PESQUISADORES USARÃO DRONES PARA VIGIAR MATA NA AMAZÔNIA
Aviões não-tripulados já ajudam na preservação em
outros países
O Brasil passará a adotar
drones para monitorar atividades ilegais nas matas da Amazônia e do Cerrado,
como o desmatamento e queimadas. A ideia é do projeto Ecodrones, que será
lançado nesta sexta-feira (17) e é uma iniciativa do Instituto Chico Mendes de Conservação
da Biodiversidade, o ICMBio, ligado ao
Ministério do Meio Ambiente, e da organização WWF-Brasil.
Por transmitirem imagens
em tempo real, os veículos aéreos não-tripulados (Vant) vão observar áreas que
sofrem constantes ataques ilegais de madeireiros ou são consumidas por
incêndios. Desta forma, a vigilância pelo ar vai facilitar a mobilização de
fiscais e equipes de bombeiros.
O Ecodrones já conta com
três equipamentos, mas apenas um tem permissão de voar. O modelo Nauru 500, com
autonomia de 4 horas de voo e alcance de 80 km, é utilizado pelo ICMBio no
monitoramento completo do Parque Nacional Pau Brasil, resquício de Mata
Atlântica na Bahia.
Outros dois Vants aguardam
pela regulamentação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Por enquanto,
só podem voar para testes em uma área delimitada do interior de Goiás.
Segundo Leonardo Mohr,
coordenador geral de proteção do Instituto Chico Mendes, os drones são
ferramentas importantes para a conservação por terem capacidade de alcançar
locais de acesso impossível.
“Tem algumas áreas de
combate ao desmatamento em que os madeireiros ilegais dificultam o nosso
acesso, colocando toras pela estrada. A gente só consegue ficar sabendo disso
quando chega ao local. Nessas situações o equipamento será utilizado e
repassará informações remotas”, explica Mohr.
Da guerra para a proteção
ambiental
A tecnologia, considerada
polêmica já que ainda há debate em torno de sua regulamentação no país, é
conhecida por ser empregada principalmente por forças armadas em combates pelo
planeta. Os Estados Unidos, por exemplo, são um dos países que usam modelos
armados para destruir alvos no Oriente Médio.
Em alguns lugares, os
veículos não-tripulados são usados para inspeção de linhas de transmissão, de
rodovias ou grandes obras.
Mas os “aviões-robô”
também ajudam a “fazer o bem”. Exemplares de diversos tamanhos auxiliam o
governo da África do Sul, onde a caça
predatória diminui a cada
ano a população de rinocerontes e elefantes, e provoca mortes de guarda-parques
que tentam coibir a prática criminosa.
Marcelo Oliveira,
especialista do WWF-Brasil, explica que no Brasil já foram feitos experimentos
com drones em estudos com a população do boto-cor-de-rosa e antas, ambos feitos
na Amazônia.
Ele comenta ainda que em
locais onde os aviões-robôs foram usados para conservação de animais ameaçados,
houve queda de mortes de exemplares e de assassinatos de funcionários de
reservas ambientais. As imagens transmitidas pelos drones conseguiam detectar
melhor onde estavam os caçadores.
O projeto tem a
colaboração de técnicos da Universidade Federal de Goiás e da ONG internacional
Conservation Drones, que confecciona equipamentos especialmente para atividades
de preservação ambiental. Um dos veículos aéreos não-tripulados que serão usados
no Brasil foi projetado pela organização.
Arco do desmatamento terá
prioridade
Sobre o projeto no Brasil,
Oliveira explica que foram feitos workshops com funcionários do governo para
fomentar a ideia da preservação remota. Ele complementa dizendo que a Amazônia
e o Cerrado serão priorizados nesse primeiro momento devido à facilidade de
operacionalização.
Leonardo, do ICMBio,
afirma que as quase 300 Unidades de Conservação do país poderão ser
beneficiadas pelo uso da tecnologia, principalmente as que sofrem maior pressão
humana, pelo desmate, urbanização, caça ou queimadas.
Uma das regiões
consideradas prioritárias pelo projeto é o eixo da BR-163, que liga Cuiabá, em
Mato Grosso, a Santarém, no Pará. A área fica localizada no coração do chamado
“Arco do desmatamento”, faixa territorial que vai de Rondônia, passando por
Mato Grosso, até o Pará.
Fonte/Foto:
ormnews.com.br/G1


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