AS ESTRADAS PRIVADAS


- publicado por Lúcio Flávio Pinto (*) 30 de julho de 2015          
O advogado José de Alencar enviou de Fairbanks, no Alasca, aonde chegou em excursão de motocicleta iniciada em Belém, uma mensagem sobre a operação das rodovias brasileiras que merece ser lido.
Rodovia brasileira que serve prioritariamente aos interesses puramente privados – transporte de grãos, de gado, de mercadorias etc – deve mesmo ser entregue para a iniciativa privada, que até agora se serve das rodovias públicas para maximizar lucros.
Como as rodovias são públicas, os que delas fazem uso não têm escrúpulo algum em destruí-las cotidianamente com sobrecargas.
Viajo muito de motocicleta pelo Brasil – e pelas Américas – e considero uma vergonha (falta dela, na verdade) o asfalto afundar nos metros que antecedem as poucas balanças, deixando claro para qualquer um que a sobrecarga é a regra e mesmo com sobrecarga é possível passar pelas balanças. Nas rodovias pedagiadas isso não acontece pela simples razão de que a operadora cuida da rodovia como propriedade sua e não é maluca para permitir a destruição de sua mina de dinheiro.
As rodovias do Mato Grosso, por exemplo, deveriam ser todas pedagiadas porque servem apenas para transporte de cargas (grãos, via de regra). É possível viajar um dia inteiro em uma dessas rodovias sem encontrar um só ônibus (nas férias nem ônibus escolar). E quando se encontra são ônibus de transporte de trabalhadores para alguma indústria. Essas rodovias são parcamente sinalizadas e quase não existem placas com nomes dos locais e distâncias, pois foram feitas apenas para uso dos caminhões.
Nossas autoridades deveriam ser obrigadas a fazer pelo menos metade de suas viagens pelo modal rodoviário, para que fossem apresentadas às nossas rodovias e vice-versa.

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- (*) Lúcio Flávio Pinto é jornalista profissional desde 1966. Percorreu as redações de algumas das principais publicações da imprensa brasileira. Durante 18 anos foi repórter em O Estado de S. Paulo. Em 1988 deixou a grande imprensa. Dedicou-se ao Jornal Pessoal, newsletter quinzenal que escreve sozinho desde 1987, baseada em Belém
No jornalismo, recebeu quatro prêmios Esso e dois Fenaj, da Federação Nacional dos Jornalistas. Por seu trabalho em defesa da verdade e contra as injustiças sociais, recebeu em Roma, em 1997, o prêmio Colombe d’oro per La Pace e, em 2005, o prêmio anual do CPJ (Comittee for Jornalists Protection), de Nova York.

Fonte: lucioflaviopinto.wordpress.com


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