PREOCUPANTE: CALOR EXAGERADO PODE INFLUENCIAR NA VAZANTE DO RIO NEGRO
Como a cheia não foi tão grande, a tendência é que
a seca fique entre as maiores dos últimos cinco anos
Manaus 40 graus! O
calor exorbitante dos últimos dias na capital amazonense e zona periférica
podem alterar o ciclo, aparente normal, da vazante dos rios. A descida das
águas no Amazonas, que vinha ocorrendo num ritmo lento nos últimos dias
acelerou.
Ontem (28), o rio
Negro desceu 20 centímetros, um centímetro a mais que a maior marca registrada
na mesma data do ano passado. Como a cheia não foi tão grande, a tendência é
que a seca fique entre as maiores dos últimos cinco anos.
A preocupação é com
os altos índices de efeito do El Niño, fenômeno causado pelo aquecimento das
águas do mar do Pacífico além do normal e pela redução dos ventos alísios na
região equatorial.
A principal
característica do El Niño é a capacidade de afetar o clima a nível mundial,
através da mudança nas correntes atmosféricas. O efeito pode mudar o ciclo da
natureza a longas distâncias.
Inevitavelmente
essas alterações que ocorrem há milhares de quilômetros, afetam o processo de
descida das águas na nossa região.
Descida
No ano passado, a
marca de 20 centímetros, na descida só ocorreu no dia 17 de outubro e a máxima,
só foi em 9 de outubro (23 centímetros). De acordo com o engenheiro Walderino
Pereira, do Serviço de Hidrologia do Porto de Manaus, até o momento os números
não preocupam, mas admite que as alterações da natureza são imprevisíveis.
Nenhum órgão da área previu que a população de Manaus enfrentaria níveis de
temperatura do ar tão altos nesses dias.
A última vazante
registrou 58 centímetros de sexta-feira (25) até ontem. Sábado e domingo
manteve a média de 19 cm por dia e ontem atingiu 20 centímetros. Normalmente a
interrupção da vazante ocorre geralmente no início de novembro de cada ano.
A vazante de 2014
foi de 19,90m. Para chegar a esse patamar, os rios têm que baixar um pouco mais
de 4 metros.
Dúvida
De acordo com o
gerente de Hidrologia e Gestão Territorial do Serviço Geológico do Brasil
(CPRM), André Santos, enquanto o rio Negro está com descida “modesta”, as
fontes ou os fenômenos naturais mudam a rota do processo. “Até agora não se
pode falar nada sobre a vazante. Esse calor exagerado pode influir no processo
de seca dos rios”, analisa Santos.
Setembro seco
Segundo o CPRM, o
município de São Gabriel da Cachoeira (distante
858 quilômetros de Manaus) está registrando o maior índice de seca de
todos os tempos.
“Lá, a vazante
ocorre de janeiro e fevereiro. Dezembro o rio começa a subir. Aqui, normalmente
o processo começa em novembro“, explica o gerente André Santos.
Recorde
A maior seca
registrada no estado do Amazonas ocorreu em 2010, atingindo 13,63m, no dia 24
de outubro, curiosamente na data de aniversário da cidade de Manaus. O rio
Negro chegou a baixar 6 metros em apenas um mês. Entretanto, não influenciou na
enchente.
Fonte/Foto: Nelson Brilhante – A Critica/Márcio Silva


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