento”, alega a fã de Clara Nunes e Djavan.
Nas audições, os avaliadores
justificaram a escolha devido à humildade de Blois. “Por não ter nada de
técnicas vocais e de atuação” – conforme ela classifica. “Disseram que gostaram
do jeito que eu cantava: sem técnica e com emoção”, destaca. O mais curioso é
saber que outro lado da artista guarda uma médica recém-formada pela
Universidade Federal do Amazonas (UFAM), profissão que ela vai ter que
postergar um pouco. “Eu estava tentando fazer com que a arte e a medicina
casassem”, relembra ela, aos risos. De algum modo, são duas formas de cura.
Fonte/Foto:
Laynna Feitosa – A Critica/Dheik Praia
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