TRABALHO EM CONDIÇÕES ANÁLOGAS ÀS DE ESCRAVO: PARAENSES RESGATADOS CHEGAM A 8,9%
Dos 1.550 trabalhadores
resgatados de condições análogas às de escravo em 2014, 39,3% não tinham
concluído o 5º ano do ensino fundamental, 32,8% eram analfabetos e 14,6% tinham
do 6º ao 9º ano escolar incompletos. Segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT),
a maior parcela desses trabalhadores tinha como Estado de origem o Maranhão
(23,6%), seguido da Bahia (9,4%), do Pará (8,9%), de Minas Gerais (8,3%) e do
Tocantins (5,6%).
Segundo a CPT, o perfil do
trabalhador resgatado se mantém com predominância de migrantes do interior em
busca de trabalho fora do estado de origem.
“Ele é um trabalhador
migrante que sai do interior de regiões empobrecidas do Maranhão, do Piauí, do
Pará e do Tocantins e se dirige para as frentes onde há possibilidade de
trabalho. Essa situação evoluiu bastante porque as rotas de migração levam os
trabalhadores também para grandes obras e regiões de economia mais aquecida. As
obras da Copa [do Mundo] também tiveram um efeito muito importante”, explicou o
coordenador da Campanha Nacional De Olho Aberto para não Virar Escravo, da CPT,
frei Xavier Plassat.
ATIVIDADES
Apesar de uma mudança da
incidência de trabalho escravo nos últimos anos, das atividades consideradas
rurais para as urbanas, a agropecuária, a lavoura e o carvão ainda lideram o
ranking da CPT como “campeões” no recrutamento de pessoas para trabalho
escravo.
Ainda segundo dados da
comissão, em 2014 Tocantins (188), Pará (113), Minas Gerais (158), São Paulo
(137) e Maranhão (52) foram os Estados em que mais se libertaram trabalhadores
em condições análogas à escravidão. A mobilização institucional de entidades
governamentais e da sociedade civil, nas últimas duas décadas, conseguiu
libertar milhares de trabalhadores do trabalho análogo à escravidão.
Contudo, para frei Xavier,
esse crime está tão enraizado na sociedade brasileira que o aumento da
fiscalização levará também ao crescimento da descoberta de trabalhadores
submetidos a situações degradantes.
“Aonde vai o fiscal [do
trabalho] ele encontra trabalho escravo”, disse Plassat. Para ele, como há
limitações para ações de fiscalização de órgãos federais e estaduais, sempre há
necessidade de “priorizar” algumas áreas ou estados em detrimento de outras em
vez de agir ao mesmo tempo em todos os lugares.
“Se são destacados muitos
fiscais para um Estado do Sul ou do Centro-Oeste, por exemplo, não se vai levar
[fiscalização] para o interior da Amazônia”.
Apesar dessa realidade, o
religioso acredita que o país tem razões para comemorar depois de 20 anos de
implementação de medidas que intensificaram o combate ao trabalho escravo.
Fonte: Diário
do Pará
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