CHEIA DESTE ANO PODERÁ SER 2ª MAIOR DA HISTÓRIA DE MANAUS, DIZ CPRM


Cheia afeta comerciantes no Centro de Manaus

Alerta emitido pelo órgão prevê que o Rio Negro pode atingir 29,89 metros.
Nível perde apenas para 2012, quando a capital teve cheia recorde.
O Serviço Geológico do Brasil (CPRM) informou nesta segunda-feira (1º) que a previsão de cota máxima do Rio Negro para este ano subiu para 29,89 metros. O nível previsto está abaixo apenas da marca registrada em 2012 (29,97), quando a capital registrou a maior de sua história. Nesta segunda, o nível do Rio Negro está em 29,39 metros.
O bairro do Educandos, Zona Sul, é um dos mais afetados neste ano. Um trecho da Rua dos Barés, no Centro de Manaus, foi interditado no mês passado. A Prefeitura construiu pontes nos dois lados da via para facilitar o acesso de pessoas no local, já que a rua está situada em uma área comercial.
Um dia após o Rio Negro bater a cota de emergência, que é de 28,94, a Prefeitura decretou emergência em áreas invadidas pelas águas na capital. A situação ainda não foi reconhecida pela Defesa Civil do Estado do Amazonas.

Cheia deixa lixo próximos das casas na capital amazonense
A subida do Rio Negro depende do represamento das águas do Rio Solimões e do volume de chuva que atinge a bacia do Rio Negro. Ao G1, o superintendente do CPRM, Marco Antônio Oliveira, afirmou que, no atual período, o nível do Negro vai depender mais das chuvas.
"A cheia já é grande. Se chover dentro da média ou abaixo da média, é bem provável que essa previsão fique até, no máximo, em 29,59 metros [previsão mínima de cheia]. Agora, se chover muito, é possível que a previsão ultrapasse esse intervalo e atinja o nível de 29,89 metros [previsão de nível máximo]. O Solimões continua represando o Negro, mas para o Solimões o nível é de pico de cheia, com tendência de descida. Isso também vai acabar impactando Manaus", explicou.
O superintendente do CPRM disse ainda que a subida do Rio Negro está dentro da normalidade para o período. "É difícil falar quando a cheia termina, mas é possível que ela se estenda até meados do mês de junho. Se for uma cheia como as anteriores, esse período acima da cota de emergência pode chegar a mais de 70 dias - a contar do dia 20 de maio, quando o rio atingiu a cota de emergência. É provável que entremos o mês de junho em situação de emergência [cota de inundação]", afirmou.
Mudança gradual
A previsão divulgada nesta segunda-feira é o terceiro alerta de cheia do CPRM para Manaus. O primeiro alerta foi dado no dia 31 de março, quando o CPRM previa uma cheia acima da média na capital. O segundo alerta do órgão, divulgado no dia 30 de abril deste ano, previa nível de 29,62 metros.
O superintendente CRPM, Marco Antônio Oliveira, explicou que desde o início da cheia em Manaus houve mudança gradual no limite da previsão da enchente em Manaus.
"Então a previsão dada hoje [ 1º de junho] indica que o Rio Negro possa atingir a cota de 29, 89m, provavelmente, oscilando entre o valor médio previsto de 29,59m. Então, já é uma cheia grande, já está entre as dez maiores e pode ficar entre as cinco maiores cheias", disse.
Oliveira observou ainda que vazantes dos rios em ritmo menor estão influenciado nas cheias futuras na capital. No entanto, segundo ele, a previsão da cheia está condicionada à evolução do Rio Negro, consequentemente devido às chuvas que ainda vão cair na bacia do rio.
"Temos observado que, de 2005 para cá, as vazantes têm sido muito pequenas, potencializando, então, o tamanho das cheias. É uma tendência que a gente vem observando, e já indicando uma Amazônia mais chuvosa, mais úmida e que, portanto, com cheias recorrentes", explicou.
Chuvas
Ricardo Dallarosa, chefe da Divisão de Meteorologia do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), disse que há previsão de chuvas acima da média para os próximos meses.
"A expectativa é que agora estaremos entrando na estação seca, o que significa menos chuva na Amazônia Brasileira, mas vamos ter aí bastante chuva no noroeste da Região Amazônica, o que significa que vamos ter bastante chuva na Bacia do Rio Negro. É importante a gente ficar observando, porque a expectativa de chuvas acima da média no Rio Negro pode ser um fator determinante para que o nivel do rio aqui em Manaus possa alcançar valores ainda mais significativos até esse momento", disse.
Dallarosa explicou ainda que o volume de chuvas na região recebe valores excedentes de precipitação sobre a Amazônia fora do Brasil - Sul da Colômbia, Leste do Peru e Norte da Bolívia. "E essa situação deve permanecer nas próximas semanas", afirmou.
Cheia em Manaus
De acordo com a Defesa Civil de Manaus, a cheia deste ano deve atingir três mil famílias na área urbana e 1 mil na zona rural. A alta do Rio Negro já afeta os bairros Educandos e Mauazinho, na Zona Sul, e São Jorge, na Zona Oeste.
Até o fim da subida das águas, 15 bairros poderão ser afetados. A Defesa Civil Municipal informou que o Educandos será o mais prejudicado. No local, 775 famílias devem ser afetadas.
Cheia no interior
O número de municípios em situação de emergência por conta da cheia no Amazonas subiu para 29. De acordo com a Defesa Civil do Estado, as cidades de Anori, Anamã, Manacapuru, Careiro da Várzea, Uarini, e Jutaí entraram na lista de emergência. Nos seis municípios, 78.458 mil pessoas estão afetadas pela enchente. Até o momento, Boca do Acre é o único a decretar calamidade pública, enquanto Itacoatiara, Alvarães e Humaitá estão em situação de alerta.

Fonte/Fotos: Sérgio Rodrigues –G1 AM/Adneison Severiano – Suelen Gonçalves

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