INCENTIVADOR DA LEITURA, UNIVERSITÁRIO DE SANTARÉM TROCA LIVROS POR POESIA
Ele percorre ruas da cidade com carrinho "Caboclo
Leitor" cheio de livros.
Até agora, já recebeu oito poesias que devem fazer
parte de coletânea.
Um livro por uma poesia.
Esta é a aposta do universitário Ericson Aires, de 27 anos, para descobrir
novos escritores em Santarém e região oeste do Pará. O jovem, que é acadêmico
de geografia na Universidade Federal do oeste do Pará (UFOPA), há um mês
percorre as ruas da cidade incentivando a leitura, divulgando a literatura de
modo geral, sobretudo autores locais.
Para democratizar a
leitura e disponibilizar os livros para toda a população, ele utiliza um
carrinho, fabricado especialmente para transportar os livros, carinhosamente
chamado de “Caboclo Leitor”. Atualmente ele tem um acervo de 400 obras, entre
elas, livros do historiador Padre Sidney Canto e da escritora de Alenquer
professora Áurea Nina Monteiro.
De acordo com Aires, as
obras também são vendidas por preços populares com valor máximo de R$ 10, mas
quem não tem condições de pagar, pode dar ou recitar uma poesia autoral ou de
algum escritor da região. Até agora, o universitário já recebeu oito poesias,
que num segundo momento serão reunidas e farão parte de uma coletânea de
textos, que resultará em um livro. “O Caboclo Leitor está percorrendo as ruas
de Santarém com a ideia de aproximar ainda mais o livro das pessoas e fazer de
Santarém uma cidade leitora. E qual é o diferencial do Caboclo Leitor? É
divulgar a literatura, tanto oral quando escrita da região do Tapajós. Por isso
que é Caboclo Leitor. Todo mundo lê e todo mundo escreve, mas a questão é como
criar espaço para que essas pessoas possam divulgar o seu trabalho. O Caboclo
foi a plataforma que a gente encontrou para que esses escritores anônimos,
possam mostrar a sua arte”, explica Aires.
Para chegar aos locais, o
carrinho precisa ser empurrado, para isso o universitário conta com a ajuda do
amigo acadêmico de antropologia, Pedro Jorge. “A gente passeia, conversa com as
pessoas, apresentando o projeto. Nós não temos um ponto fixo, circulamos pela
cidade, a fim de levar livros para a população”.
Onde o “Caboclo Leitor”
para, chama atenção. Os primeiros pontos visitados foram na área central da
cidade, mas a ideia é levar o acesso aos livros para todas as áreas de
Santarém. “O Caboclo Leitor, é o grito
do Tapajós! É uma tecnologia social que se propõe a fazer com que o livro
chegue cada vez mais perto das pessoas. Então a gente criou uma estrutura
móvel, que possa levar o livro as pessoas, mas não apenas levar os livros as
pessoas, fazer um questionamento de qual é a cidade que a gente quer. Se a
gente tem um carro cheio de livros pela cidade, estamos botando em pauta
assuntos. Queremos uma cidade cheia de livros, onde os livros possam circular,
possam estar perto das pessoas”, enfatiza Aires.
Sebo Porão Cultural
O projeto é uma extensão
do Sebo Porão Cultural - espaço
localizado na Travessa 24 de Outubro, bairro Aldeia, que é utilizado para a
venda livros, CDs e Vinis usados. O lugar, ainda pouco conhecido pelos
santarenos, mas bastante frequentado por universitários foi aberto em junho de
2014 e já conta com um acervo de 5 mil obras de vários gêneros literários.
O Porão também é uma
iniciativa de Ericson Aires. Nascido em Igarapé-mirim, aos 19 anos ele se mudou
para a capital Belém. Lá o projeto de criação do Sebo Porão Cultural deu os
primeiros passos e quando o jovem se mudou para Santarém trouxe com ele a
ideia. “Vir para Santarém faz parte do maior projeto do Porão Cultural que é
tentar criar braços pela Amazônia. O Porão nasceu justamente para tentar
contribuir com a democratização de acesso ao livro no Pará. Quando a gente fala
em Pará, a gente fala em uma região que tem os piores índices de leitura do
Brasil. Quando a gente adentra o Pará e vai olhar para suas sub-regiões, a
gente tem uma região chamada Tapajós, que tem os piores índices de IDH [Índice
de Desenvolvimento Humano] do Pará. Então, ter o Porão Cultural numa região com
essa circunstância, sem sombra de dúvidas pra gente é um avanço e um desafio
muito grande. O porão veio para fazer parte de um sonho maior que é tentar
contribuir com a democratização do próprio conhecimento na região”, destaca
Aires.
Roda-livro
Além do Caboclo Leitor, O
Sebo Porão Cultural tem em atividade o projeto Roda-Livro que consiste em
disponibilizar um espaço, onde as pessoas podem emprestar livros e deixar os
seus no lugar, fazendo as obras terem um alcance maior de leitores. Atualmente este
projeto tem pontos no Mercadão 200, na Feira do Pescador, na Floresta Nacional
do Tapajós, na Comunidade Caranazal e na própria sede do Porão.
SERVIÇO
Sebo Porão Cultural
Local: Travessa 24 de
outubro, 1330, próximo a Praça Tiradentes, bairro Aldeia
Horário de funcionamento:
14h às 18h
Fonte/Foto:
g1.globo.com/Arquivo Pessoal – Ericson Aires
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