DA ROÇA AO ESTRELATO: ATACANTE DO PARÁ É 'SENSAÇÃO' DO FUTEBOL BRASILEIRO
Com oito gols e história de superação, atacante Erik,
do Goiás, é o artilheiro da Amazônia no Campeonato Brasileiro de Futebol
MANAUS – O futebol,
inegavelmente, é capaz de mudar vidas. Democrático, o esporte permite que
qualquer criança, independente da classe social, sonhe em fazer carreira com a
bola nos pés. E diversas histórias de superação no futebol mostram que não há
barreiras para que o sonho se concretize. É o caso do atacante Erik, do Goiás.
Nascido na zona Rural da pequena cidade de Novo Repartimento, o paraense viveu
na roça até os 10 anos. Hoje, aos 20, ele é o artilheiro da Amazônia na maior
competição de futebol do Brasil: o Campeonato Brasileiro de Futebol.
Infância na roça
Quem vê o jovem menino
envergando a camisa 11 do Goiás não imagina a história de superação que
antecedeu o sucesso. Erik viveu a sua infância em um assentamento (Projeto
Tuerê) na rodovia transamazônica, a cerca de 90 quilômetros de Novo
Repartimento. “Era um povoado com praticamente umas 15 pessoas. Tive uma
infância na roça, bem no interior mesmo, no meio do gado, na mata. Nem TV e
futebol havia”, descreve.
O isolamento, entretanto,
era superado por apenas um elemento: o futebol. “Como meu pai mexia com roça,
eu queria estudar, mas ele pegava no meu pé para ajudá-lo. Pelo menos, como eu,
ele sempre foi um fanático por futebol”, disse Erik, torcedor do Flamengo
quando criança.
Destino
Talvez nem o pai do jovem
menino, Bernardo Araújo, imaginava que o filho ajudaria tanto a família. Mas o
futebol apareceu por acaso na vida de Erik, de uma forma até mesmo inusitada.
“Foi quando fui passar as férias com meu tio em Goiânia. Teve um dia em que ele
me levou no CT da base do Goiás apenas para assistir a um treino. Um garoto se
machucou e, como eu calçava o mesmo número da chuteira dele, acabaram me
chamando para jogar no lugar dele. Foi assim que tudo começou”, relembrou ao
Portal Amazônia.
Acredite se quiser: a
coincidência do número da chuteira foi o pontapé inicial de Erik no futebol.
Encantado pelo futebol do jovem paraense de apenas 11 anos, o treinador
Serginho Africano manteve a 'joia' no clube. Mas o início foi doloroso: a
saudade da família falava mais alto no coração do menino que até pouco antes
sequer conhecia a cidade grande.
Superadas as dificuldades,
Erik despontou de vez no Goiás no ano passado. Ele foi o destaque do
vice-campeonato do time esmeraldino na
Copa São Paulo de Futebol
Júnior, maior competição de base do futebol brasileiro, com oito gols. O bom
desempenho permitiu ainda que o atacante disputasse dois jogos no time
principal do Goiás no Campeonato Brasileiro de Futebol daquele ano.
O auge
Mas a consagração veio em
2014. Com oito gols em 27 jogos, Erik virou titular absoluto no Goiás e é o
artilheiro da Amazônia no Brasileirão. Ele também anotou três gols em apenas
quatro partidas na Copa Sul-Americana, a primeira competição internacional da
sua carreira como profissional. Somados aos dois gols marcados no Campeonato
Goiano, o paraense tem 13 gols na temporada.
Inquieto, Erik
caracteriza-se por ser um atacante voluntarioso. Sabe jogar pelos dois lados do
campo e não hesita em ajudar o sistema defensivo do Goiás – prova disso são os
26 desarmes em 32 jogos disputados no segundo semestre, segundo o Footstats. O
jovem também destaca-se pela habilidade (são 30 dribles neste mesmo período) e
pela 'fome' de gol. Erik é o 16º jogador que mais finaliza a gol no
Brasileirão, com 22 arremates.
Os números impressionam
para um garoto de apenas 20 anos. Para Erik, a sequência de jogos fez a
diferença para que ele se firmasse de vez no time principal do Goiás. “Procurei
aproveitar o máximo possível o meu momento quando recebi a chance e as coisas
foram acontecendo naturalmente. Eu precisava jogar para mostrar o que sei.
Apesar de ter apenas 20 anos, tem sido um ano de afirmação pra mim”, valorizou.
Forte candidato a
revelação do Campeonato Brasileiro, o paraense já desperta o interesse de
grandes clubes do Brasil e até do exterior. Erik, todavia, desconversa sobre as
sondagens. “Procuro tratar isso com muita cautela. Meu foco é o Goiás. Deixo
essa parte para meu pai, meu empresário e o clube resolverem. O jogador tem que
se preocupar em fazer a sua parte dentro das quatro linhas”.
Mais do que jogar em um
grande clube brasileiro ou internacional, o grande objetivo de Erik no futebol
é chegar à seleção brasileira. O jovem, aliás, desponta como opção para as
Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro. “Para isso [chegar à seleção], preciso
continuar trabalhando firme. Tive a oportunidade de defender a seleção sub-20
no ano passado em dois torneios, em Toulon e na Suíça. Para novas chances
surgirem, preciso estar bem no Goiás. E é o que tenho procurado fazer”.
Humildade
Mas Erik não se esquece de
suas raízes. Por este motivo, ele e o pai trabalham para que mais meninos em
Novo Repartimento despontem no futebol. “Depois que eu despontei, as pessoas
começaram a acreditar mais. Sou o único jogador da cidade e acabo servindo de
inspiração. Estive lá [em Novo Repartimento] no ano passado. Eu e meu pai
tivemos a ideia de fazer uma peneira lá. Um olheiro do Goiás até foi com a
gente. Eram cerca de uns 70 meninos. Chegamos a levar três deles para o Goiás e
um deles ficou. No fim deste ano, nas minhas férias, devemos fazer de novo”.
Fonte/Foto:
Gabriel Seixas – portalamazonia.com/Divulgação


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