PARÁ: LOTÉRICAS PROTESTAM, E 94 AGÊNCIAS PODEM FECHAR




A realização de diversos serviços nos centros lotéricos, o que muitas vezes substitui longas jornadas dentro de agências bancárias, é o que aproxima a aposentada Célia Gil, 80, de uma lotérica do bairro de São Brás, em Belém.
Ela mora a algumas quadras do local. Quando precisa fazer pagamentos, é aquele espaço que ela escolhe com grande frequência. “Minha ligação é tão grande que até quando esqueço meu cartão aqui eles me devolvem”.
De um total de 321 lotéricas em funcionamento no Pará, essa é uma das que possuem licitação para funcionarem regularmente, garante Amaury Coelho, um dos sócios do espaço. Ontem, porém, os funcionários do ponto vestiram roupas pretas: era um protesto em solidariedade às lotéricas que poderão ser fechadas  após pedido do Tribunal de Contas da União (TCU) - que recomendou à Caixa Econômica Federal o fechamento de centros lotéricos sem licitação pelo país.
As lotéricas haviam decidido também paralisar hoje o funcionamento dos espaços, em forma de protesto. “O funcionamento seria até meio-dia, seguindo indicação da Federação dos Centros Lotéricos, mas por receio de retaliação, isso foi revogado”, confirmou o empresário Amaury Coelho.
PRETO
Outras formas de manifestações contrárias à decisão do TCU foram vistas em outros bairros. As lotéricas que funcionam na rua Pedro Miranda, na Pedreira, e na travessa Alferes Costa, no Marco, utilizaram panadas na cor preta nas fachadas. Ao todo, são 94 os centros lotéricos no Pará que devem ser fechados após a decisão do TCU. No Brasil, seis mil lotéricas sem licitação devem parar de funcionar.
Para o gerente de restaurante Vagner Ferreira, 28, o fechamento das lotéricas seria um transtorno para a população. “Ficaria muito difícil conseguir pagar minhas contas em dia. Isso agiliza os pagamentos que preciso fazer quase diariamente”, avalia.
Já para a professora Mônica Costa, 43, os maiores atingidos seriam os trabalhadores dos centros. “Serão milhares sem trabalho. E, em tempo de crise, seria muito mais difícil para conseguirem novo emprego”, reflete. O motorista Fábio Araújo foi um dos vários que ontem procuraram a lotérica da rua Fernando Guilhon, na Cremação, e se depararam com portas fechadas. O papel pregado no portão avisava: o local estava sem funcionamento por “problemas internos”.

Fonte/Foto: Wal Sarges - Diário do Pará/Elcimar Neves

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