PARAENSES RECLAMAM DO AUMENTO DO GÁS. (SÓ ELES ?)




Um aumento de R$ 12 no preço do gás de cozinha causou ontem a indignação da aposentada Iracema Saraiva de Oliveira, 79. A idosa disse que sabia que o valor seria reajustado, mas não imaginava que se elevaria tanto. Moradora de Outeiro, distrito de Belém, Iracema conta que telefonou ontem pela manhã para três pontos de revenda do produto na sua vizinhança e obteve a mesma resposta: o preço subiu além da sua conta.
Até semana passada, Iracema pagava R$ 48 pelo gás de 13 litros. Agora terá de desembolsar R$ 60 a cada compra. Com a renda mensal de apenas um salário mínimo, vindo da aposentadoria, a senhora garante: não daria conta de arcar com todas as despesas mensais se não fosse a ajuda do irmão com quem mora. “Fico imaginando a situação das pessoas que não têm renda fixa. Como vão se virar para pagar energia e agora o gás mais caro?”, questiona.
Proprietária de um ponto de revenda de gás situado na avenida Pedro Miranda, bairro da Pedreira, Conceição Souza, 46, diz que a procura de clientes foi intensa no dia anterior à aplicação do reajuste. Lá, o produto que ontem custava R$ 43 passou a ser comercializado a R$ 50. Ela pondera: antes o preço sempre aumentava, mas antes o consumidor não sentia porque eram acrescidos somente centavos ao valor final.
NO CARTÃO
Conceição diz que procura facilitar a venda fazendo promoções e até aceitando compra parcelada no cartão de crédito. Para ela, os clientes ainda não estão reclamando do aumento por terem a consciência de que a responsabilidade do reajuste é das distribuidoras e refinarias.
Em outro ponto de revenda localizado na avenida Paulo Costa, em Outeiro, o reajuste do botijão foi de R$ 10. O valor saltou de R$ 50 para R$ 60. A justificativa para o valor fixado para reajuste: leva-se em consideração o serviço de entrega, que abrange todo o distrito.
AUMENTARÁ MAIS
O advogado do Sindicato dos Revendedores de Gás Liquefeito de Petróleo do Estado do Pará (Sergap), Francinaldo Oliveira, afirma que o reajuste no preço final do gás doméstico – P13 e, também, o industrial – P45 vai além dos 15% anunciados pela Petrobras na segunda. Isso porque distribuidoras já haviam informado à rede de revendedores, desde o início do mês passado, que neste mês os produtos sofreriam reajuste de 9%.
O motivo: a revisão anual nos preços de venda de GLP levou também em consideração os últimos reajustes nos combustíveis e energia elétrica. Portanto, o advogado garante que o reajuste de 9% incidirá sobre os 15% determinados pela Petrobras. Em média, o gás de cozinha P13 (13 litros) passa a ser vendido entre R$ 60 a R$ 65. Já o preço do gás industrial P45 (45 litros) deve saltar de R$ 198 para R$ 233.
Francinaldo explica que esse é um reajuste importante, já que o gás industrial é comercializado em grande volume para restaurantes e empresas que possuem refeitórios. Contudo, cada revendedor é livre para estabelecer seu preço, conforme os custos gerados em cada estabelecimento.
O advogado ressalta: um acordo coletivo firmado em maio entre os sindicatos dos funcionários das empresas revendedoras do Pará e o patronal estabeleceu reajuste salarial de 9% aos trabalhadores. Assim, além da folha de pagamento, outros gastos como a energia elétrica, combustíveis e com veículos utilizados para fazer as entregas devem compor o preço final do produto no Estado.
REGIÕES
Além disso, o valor final deve ser ainda maior para outras regiões paraenses, a exemplo do Marajó e municípios como Paragominas. Isto ocorre porque o Pará não produz gás e os produtos são distribuídos em Belém, Santarém e em Imperatriz (MA), que faz fronteira com o Estado. O advogado lembra que há facilidade de distribuição no produto para a Região Metropolitana de Belém.
Já para locais mais afastados há acréscimos no preço em virtude do transporte do produto. Assim, nessas localidades o consumidor poderá pagar ainda mais, entre R$ 70 a R$ 75. “O revendedor não aumenta, mas repassa o reajuste. E a queda nas vendas também é real, pois as pessoas passam a ter mais cuidado para economizar o gás”, avalia.
O conselho do membro do Sergap para que o cliente não venha ser enganado é se fidelizar a um revendedor, escolhendo o local de compras do produto. Ele orienta ainda que o consumidor exija sempre o cupom fiscal e procure saber a origem do produto - verificando a placa de identificação da distribuidora e a identificação do local.
Em caso de suspeita de fraude no peso, o consumidor pode pedir para pesar o produto. Além disso, pode formalizar denúncia ao Procon ou Defensoria Pública.

Fonte/Foto: Pryscila Soares - Diário do Pará/Daniel Costa

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