GARIMPOS, A FEBRE E A GANÂNCIA PELO OURO NA AMAZÔNIA
A saga de homens e mulheres em busca da riqueza fácil
arriscando a vida nos rios e enfrentando doenças tropicais.
A revista Via Amazônia
esteve em contato com homens e mulheres que na década de 80, auge da busca pelo
ouro, se embrenhavam em barrancos, muitos deles clandestinos, procurando
enriquecer de forma rápida e fácil. No vale tudo na corrida do ouro, entre a multidão
cega pela ambição, muitos mataram, morreram, venderam seus corpos. E ao final,
o que colheram, nada mais que ilusão e contaminaram seus corpos, até de forma
fatal, contraindo malárias, doenças venéreas e um sem número de males da alma.
Pior é que essa loucura não teve fim com o fechamento do garimpo de Serra
Pelada, muito menos com a secura que atingiu barrancos, dando uma esfriada no
ímpeto de homens que se tornaram selvagens, na ânsia de enriquecer a qualquer
custo, pagando até o preço pela própria alma.
Os garimpos cessaram seus
movimentos "fervilhentes" de aventureiros, mas ainda servem de
nutrição para noticiários policiais constantes, junto aos registros- agora
raros- de achados de barrancos "bamburrados". Recentemente a imprensa
local publicou que uma área de extração de ouro no rio Tapajós foi alvo de
fiscalização ambiental deflagrada pela Secretaria de Meio Ambiente e
Sustentabilidade (Semas) no município de Itaituba, oeste do Pará, entre os dias
28 de agosto e 2 de setembro, deste ano. A operação, realizada em quatro Vilas
e na sede do município, como já se esperava, resultou na apreensão de
equipamentos, emissão de autos de infração e Termo Circunstanciado de
Ocorrência (TCO). A ação conjunta envolveu também o Batalhão de Polícia
Ambiental (BPA), a Delegacia Especializada em Meio Ambiente (Dema) e a
Secretaria de Meio Ambiente de Itaituba.
A equipe de fiscalização
da Semas, composta por dois engenheiros ambientais e um sociólogo, foram às
Vilas do Farias, Bom Jardim, Raiol e São Luís do Tapajós, onde foram
localizadas balsas tipo 'Chupão' – adaptadas com mangueira de sucção – e também detectadas, a partir de denúncias
locais, dragas ancoradas – sem responsáveis por perto – em área de Unidade de
Conservação urbana. Na ocasião, em continuidade a processos pendentes na
Gerência de Recuperação de Áreas Degradadas (Gerad), a equipe da Semas também
procedeu à fiscalização do lixão do município e do Hospital Regional de
Itaituba.
Segundo o coordenador da
operação, Carlos Nobre, em todas as Vilas foram encontradas embarcações do tipo
'Chupão', mas os responsáveis fugiram, abandonando os equipamentos no rio. Na
Vila do Farias foram encontradas três balsas, além de bateias, motor de
partida, baterias e ainda duas armas com munições.
Na Vila de São Luís do
Tapajós foram encontradas sete balsas abandonadas, sem equipamentos. Na Vila
Raiol, mais quatro balsas foram deixadas para trás pelos responsáveis e foram
apreendidos motores de partida, alternadores, baterias e outros apetrechos. Na
comunidade de Periquito, na Vila Bom Jardim, foi aplicado Auto de Infração
administrativo à Clair Gomes de Oliveira, por extração ilegal de ouro e aberto
um Termo Circunstanciado de Ocorrência pela Dema, com apreensão dos
equipamentos utilizados na atividade ilegal.
CIANETO, O VENENO DE AÇÃO
RÁPIDA QUE AGE NOS GARIMPOS DO TAPAJÓS
O homem como vilão do meio
ambiente, é ainda sempre citado na corrida do ouro. Ano passado a imprensa
noticiou que as águas do rio Tapajós
estão sendo contaminadas com Cianeto. A denúncia foi feita ao blog “Alter do
Chão On Line” por uma garimpeira que pediu para não ser identificada, temendo
represálias por parte dos garimpeiros que estão contaminando o rio. A
garimpeira mostrou a um órgão da
imprensa local, fotos e os vídeos, que mostram como o rio está sendo
contaminado pelo cianeto. O material fotográfico foi colhido no garimpo “Ouro
Roxo”, no município de Jacareacanga.
O Cianeto é utilizado para
mineralizar a terra, retirar o ouro para o mercado e devolver o arsênio e o
ácido sulfúrico para o rio. São feitas enormes valas, como mostra a foto que
ilustra a reportagem, aonde são depositados a terra junto com o ouro e onde é
feita a separação com o ácido cianídrico. O ácido cianídrico é um veneno de
ação rápida. Por ingestão, a dose é capaz de provocar a morte entre 3 a 4
minutos.
O Cianeto é comprado em
São Paulo e levado em pequenos aviões até os garimpos que margeiam o rio
Tapajós. Se confirmada a denúncia, a população das cidades que ficam a margem
do Rio Tapajós pode estar cronicamente exposta ao cianeto, arsênio e outras
substâncias tóxicas contidas nos rejeitos da atividade. A pessoa exposta ao
cianeto por muito tempo, também está sujeita a contrair doenças de pele, se
posta em contato direto com a substância química. Mais uma denúncia citada nas
páginas da revista Via Amazônia, mostrando o extremo que chegam homens em sua
ambição maldita pelo ouro. Ainda que hoje da riqueza dos barrancos só existam
histórias, onde seus personagens nem sempre tem final feliz.
Fonte/Fotos:
Postado por VIA AMAZÔNIA
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