ÁUDIO VAZA, E FESTIVAL DE BOI-BUMBÁ VIRA ALVO DE APURAÇÃO NO AMAZONAS (JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO, EDIÇÃO DE HOJE, 09.07.2015)
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| Apresentação do vitorioso Boi Caprichoso, no Festival de Parintins que terminou há uma semana. |
Famoso palco de duelo de
agremiações de boi-bumbá, o Festival de Parintins (AM) terminou semana passada,
mas o resultado da 50ª edição pode se arrastar por meses.
Um dia após os jurados
decretarem a vitória do Boi Caprichoso, o Ministério Público abriu investigação
para apurar suposto uso indevido de dinheiro público investido na festa –o
governo aplicou, neste ano, R$ 9,6 milhões.
A polêmica começou após
vazamento de uma interceptação telefônica, cuja legalidade também entrou na
mira da Promotoria, com a suposta negociação de compra de votos de jurados por
diretores do Boi Caprichoso.
A disputa entre Caprichoso
e Garantido ocorre desde 1966 e dura três noites em Parintins, a 368 km de
Manaus.
A festa atrai turistas de
todas as partes, patrocínios públicos e privados e faz dobrar a população do
município, hoje em 110 mil habitantes.
Os bois se apresentam no
bumbódromo. As agremiações encenam rituais que exaltam o folclore amazônico –e
até o comportamento das duas torcidas durante os espetáculos vale pontos.
O vazamento do áudio antes
da decisão fez o Garantido pedir a anulação do festival, mas sem sucesso. Após
o resultado, que deu ao Caprichoso seu 21º título, o Garantido (dono de 30
troféus) acionou o Ministério Público.
O caso corre sob sigilo.
"Há muitos rumores na cidade, o caso envolve sentimento de paixão, e
muitas pessoas não entendem nosso foco", disse o promotor Flávio Silveira.
O Garantido questiona,
além da suposta negociação de suborno, uma nota máxima obtida pelo Caprichoso
em uma apresentação que ocorreu de forma incompleta por causa da forte chuva.
"Só eles [jurados]
podem explicar a nota. Talvez tenham se sensibilizado pelo esforço dos
artistas", diz o presidente do Caprichoso, Joilto Azêdo, que questiona a
legalidade da gravação e nega a compra de jurados.
Os integrantes do
Caprichoso flagrados na conversa telefônica pertenciam, até o ano passado, ao
boi rival.
"Estamos muito
tranquilos, essas polêmicas são tradicionais, um perde, outro ganha", diz
o líder do Caprichoso, queixando-se da "apelação" da agremiação
rival.
Azêdo teme que a polêmica
respingue nas próximas edições da tradicional festa.
A Folha procurou os
diretores do Boi Garantido, que não quiseram se manifestar. Já o governo do
Amazonas diz que as denúncias "não mancham a imagem do evento".
Fonte/Foto: Lucas Reis, de São Paulo/Raimundo Paccó - Frame - Folhapress


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