ADAPTAÇÃO FORA DA TRIBO DIFICULTA INCLUSÃO DE ÍNDIOS ATIRADORES NO RIO-2016
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| Alvo completamente furado depois da prova de tiro com arco no Pan |
O Brasil já identificou
talentos indígenas que, de fato, poderiam praticar o tiro com arco em alto
nível. Para a confederação do esporte no país, há um obstáculo: a adaptação do
índio ao ambiente fora da tribo.
O presidente da
confederação de Tiro com Arco, Vicente Fernando Blumenschein, contou que já fez
prospecções, e competições em tribos no Mato Grosso, e no Amazonas. Em uma
delas, por exemplo, atletas experientes e índios trocaram de equipamento - os
primeiros ficaram com os arcos e flechas indígenas e os nativos com o
equipamento olímpico.
"Quem você acha que
ganhou? Eles. São capazes de acertar um alvo a 60 metros de distância. Saí para
pescar com eles com arco, só acertei um peixe, e eles acertaram vários",
contou o dirigente. Segundo Blumenschein, índios conseguem se adaptar bem ao
tiro com arco olímpico.
O problema é tirar o
indígena do seu ambiente. O índio e arqueiro Dream Braga da Silva chegou a
entrar na seleção olímpica em 2014, e ficou três meses no centro de treinamento
em Maricá. Só que, depois da ascensão, passou a ter alguns resultados ruins e
voltou para a tribo Kabeba, no Amazonas. Com isso, está praticamente descartado
o projeto de ter um indígena na Olimpíada do Rio-2016.
"Estamos pensando
para 2020 ou para 2024", contou Blumeschein, que é casado com uma
indígena. Há campeonatos de arcos naturais e um centro de treinamento no
Amazonas, mas fica a largas distâncias das tribos – cinco ou seis dias de
barco. Além disso, com cortes de investimento, foi preciso concentrar esforços
no centro em Maricá.
O dirigente destaca, entre
as tribos, o desempenho dos Cinta Larga e dos Araras, no Mato Grosso. Apesar
das dificuldades de adaptação, ele não perder as esperanças de contar com o
talento indígena para acrescentar ao crescimento do esporte, que voltou a ganhar
uma medalha no Pan após 32 anos.
Fonte/Foto:
Rodrigo Mattos – UOL/Rebecca Blackwell


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