DRONES JÁ SOBREVOAM CÉU DO PARÁ, MESMO SEM REGRAS
Pequenos dirigíveis já são usados no Estado sobretudo
por publicitários
Pequenas máquinas voadoras
controladas à distância poderiam ser consideradas parte de um filme de ficção
científica. Atualmente, esses equipamentos conhecidos formalmente como Veículos
Aéreo Não Tripulados (Vant), que receberam o apelido de ‘drones’, já estão
sendo utilizados por todo o mundo e até no Pará. O mercado para os equipamentos
se expande pela praticidade em executar serviços pelo baixo custo. Apesar de
ainda não haver uma regulamentação própria no Brasil, o uso se dissemina para
usos profissionais e recreativos, já que a compra e o manuseio das máquinas são
acessíveis.
No Pará, o jovem
empresário Júlio Cesar de Almeida, 32 anos, foi um pioneiro no assunto. Ele
trabalha há aproximadamente dez anos com pequenos dirigíveis e ‘drones’. A
empresa criada por Júlio realiza desde o planejamento, criação, manutenção até
filmagens aéreas com as aeronaves. A decisão pelo investimento uniu a paixão
pelo aeromodelismo à profissão de publicitário. “Comecei a me interessar pelos
drones há mais ou menos seis anos. Era bem difícil porque tinha que fabricar as
peças com materiais alternativos, como cabos de alumínio e até cabo de
vassoura”, relembra. Hoje as máquinas podem ser montadas ou compradas inteiras.
Os preços variam de R$ 800 até R$ 50 mil, dependendo do modelo.
De acordo com a Força
Aérea Brasileira (FAB), há dois tipos de Vant. O mais conhecido é o modelo de
Aeronave Remotamente Pilotada (RPA). Neste tipo, o piloto não está a bordo, mas
controla a aeronave remotamente de uma interface qualquer (computador, simulador,
dispositivo digital, controle remoto). Diferente de outra subcategoria, a
chamada “Aeronave Autônoma”, proibidas no Brasil. Uma vez programadas, as
Aeronaves Autônomas não permitem intervenção externa durante o voo. Outra
diferença são os modelos de Aviões de Asa Fixa e os de multirotores, que
possuem várias hélices que fazem o equipamento levantar voo.
REGULAMENTAÇÃO
Com as máquinas se
disseminando no Brasil, a Agência Nacional da Aviação Civil (Anac) decidiu
regulamentar a utilização dos drones. Ainda sem uma legislação específica, elas
seguem as regras do aeromodelismo. A desregulamentação não é peculiaridade
brasileira; nem os Estados Unidos da América (EUA), maior mercado mundial de
drones, tem uma legislação específica. No Brasil, a Anac, em parceria com a
Associação Brasileira de Multirotores (ABM), discutem as regras para o setor.
De acordo com o site da
Anac, atualmente, quem for utilizar drones para fins comerciais precisa ter um
Certificado de Autorização de Voo Experimental (Cave) para Vant, que também
serve para as Aeronaves Remotamente Pilotadas (RPA), com os propósitos de
pesquisa e desenvolvimento, treinamento de tripulações e pesquisa de mercado. O
interessado deve solicitar o certificado ao órgão e deve obedecer certas
regras, como não utilizar o equipamento para outro objetivo além daquele
especificado. Ainda é proibido transportar pessoas ou bens com fins lucrativos.
O interessado deve enviar requerimento embasado, destacando as características
da operação e o projeto da aeronave, para demonstrar à agência que o nível de
segurança do projeto é compatível com riscos envolvendo outras aeronaves em
voo, pessoas e outros bens no solo.
Como a Anac não dispõe de
regulamentação específica relacionada à operação de drones com fins lucrativos,
os requerimentos são analisados caso a caso pela área técnica e apreciados pela
diretoria colegiada do órgão, que pode liberar ou não a autorização. Os drones
devem obedecer a altura de 400 pés, o mesmo dos aeromodelos, e operar a três
quilômetros de distância de aeroportos. Os drones também foram proibidos de
sobrevoar multidões. Segundo Júlio de Almeida, que participa da discussão,
estão em debate até o peso dos equipamentos.
MERCADO
Depois de colocar as
máquinas para voar por pura diversão, Júlio começou a utilizá-las como negócio.
Com o decorrer do avanço tecnológico dos drones e das máquinas filmadoras,
Júlio percebeu que havia espaço no mercado para investir em filmagens aéreas.
Enquanto nas filmagens feitas por helicóptero, há um grande custo no aluguel do
equipamento e com a diária do piloto, além de uma série de regras, os drones
podem fazer filmagens melhores com câmeras acopladas por diárias de
aproximadamente R$ 1.700. “Quando as filmagens aéreas eram feitas por
helicópteros ou aeromodelos não tinham a flexibilidade e a estabilidade que o
drone possui. A máquina ainda possui GPS e não precisa tanto da habilidade do
piloto como os outros dois”, compara Júlio.
Na maioria das vezes,
utiliza os equipamentos em parceria com produtoras de vídeos locais. O
empresário já participou de trabalhos para grandes empresas, como o Consórcio
Construtor Belo Monte (CCBM), Instituto Natura, a Organização Não-Governamental
(ONG) The Nature Conservancy (TNC), Vale e a cachaça Pirassununga 51, da
Companhia Müller Bebida. Até o último show gravado em Belém da Banda Calypso no
Ver-o-Peso contou com drones para tomadas aéreas.
Segundo um dos parceiros
de Júlio, o produtor Nelson Mendes, o trabalho melhorou muito com as novas
aeronaves. “Antes, a gente usava muito a locação de helicóptero. Depois de uma
hora de gravação só utilizava alguns segundos e isso ainda com estabilização na
ilha de edição. Você também não tinha autorização para ficar voando baixo nas
capitais. Já com os drones, que podem voar com a câmera na frente, se pode ter
imagens amplas e a possibilidade de voar super baixo, comparado com um
helicóptero. Hoje conta com câmeras com qualidade de gravação muito boa”,
elogia.
Fonte/Foto: O
Liberal/Ilustrativa - Arquivo AA
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