COMPRA DE VOTO SE ESPALHA PELO ESTADO DO PARÁ
Há quatro dias do segundo
turno, o programa Cheque Moradia, importante programa social que deveria ajudar
na melhoria das habitações de pessoas de baixa renda, continua turbinando
máquina de compra de votos do PSDB para reeleger o governador Simão Jatene sem
que o Ministério Público ou a Justiça Eleitoral tomem qualquer providência para
barrar o esquema. O derrame do Cheque Moradia, que priorizou a região
metropolitana no primeiro turno, agora se alastrou por todo o Estado. As
denúncias que o DIÁRIO tem recebido são as mais variadas possíveis.
No município de
Igarapé-Miri, na região do Baixo Tocantins, sob a coordenação do deputado
tucano Ítalo Mácola, as informações eram de que até duas mil pessoas receberam
os cheques ontem. A distribuição ocorreu na escola Professor Manoel Antonio de
Castro, em frente à delegacia da cidade. Mácola, que não conseguiu se reeleger
deputado estadual, tem parentes na gestão do prefeito Aílson Santa Maria do
Amaral (DEM), mais conhecido como “Pé de Boto”, aliado de primeira hora do
recandidato Simão Jatene e coordenador da campanha do PSDB na região. Pé de
Boto foi afastado do cargo sob denúncias de fraudes em processos licitatórios
na prefeitura, tráfico de drogas e até de participação em grupos de extermínio.
O cadastramento das
pessoas e a entrega dos cheques foram feitos pelos professores Durval (diretor
da escola) e Eliana (secretária do PSDB no município), e por Dilza Pantoja,
ex-prefeita de Igarapé-Miri, condenada por improbidade administrativa e hoje
respondendo a processo na vara federal penal. “Tinham muitas pessoas desde cedo
dentro da escola. Eles fecharam as portas e chamamos a polícia, mas não
conseguimos entrar para ver o que ocorreu”, disse um morador da cidade. Na Baía
do Sol, em Mosqueiro, também houve cadastramento para o cheque na manhã de
ontem.
No domingo, o jornal DIÁRIO
mostrou que o uso eleitoreiro do Cheque Moradia, que deveria melhorar a vida da
população através da construção, ampliação ou melhoria das casas dos
beneficiários, contaminou por completo o programa. Em Ponta de Pedras, o
programa ludibriou centenas de famílias e frustrou o sonho da casa própria.
O governador Simão Jatene
e a sua correligionária e prefeita de Pontas de Pedras, Consuelo Castro (PSDB),
entregaram dezenas de Cheques Moradia a famílias carentes da cidade no valor de
R$ 846. Hoje, seis meses depois, várias famílias denunciaram irregularidades
cometidas pelo governo do Estado, através da Companhia de Habitação do Pará
(Cohab), que, além de não construir e reformar, sumiu com a maior parte do
material que deveria ser utilizado nas obras das residências.
Na verdade, acabou por se
revelar um grande esquema onde intermediários recolhiam os cheques dos
beneficiários após os mesmos terem sido distribuídos e os repassavam para a
prefeitura, que, de maneira totalmente ilegal, acabou por repassar parte do
material fornecido, comprado na empresa Quaresma Construções e Comércio,
localizada na Estrada da Providência, na Cidade Nova II, em Ananindeua.
O Diário recebeu a
informação de que, do total de cheques entregues, a maioria ficou com a
prefeita e o restante com o vice-prefeito, que é dono de uma estância no
município, caindo por terra a alegação da prefeitura de que não existiam
empresas capazes de trocar o cheque em Ponta de Pedras. Como não receberam o
combinado, a maioria dos beneficiários acabou vendendo o pouco material
recebido por um valor bem abaixo do mercado.
Fonte/Foto:
DOL/Fernando Araújo


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