PARÁ: SIMÃO JATENE DISPENSA FORÇA NACIONAL



Bombardeado por todos os lados com críticas pela omissão no combate à violência desenfreada no Estado, o governador do Pará, Simão Jatene resolveu reagir - mas como de praxe - apenas no discurso. No fim de semana, finalmente rompeu o silêncio que vinha mantendo e veio a público falar do assunto que tanto preocupa os paraenses. Ao invés de apresentar propostas, contudo, optou pela estratégia de culpar a janela pela paisagem. Usando o perfil no facebook e em entrevista ao jornal O Liberal (que usou o mesmo texto duas vezes em páginas diferentes), Jatene falou do assunto sem conseguir citar sequer uma medida prática a ser tomada pelo Estado no sentido de tentar tranquilizar a população.
Limitou-se a criticar veículos de comunicação que divulgam os casos e as estatísticas nacionais de violência. Indagado sobre a possibilidade de envio, pelo governo federal, da Força Nacional para colaborar com o Pará, Jatene praticou seu esporte favorito: a retórica vazia. Elogiou a corporação, mas se recusou a responder claramente se aceita ou não a ajuda. “É importante registrar para que todos saibam, inclusive aqueles que querem fazer da Força Nacional uma panaceia, que não se pode criar ilusões, expectativas que não podem ser cumpridas”, declarou sem nada dizer.
No post do facebook, reproduzido no jornal oficial, alimentado com gordas verbas publicitárias do governo, Jatene fez um longo prólogo sobre a crise fiscal, a crise de valores da sociedade e falou “destruição de princípios e valores que atinge a todos e dificulta encontrar saídas duradouras”. Referiu-se também à crise ética, mas ao falar de violência, como costuma fazer, negou a realidade que coloca o Pará entre os Estados mais violentos do País e faz de cidades como Ananindeua, na Região Metropolitana de Belém, a campeã nacional de homicídios (segundo dados do Observatório de Homicídios). Isso sem contar o Mapa da Violência 2015 (Mortes Matadas por Armas de Fogo) que coloca a cidade da RMB entre as que têm taxa de assassinatos acima de 100 por grupo de mil habitantes, o que equivale à violência registrada apenas em zonas de guerra. O estudo é nacional e foi feito pelo pesquisador Julio Jacobo, uma autoridade no assunto.
Há duas semanas, os paraenses assistiram estarrecidos a casos como o da menina Ana Caroline Siqueira, de apenas oito anos, morta em uma festa de aniversário. Em apenas um final semana, a violência transbordou com registros típicos de uma guerra: 21 mortos apenas na capital e cidades do entorno. Os números estarrecedores levaram a população às ruas da cidade no domingo, 31 de maio. Foi um protesto contra a violência e um pedido de paz.
Pesquisas nacionais recentes colocam o Pará entre os estados mais violentos do país. Segundo o estudo “Observatório de Homicídios”, Ananindeua foi a cidade que registrou a maior taxa de homicídios por 100 mil habitantes (125,7), com 608 assassinatos no ano.
Já a ONG mexicana Conselho Cidadão para a Segurança Pública e a Justiça Criminal coloca Belém como a 18ª mais violenta do mundo.
MAIS PROMESSAS...
Nas páginas de O Liberal, Jatene contou vantagem e apresentou balanços positivos. Prometeu novo concurso para aumentar o contingente de policiais, anunciou a chamada de homens da reserva para reforço emergencial e garantiu que tem feito investimentos em equipamentos e logísticas. Ainda aproveitou para elogiar as ações do indefectível Propaz, criado para abrigar a filha Izabela Jatene. Para o governador do Pará, é nesse programa que parecem estar depositadas todas as esperanças de combater a violência no Estado. Para usar uma palavra cara ao governador, o Propaz sim parece ser a panaceia para todos os males de um governo que tem se destacado pela inércia.

Fonte/Foto: Diário do Pará/Divulgação

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