A 28 CM DE COTA HISTÓRICA, CHEIA DO RIO SOLIMÕES AFETA MILHARES NO AM
Município de Tabatinga tem 75% de áreas alagadas; rio
chegou a 13,54 m.
18 municípios estão em situação de emergência no
interior do estado.
A menos de 30 centímetros
de alcançar o nível da maior cheia do Rio Solimões, Tabatinga está com 75% das
zonas urbana e rural atingidas pela subida das águas. A estimativa da Defesa Civil
Municipal é que cerca de 9 mil pessoas enfrentam os impactos negativos da cheia
deste ano. Tabatinga é um dos 18 municípios em situação de emergência por conta
da enchente no interior do Amazonas. Moradores de áreas alagadas relatam
transtornos em uma das maiores cheias dos últimos anos.
O município de Tabatinga
fica localizado na tríplice fronteira (Brasil, Colômbia e Peru) a 1.105 km de
Manaus. A cidade é situada na calha do Alto Solimões, região mais afetada pela
cheia no Amazonas, que agora convive com a iminência de registrar mais uma
enchente histórica.
O nível do Rio Solimões
alcançou a marca de 13,54 metros neste domingo (26). Faltam apenas 28
centímetros para a cota histórica de 13,82 m, registrada na cheia de 1999, ser
atingida e 22 cm para chegar ao segundo maior nível registrado em Tabatinga
(cheia de 2012). Segundo a Defesa Civil Municipal, o rio tem subido cerca de 4
centímetros diariamente.
Da porta da residência
onde mora com mais 13 pessoas, a dona de casa Adelaide Gonçalves, de 52 anos,
acompanha o avanço das águas. Ela é moradora do Bairro Guadalupe, uma das seis
localidades ribeirinhas que estão submersas. A população utiliza passarelas de
madeira improvisadas para circular pelas ruas.
Mesmo há 20 anos
convivendo com regime de cheias e os danos gerados pela inundação, Adelaide
mantém o anseio de deixar para trás a vida às margens do Solimões. "Há
quatro anos espero a residência que a prefeitura prometeu. É um sonho sair
dessa enchente. Não suportamos passar todos os anos por essa situação",
desabafou a dona de casa.
Outros cinco bairros de
Tabatinga estão alagados: Dom Pedro, Portobras, Brilhante, Umariaçu I e II. De
acordo com titular da Defesa Civil Estadual, coronel Roberto Rocha, o nível do
Rio Solimões tem aumentado cada a cada dia na região.
"Temos uma
preocupação com essa evolução gradual e gradativa. Acreditamos que pode chegar
ou ultrapassar a marca da cheia de 2012. Por isso estamos reforçando a linha de
trabalho da distribuição de medicamentos e a retirada das famílias de áreas
alagadas para levá-las aos abrigos seguros", explicou Roberto Rocha.
Escolas sem aulas
Segundo o secretário de
Defesa Civil do município, J. Costa, 25% da área urbana e 50% da zona rural
estão alagados. O avanço das águas atingiu 29 comunidades, afetando quase 9 mil
moradores.
"Estamos com 28
escolas da rede pública de ensino com atividades paralisadas e com 1.631 alunos
sem aulas há mais de 30 dias. Entre desabrigados e desalojados são 88
famílias", informou o secretário.
Uma das reclamações dos
moradores de área de risco é a demora para entrega de unidades habitacionais. O
representa da prefeitura justificou que houve um atraso da conclusão das obras
de 300 casas que deveriam ter sido entregues em dezembro de 2014. O projeto tem
recursos do programa Minha Casa, Minha Vida. "Os beneficiários
prioritários dessas casas populares são as famílias de áreas de risco. A
previsão é que até junho as obras sejam concluídas", afirmou Costa.
Balanço da Cheia
No Amazonas, 18 cidades
estão em situação de emergência. Na calha do Rio Juruá os municípios afetados
são: Itamarati, Guajará, Ipixuna, Envira e Juruá. Na calha do Rio Purus,
Canutama, Tapauá, Carauari, Pauini e Lábrea sofrem danos causados pela cheia.
Atalaia do Norte, Benjamin Constant, Tabatinga, Amaturá, Santo Antônio do Içá,
São Paulo de Olivença e Tonantins situados no Alto Solimões também estão em
situação de emergência por causa do avanço das águas.
O município de Boca do
Acre é o mais afetado pela cheia com 20.905 pessoas de 4.181 famílias
atingidas. A cidade, que fica no Sul do estado e banhado pelo Rio Purus, está
em estado de calamidade pública. Humaitá (Rio Madeira) e outros quatro
municípios do Médio Solimões - Fonte
Boa, Uarini, Alvarães e Tefé - estão situação de alerta.
Ao todo, 110.610 pessoas
de 22.116 famílias foram afetadas pela cheia dos rios neste ano. Os dados são
da Defesa Civil Estadual, que tem coordena a ajuda humanitária e assistências
às vítimas. Já distribuídos 363 toneladas de alimentos não perecíveis, além de
medicamentos, materiais para purificação da água (filtros e hipoclorito de
sódio) e kit's dormitório (colchões, redes e mosquiteiros). Instituições
públicas e empresas doaram parte dos mantimentos. O governo do estado repassou
R$ 1.200,000 as prefeituras de quatro municípios.
Fonte/Fotos:
Adneison Severiano - G1 AM
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