PARÁ: ASSALTOS E MORTE PREOCUPAM BANCÁRIOS
O 27º assalto a banco
registrado este ano no Pará deixou uma vítima fatal. Ocorrido na última
sexta-feira, o crime resultou na morte do gerente Rodrigo Lima Coutinho, de 28
anos. Após ser baleado com um tiro na perna, durante um assalto à agência do
Bradesco, em Trairão, sudoeste paraense, ele foi levado ao Hospital Municipal
de Santarém, mas não resistiu ao ferimento e morreu no final da tarde do sábado
(11). Rodrigo, que era casado e tinha uma filha, era o único bancário do Posto
de Atendimento Avançado do Bradesco na cidade. Ele atuava na profissão havia 3
anos e seu corpo foi levado para Santarém, onde foi sepultado no último
domingo.
Na sexta-feira, seria
feito o pagamento dos funcionários da Prefeitura. A quadrilha, composta por 5
homens, pretendia roubar o dinheiro desse pagamento, que, por motivos
operacionais, foi adiado para ontem (13). Dentro da agência, os bandidos
renderam vários clientes. Inconformados com a falta de dinheiro no local,
atiraram no gerente. Na saída, quatro clientes do banco foram rendidos e
serviram de escudo-humano para os criminosos, durante a fuga da cidade.
De janeiro a julho deste
ano, o Sindicato dos Bancários já contabilizou 27 assaltos consumados e 14
tentativas, contra 18 ataques e 12 investidas, no mesmo período de 2014. Mesmo
com o crescente número de assaltos nas agências no Pará, os bancários reclamam
que até agora não houve nenhum encontro com representantes da área de segurança
pública do Governo do Estado, para discutir soluções de enfrentamento às
quadrilhas.
“Estamos pedindo para
conversar com o Governo e discutir um plano para a segurança das agências, uma
estratégia para combater esses assaltos. Mas a Secretaria de Segurança Pública
(Segup) não está aberta ao diálogo”, explicou o diretor do Sindicato dos
Bancários do Pará, Sandro Mattos, e representante do Coletivo Nacional de
Segurança Bancária. “Nós temos estratégias também. Temos estudos. Porém, eles
acham que são os únicos que entendem do assunto”, completou Mattos.
NO INTERIOR
Segundo o sindicalista,
desde de 2010 a entidade vem pedindo para que um plano de segurança seja
traçado, principalmente no interior do Pará, onde o policiamento é menor e as
ações são cada dia mais agressivas. No mês passado, por exemplo, duas agências foram
simultaneamente assaltadas em Uruará, por um bando composto por 10 criminosos.
“Nós só tivemos uma resposta da Segup em 2014, que disse que iria agendar, mas
até agora nada”, lembrou Mattos, acrescentando que o Sindicato vai continuar
insistindo até que algo mais severo seja feito para conter os criminosos.
Esta semana, o Sindicato
dos Bancários realizará dois atos ecumênicos para lembrar a morte do gerente
Rodrigo Lima e cobrar severidade nas apurações. “Vamos para a porta do
Bradesco, na Avenida Presidente Vargas, em Belém, e outro grupo fará o ato no
Bradesco de Santarém, entre quinta e sexta-feira”, ressaltou Sandro Mattos.
Atualmente, o Pará tem 492 agências bancárias, sendo 160 na Região
Metropolitana de Belém e 332 no interior, as quais são consideradas mais
vulneráveis aos assaltos do estilo ‘novo cangaço’ ou ‘vapor’. Nesse tipo de
ação, os bandidos entram nas agências, fazem funcionários e clientes reféns e
provocam o pânico nas cidades.
ASSALTOS MAIS COMENTADOS
DE 2015
MAIO
No dia 5, um homem foi
usado como escudo humano durante a fuga de um grupo que assaltou a agência do
Banco do Brasil de Porto de Moz, no Baixo Amazonas. Os criminosos usavam dois
carros e, fortemente armados, renderam clientes e funcionários do banco e
roubaram uma quantia que não foi revelada. As câmeras de segurança registraram
a cena, que mostra o destemor com a vida.
JUNHO
No dia 10, dois bancos
foram invadidos ao mesmo tempo no município de Uruará, no sudoeste do Pará. Os
assaltos assustaram os moradores, que nunca tinham visto a cena de faroeste
antes na pacata cidade. Durante a fuga, em três diferentes carros, a quadrilha
fez várias pessoas reféns. Houve troca de tiros com a polícia.
JULHO
No dia 10, cinco homens
armados invadiram a agência bancária do Bradesco, em Trairão. Eles chegaram ao
local agressivos e renderam os funcionários e clientes. O gerente foi baleado e
precisou passar por uma cirurgia, mas não resistiu e morreu. Os assaltantes
trocaram tiros com os policiais e depois fugiram para um matagal. Ninguém foi
preso.
ÚLTIMA MORTE EM 2012
A última morte em
decorrência de assalto a banco foi de Francivaldo Soares da Silva, assassinado
durante uma tentativa de assalto ao Banco do Brasil em São Domingos do Capim,
nordeste do Pará, em dezembro de 2012. Ele tinha 21 anos de idade e passar em
um concurso público era seu maior sonho, que foi interrompido com apenas três
meses na profissão. O bancário estava em sua casa, às proximidades do local de
trabalho, quando ouviu o barulho na agência e foi checar o que estava acontecendo.
Na fuga dos criminosos, ele foi levado e jogado no rio e, como não sabia nadar,
morreu afogado.
COMO AS QUADRILHAS AGEM
ARROMBAMENTO
Quando acontecem explosões
de agências bancárias e de caixas eletrônicos, sem refém, com o uso de
furadeiras magnéticas, maçarico e explosivos.
SAPATINHO
A tática dos criminosos em
abordar um funcionário e/ou seus familiares, mantê-los como reféns até que a
quantia de dinheiro do cofre dos bancos seja entregue à quadrilha. Geralmente,
os gerentes dos bancos são os mais visados.
VAPOR OU NOVO CANGAÇO
É a forma mais violenta de
assalto de todas as classificadas. É quando os bandidos dominam os policiais de
uma determinada localidade ou os seguranças da agência, fazem reféns e atiram
para o alto, provocando o pânico na população.
Fonte/Foto:
Sindicato dos Bancários do Pará / Valdecir Mecca - Uruará em Foco

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