CRÔNICAS DO MONTE JUNIOR: “O ESTOPIM DE UMA REVOLUÇÃO NO AMAZONAS...”
- por Antonio Monte Junior*
Caminhando pela orla de
Nhamundá, já praia da Liberdade, sou parado por um grupo de estudantes que
querem encenar uma peça teatral de pelo menos 2 atos representando uma revolução no Brasil que começou no Amazonas e pedem
minha ajuda. Deste meu jeitão disse, interessante a idéia.
Uma linda estudante
nhamundaense, que fiquei sabendo chamar-se Catarina de Cássia, temperou a
conversa dizendo: “Mas tem que ser algo que cause impacto!”
Pensei, e quando pensava,
vi caminhando dona Nair Parteira... Disse ! Está pronto o primeiro ato ! Vamos lá.
Cenário: ... uma casinha
humilde da comunidade do Aminarú-Açú.
Um quarto, com uma cama de
madeira e entre lençóis ralos mas limpos, uma
jovem está na iminência de dar a luz a uma menina.
Não deu para ir para a
capital do município, acabou o combustível a saída é a parteira.
Ela manda pegar uma bacia
grande com água que é bem fervida para o serviço do parto.
A bacia com água límpida,
está na entrada do quarto.
Neste momento chega
inesperadamente na casa um político.
Ele entra, vê a bacia com
água, puxa uma cadeira e sem tirar os sapatos e coloca os pés na bacia, se
refastelando na cadeira.
A cena deixa a parteira
injuriada que grita: “Político cretino ! Sem mãe ! Miserável! Maldito !”
O grito foi tão forte que
foi ouvido em Nhamundá e o povo saiu nas ruas revoltado, repetindo as palavras.
O mesmo ocorreu em
Parintins, Manaus, Atalaia do Norte e em Boca do Acre onde o grito ficou mais
retumbante.
Os índios yanomamis
ouviram o grito e sairam para as estradas, o mesmo aconteceu em Cametá, São
José de Ribamar, Cariacia, Paus-de Ferros, até Uruguaiana.
Foi o estopim de uma
revolução que mudou o Brasil para sempre.
O grito de uma parteira lá
do Aminaru-Açú.
O
roteiro está pronto. Valeu!
*Antonio Monte Junior é advogado, reside em Nhamundá-AM, e escreve regularmente seus artigos e crônicas, que publicamos neste blog.
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