SAÚDE: ALZHEIMER
- por Paiva Netto (*)
Por meio de um
levantamento da Academia Brasileira de Neurologia, ficamos sabendo que em
poucos anos houve no país aumento descomedido do número de vítimas da doença de
Alzheimer. Somente de 1999 a 2008 os óbitos saltaram de 1.343 para 7.882,
caracterizando um acréscimo de quase 500%. Outro dado que chama a atenção
aponta para o fato de que a maioria deles é de brancos e da Região Sudeste.
Também um balanço feito
pela Alzheimer Association (ADI) demonstrou que, a cada quatro segundos, uma
pessoa é diagnosticada com algum tipo de demência no planeta. Alzheimer, a mais
comum, dobrará os casos a cada 20 anos, atingindo mais de 65,7 milhões até 2030.
Atualmente, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), há 35,5 milhões de
indivíduos com manifestações.
No programa Viver é
Melhor!, da Boa Vontade TV (canal 20 da SKY), a especialista em gerontologia,
pedagoga e diretora da Associação Brasileira de Alzheimer do Estado de São
Paulo, Fabiana Satiro de Souza, abordou as causas e as formas de tratamento.
Tabus e Diagnósticos
Em seus comentários
iniciais, destacou que a doença tem sido cercada de muitos tabus: “Existem
famílias que não querem nem contar para vizinhos que o parente está com
Alzheimer. As pessoas já pensam na enfermidade numa fase avançada e acabam se
esquecendo de que, no início, o doente tem muita coisa boa para viver e
realizar”.
Ela também comentou o
estigma que o idoso carrega por não possuir uma memória tão ativa quanto antes:
“Na verdade, se eu me esquecer de alguma coisa é porque estou estressada, mas
se o ancião esquece é porque ele está senil. O idoso já possui raciocínio um
pouco mais lento, uma natural perda de memória, mas isso é muito mais acentuado
numa demência, e ela vem sempre agregada a alguns distúrbios de comportamento,
que acabam nos mostrando a característica específica da doença”.
O diagnóstico, segundo a
especialista, é feito por exclusão, ou seja, elimina-se a possibilidade de
serem outras doenças, a exemplo da depressão ou mesmo de distúrbio da tireoide:
“A família é um dos principais mecanismos para ajudar num diagnóstico, porque
ela é que vai apontar para o médico quais sintomas estão aparecendo naquele idoso.
Essa percepção de que ele está esquecendo raramente vai partir do paciente”.
Qualidade de Vida
Fabiana Satiro enfatizou
que “um dos principais métodos para desacelerar a progressão da doença é a
informação. Ela é aliada dos medicamentos e dos tratamentos multiprofissionais.
Os familiares e todos aqueles que estão em volta do paciente necessitam
conhecer sobre a enfermidade. Tendo o maior número de informações possível, com
certeza, a terapêutica será mais adequada. Sendo um mal neurodegenerativo e sem
cura, vai progredir, mas pode ser de uma forma mais lenta. Com isso, você ganha
um paciente com uma melhor qualidade de vida por muito mais tempo”.
Ao lado da medicação, que
é fundamental, existe o tratamento não medicamentoso. A médica explica: “Quanto
menos coisa o paciente fizer, mais rápido a doença vai progredir. Além da
medicação, a gente vai trabalhar a adequação do ambiente, um treino de memória,
criar estratégias para que ele tenha a independência preservada por mais tempo.
Em tudo ele vai precisar da supervisão de alguém. O problema é que o ‘ajudar’ é
confundido com o ‘fazer por’. Com o tempo ele vai tendo cada vez mais problemas
para ficar sozinho”.
Manter-se ativo
Sobre a prevenção, a
também pedagoga Fabiana Satiro esclareceu: “Mesmo que você tenha uma
predisposição, se praticar ao longo da sua vida atividade física e intelectual,
se ingerir uma boa alimentação, conseguirá retardar a manifestação da
enfermidade”.
Nossos agradecimentos à
especialista em gerontologia, pedagoga e diretora da Associação Brasileira de
Alzheimer do Estado de São Paulo, Fabiana Satiro de Souza, por elucidar o tema.
Outros dados podem ser obtidos pelo site www.abrazsp.org.br.
Que lição essa misteriosa
doença nos oferece? A de que a dor deve ser corajosamente encarada. Se dela
tentarmos fugir pelo atalho do faz de conta, perderemos o caráter sublime de
seus ensinamentos.
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- (*) José de Paiva Netto,
jornalista, radialista e escritor.
paivanetto@lbv.org.br —
www.boavontade.com
Fonte: Ana
Paula Francinete
Assessoria De Comunicação
Da LBV
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