TRISTE RECORDE: PARÁ LIDERA EM NÚMERO DE MORTES NO CAMPO
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O massacre em ELdorado dos Carajás completou 19 anos na última sexta-feira e até hoje ninguém foi punido |
A Comissão Pastoral da
Terra divulgou anteontem dados que destacam o Pará como o Estado onde mais se
pratica a violência no campo. De acordo com os números, ocorreram 9 mortes em
território paraense em 2014.
Em todo o Brasil, foram
mortos 36 ativistas de causas da terra e do meio ambiente no país. Segundo a
CPT, Maranhão e Rondônia empataram em segundo lugar no número de mortes, com 5
episódios cada. Para a Comissão Pastoral da Terra, os movimentos que lutam pela
terra e os povos indígenas que também lutam por direito ao seu território não
têm a quem recorrer.
A Comissão Pastoral faz,
há 30 anos, o monitoramento da violência no campo. Para o representante da CPT,
Rubens Siqueira, a falta de punição “incentiva” a violência no campo. Ele
lembra o massacre de Eldorado de Carajás - quando 19 sem-terra foram mortos a
tiros por policiais em uma marcha de protesto contra a demora em desocupação de
terras em Eldorado dos Carajás.
O massacre completou 19
anos na última sexta-feira e até hoje ninguém foi punido. “O caso de Eldorado é
clamoroso. É um país de faz de conta, as autoridades lamentam, vão lá, mas nada
acontece”, diz o coordenador da CPT.
“O Estado favorece esse
processo de reciclagem da violência, porque essa população fragilizada não tem
a quem recorrer. A Justiça demora, falha, ou, quando acontece, livra o
mandante. É um ciclo vicioso no campo, que nunca parou e está sempre crescendo”,
reforça Siqueira.
Os dados da ONG
internacional Global Witness, regiatraram 29 mortes, 7 a menos que a apuração
feita pela pastoral. Mesmo assim, os números fazem com que, pelo quarto ano
consecutivo, o Brasil lidere a lista de países que mais tiveram ativistas
ambientais e agrários assassinados compilada pela
Das 29 mortes de líderes e
militantes de causas ambientais ou agrárias registradas no país no ano passado,
26 delas estavam ligadas a conflitos de terra. Quatro das vítimas eram
indígenas.
O Brasil está à frente de
países como Colômbia (25 mortes em 2014), Filipinas (15 mortes) e Honduras (12
mortes). Desde 2002, só houve um ano, 2011, em que o país não liderou esta
lista. Ao todo, 477 “ativistas ambientais ou agrários” foram assassinados no
país desde 2002, segundo a ONG.
Fonte/Foto: Diário
do Pará/Cezar Magalhães
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