AS ESTRADAS PRIVADAS
O advogado José de Alencar enviou de Fairbanks, no Alasca, aonde chegou em excursão de motocicleta iniciada em Belém, uma mensagem sobre a operação das rodovias brasileiras que merece ser lido.
Rodovia brasileira que
serve prioritariamente aos interesses puramente privados – transporte de grãos,
de gado, de mercadorias etc – deve mesmo ser entregue para a iniciativa
privada, que até agora se serve das rodovias públicas para maximizar lucros.
Como as rodovias são públicas,
os que delas fazem uso não têm escrúpulo algum em destruí-las cotidianamente
com sobrecargas.
Viajo muito de motocicleta
pelo Brasil – e pelas Américas – e considero uma vergonha (falta dela, na
verdade) o asfalto afundar nos metros que antecedem as poucas balanças,
deixando claro para qualquer um que a sobrecarga é a regra e mesmo com
sobrecarga é possível passar pelas balanças. Nas rodovias pedagiadas isso não
acontece pela simples razão de que a operadora cuida da rodovia como
propriedade sua e não é maluca para permitir a destruição de sua mina de
dinheiro.
As rodovias do Mato
Grosso, por exemplo, deveriam ser todas pedagiadas porque servem apenas para
transporte de cargas (grãos, via de regra). É possível viajar um dia inteiro em
uma dessas rodovias sem encontrar um só ônibus (nas férias nem ônibus escolar).
E quando se encontra são ônibus de transporte de trabalhadores para alguma
indústria. Essas rodovias são parcamente sinalizadas e quase não existem placas
com nomes dos locais e distâncias, pois foram feitas apenas para uso dos
caminhões.
Nossas autoridades
deveriam ser obrigadas a fazer pelo menos metade de suas viagens pelo modal
rodoviário, para que fossem apresentadas às nossas rodovias e vice-versa.
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- (*) Lúcio Flávio Pinto é jornalista profissional desde 1966. Percorreu
as redações de algumas das principais publicações da imprensa brasileira.
Durante 18 anos foi repórter em O Estado de S. Paulo. Em 1988 deixou a grande
imprensa. Dedicou-se ao Jornal Pessoal, newsletter quinzenal que escreve
sozinho desde 1987, baseada em Belém
No jornalismo, recebeu
quatro prêmios Esso e dois Fenaj, da Federação Nacional dos Jornalistas. Por
seu trabalho em defesa da verdade e contra as injustiças sociais, recebeu em
Roma, em 1997, o prêmio Colombe d’oro per La Pace e, em 2005, o prêmio anual do
CPJ (Comittee for Jornalists Protection), de Nova York.
Fonte:
lucioflaviopinto.wordpress.com
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