MPF DENUNCIA IRREGULARIDADES EM REMOÇÃO DE RIBEIRINHOS EM BELO MONTE - sexta-feira 10 de julho de 2015 - 2:52 PM
Remoção das famílias, afirma o MPF, impõe a
necessidade de manutenção do modo de vida das comunidades afetadas
Belém - O Ministério
Público Federal no Pará (MPF-PA) apontou uma série de irregularidades no
processo de remoção dos ribeirinhos que serão atingidos pelas obras da
hidrelétrica de Belo Monte, em construção no Rio Xingu, no Pará.
De acordo com o relatório
de inspeção realizada em junho na região de Altamira e Vitória do Xingu,
principais municípios atingidos pelas obras, a remoção compulsória comete
irregularidades, ao "ignorar completamente o modo de vida dessas famílias",
condição que deveria ser contemplada, de acordo com o Plano Básico Ambiental
(PBA) do projeto, documento que detalha os programas para a minimização dos
impactos negativos da usina.
A remoção das famílias,
afirma o MPF, impõe a necessidade de manutenção do modo de vida das comunidades
afetadas em condições no mínimo, semelhantes às que detinham antes do impacto.
O documento alerta sobre o risco de os ribeirinhos ficarem desprovidos de
acesso aos seus meios de subsistência.
"Entre diversas
irregularidades apontadas, o relatório de inspeção destaca que, sem a opção de
remoção para assentamentos em áreas próximas do rio, os ribeirinhos acabam
sendo coagidos a aceitar indenizações insuficientes para a aquisição de local
que permita a recomposição de suas condições de vida, rompendo ainda com um
padrão cultural de ocupação do território, que tem como característica
essencial a dupla moradia: uma casa nas ilhas, para a pesca e a agricultura, e
outra na cidade, para a venda da produção e para acesso à saúde e à
educação", declara o MPF.
Em reportagem publicada há
duas semanas, o jornal "O Estado de S. Paulo" revelou os dramas
sociais e ambientais que envolvem o processo de remoção de mais de 25 mil
pessoas no entorno de Altamira.
Segundo o MPF, após a
realização da inspeção, o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos
Naturais Renováveis (Ibama), responsável por emitir as licenças da usina,
notificou a concessionária Norte Energia, dona de Belo Monte, sobre as
remoções.
O MPF-PA declarou que
aguarda a resposta do governo federal quanto às alternativas que serão
apresentadas para a readequação do processo de remoção. A inspeção na região
foi realizada pelo MPF em conjunto com o Conselho Nacional de Direitos Humanos
(CNDH), o Ibama, a Fundação Nacional do Índio (Funai), o Ministério da Pesca e
Aquicultura (MPA), a Defensoria Pública da União (DPU), a Defensoria Pública do
Estado do Pará (DPE-PA) e a Procuradoria Federal Especializada da Funai
(AGU-Funai).
O trabalho teve ainda
participação de pesquisadores e professores ligados à Universidade de São Paulo
(USP) e Universidade de Chicago, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e
Universidade Federal do Pará (UFPA).
Fonte:
Agência Brasil - portal@d24am.com


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