AMAZONAS É UM DOS ESTADOS MAIS RACISTAS, AFIRMA PESQUISADORA
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| O tema deste ano do “4º Encontro”, realizado na Nilton Lins, discutiu Mulheres Negras nos “Espaços de Poder” |
'Ele nega e silencia sobre
a presença negra nessa região', sustenta. Os avanços e desafios voltados as
políticas públicas para as mulheres na
Amazônia foram apresentados durante o 4º Encontro de Mulheres Afro-Ameríndias e
Caribenhas
A tecnologia e a inovação
devem ser braços reais no desenvolvimento das políticas públicas na Amazônia e
no Brasil de forma mais geral. Somente assim será possível avançar e superar
obstáculos tanto no contingente de pessoas a serem alcançadas quanto na
efetividade dessas políticas em tempo menor, afirma a pesquisadora e professora
Heloísa Helena Corrêa da Silva, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).
Uma das cinco expositoras
no 4º Encontro de Mulheres Afro-Ameríndias e Caribenhas, realizado no sábado
(25), de 9h às 18h, no Centro Universitário Nilton Lins, Zona Norte, Parque das
Laranjeiras, Zona Norte, a pós-doutoranda Heloísa Helena abordou o tema
Mulheres da Pan-Amazônica: avanços e desafios apresentando alguns dados da
pesquisa que ora realiza. O tema deste ano do
4º encontro discutiu Mulheres Negras nos Espaços de Poder.
Heloísa Helena questiona a
ausência da tecnologia e da ciência na implementação das políticas públicas
e considera que esse distanciamento se
reflete diretamente na manutenção das desigualdades e da falta de qualificação
regionais.
“Temos que desenvolver
tecnologias que nos possibilitem inovar e alterar o atual quadro amazônico e
pan-amazônico”, defende. “Se queremos lutar por desenvolvimento nessa região,
precisamos buscar qualificação nos recursos naturais. Precisamos saber sobre como
daremos conta de políticas públicas que contemplem os insumos regionais”.
O protagonismo das
mulheres pan-amazônicas na manutenção de valores e de vigor de uma economia
informal é um dados que sobressai de acordo com a pesquisadora. “A figura da
mulher é majoritária. No Brasil, é olhar com atenção os registros oficiais do
Programa do Governo Federal Bolsa Família”.
ÍNDIAS E NEGRAS
Para a professora Otacila
Barreto, mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia, pela Ufam, a resistência
indígena se realiza cotidianamente em várias frentes. “Falo para vocês que
estamos resistindo fisicamente, enquanto expressão da cultura e como uma
proposta de sustentabilidade”.
Para a educadora indígena,
da etnia tucano, a luta dos indígenas tem caráter permanente e, hoje, “está diante de várias ameaças”, em
função dos projetos propostos e em andamento que asfixiam as terras indígenas e
impactam duramente o modo de vida dos povos tradicionais. Otacila fez a
saudação dela na língua tucano e perguntou quem poderia traduzir o que ela
disse. Ali, fora a mãe dela, presente na plateia, ninguém sabia.
Amazonas, o mais racista
dos Estados
Estudiosa da história da
escravidão africana na Amazônia, a pós-doutora Patrícia de Melo Sampaio, da
Ufam, classifica o Amazonas como um dos Estados mais racistas do Brasil porque
“nega e silencia sobre a presença negra nessa região”.
Na exposição onde trata do
“ser escravo em Manaus no século 19”, Patrícia Sampaio mostra que ao contrário
do que ocorreu nas cidades de Belém
e Maranhão, onde a maioria dos
escravizados eram homens, em Manaus as mulheres compunham o maior número.
De acordo com a
pesquisadora, para 353 escravizados, mais de 500 negros viveram em Manaus e
nunca foram escravos. Para a ela, o silenciamento sobre os pretos do Amazonas
mostra uma posição que está vinculada à escravidão como uma marca de pensar o
Brasil. Pensamento que ainda é forte e determina um imaginário para reforçar a
negação dos negros no Estado e uma política de branqueamento.
’Ação além do papel’
“Queremos saber o que
existe hoje, realmente, de política afirmativa no Estado do Amazonas. No papel
tem muita coisa, e sem ser no papel, como ação efetiva, o que tem?”, questiona
a ativista ex-metalúrgica Luzarina Varela. Uma das referências da luta pelos
direitos da mulher no Estado, Luzarina
se diz cansada e impaciente com as “políticas de papel”, onde tudo é
certinho, até bonito enquanto a realidade revela um outro cenário perverso.
Para a presidente da
Comissão da Mulher Advogada da Ordem dos Advogados do Amazonas (OAB-AM), Maria
Gláucia Barbosa Soares, é preciso avançar muito e sensibilizar os que estão no
Poder.
Sem planos
O secretário de Estado,
Justiça e Cidadania do Amazonas (Sejusc), mediadora de uma das duas mesas no 4º
Encontro de Mulheres Afro-Ameríndias e Caribenhas, disse que o Estado não tem
política específica para as mulheres negras. O que está sendo construído é um
plano de ação para as mulheres.
Fonte/Foto:
Ivânia Vieira – ACRITICA.COM


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