LADRÃO QUE ROUBA LADRÃO... : PIRATAS DOS RIOS AGORA ASSALTAM E MATAM TRAFICANTES PARA ROUBAR DROGAS
A violência dos piratas é tanta que os traficantes têm
mais medo deles do que da polícia. “É que eles, além de ficarem com a droga,
ainda matam e afundam a embarcação".
Combater a ação de
quadrilhas de piratas que atuam nos rios é um dos desafios da segurança pública
do Estado. Mas, agora, o foco está no rio Solimões e em uma prática criminosa,
no mínimo, irônica: a onda de ataques de piratas a comboios de traficantes. Com
armamento pesado, que inclui até granadas, eles estão fazendo emboscadas para
roubar as cargas de drogas e, depois matar os traficantes, que muitas vezes são
esquartejados e têm as vísceras jogadas no rio.
De acordo com o assessor
da Secretaria de Segurança Pública (SSP) Mauro Spósito, os “piratas do
Solimões” estão em plena atividade. “Eles atacam as embarcações que estão
transportando drogas, matam os ocupantes, abrem a barriga deles e jogam nos
rios e os mesmos viram comida de peixe”, disse Mauro Spósito.
O assessor relatou que não
é possível informar o número de casos de pessoas que foram mortas pelos piratas
porque as famílias das vítimas nunca procuram a polícia para reclamar, uma vez
que eles também estavam praticando crimes.
As informações chegam por meio de informantes.
Violência
Mas os traficantes não são
as únicas vítimas dos “piratas do Solimões”. De acordo com Spósito, eles também
atacam embarcações para roubar combustível e colocam em risco os próprios
policiais, que desde que o bando começou a atuar, vêm sendo recebidos com mais
violência a cada abordagem a embarcação suspeita. Os tripulantes da embarcação
abordada, sem conseguir identificar que se trata de uma abordagem policial, e
não de um assalto, atiram para matar.
“Foi o que aconteceu em 2010, quando quatro homens da organização
criminosa do traficante peruano Javier atacaram a lancha da Polícia Federal, durante uma abordagem, e
mataram os agentes da Polícia Federal Leonardo Matzunaga Yamaguti e Mauro Lobo,
além de ferir o agente Charles Nascimento”, relembrou Spósito.
De acordo com ele, a
violência dos piratas é tanta que os traficantes têm mais medo deles do que da
polícia. “É que eles, além de ficarem com a droga, ainda matam e afundam a
embarcação. Eles não deixam pistas que possam levar à identificação e prisão
deles”. Segundo Spósito, para se “proteger”, as organizações criminosas
passaram a equipar melhor seus “soldados”, usando, também, armas de alto poder
de fogo e granadas.
Traficantes redobram a ‘segurança’
De acordo com o delegado
da Polícia Federal Rafael Caldeira, as granadas apreendidas pela Polícia
Federal na semana passada estavam sendo usadas para fazer a segurança dos 240
quilos de droga transportados em uma lancha veloz que saiu da cidade de Santa
Rosa, no Peru, e vinha para Manaus.
Na lancha estavam os
brasileiros Renato Moreira Trajano, Alexandre Gomes Palma, André Filgueira do
Remédio e Francisco dos Santos, que foram presos em flagrante. De acordo com
Caldeira além das granadas os presos estavam armados e tinham coletes à prova
de bala.
Durante as investigações,
a Polícia Federal descobriu que três deles tinham sobrevivido a um ataque de
piratas no rio Solimões, no mês de julho.
Outro, identificado como Alexandre, “sumiu” no rio.
“Dessa vez, eles estavam
com alto poder de fogo para reagir a um ataque e até mesmo à ação da polícia”,
revelou o delegado.
Modus operandi
De acordo com o delegado
de Polícia Federal Rafael Caldeira, os ataques acontecem sempre à noite e os
piratas escolhem trechos dos rios que
são desabitados para aguardar as lanchas que estão transportando drogas. Há partes do rio Solimões que estão sendo
consideradas pela polícia “de alto risco” devido aos ataques dos piratas.
Eles estão localizadas nos
municípios de Jutaí, Coari e Manacapuru. A polícia tem informações que os
piratas trabalham com informantes ribeirinhos, que informam sobre a passagem de
lanchas transportando drogas. “Eles reconhecem as lanchas peruanas que
transportam drogas porque o formato delas é muito diferente do das canoas
regionais”, revelou Caldeira.
Fonte/Foto: Joana
Queiroz, com informações do Jornal A CRITICA
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