EU VOU PARA O SAIRÉ – OU É ÇAIRÉ?
- por Márlio
Juliano Mota (*)
Quero fugir um pouco do
foco deste blog, deixando de falar sobre política e abrir um parêntese para
falar sobre o Sairé ou Çairé (desconheço ao certo a nomenclatura correta, só
sei que se trata de uma rivalidade trivial entre governos municipais que levam
para a imparcialidade política este patrimônio cultural do nosso município, mas
não quero detalhar essa abordagem, vou discutir sobre isso posteriormente).
Mas, pensando bem, lógico
que a festa está relacionada diretamente com o clima de eleição que está nos
cercando neste momento.
Tenho certeza que vou
encontrar muitos oportunistas panfletando pelas ruas e praças de Alter do Chão
e verei velhinhas humildes e moças saltitantes balançando bandeiras de partidos
ou de candidatos ricos no decorrer na rodovia. Mas essa é uma discussão para
outro artigo.
A festa é conhecida
mundialmente pelo seu imenso valor cultural, pelo forte resgate aos povos
indígenas e pela exaltação da Amazônia como um paraíso natural e rico em danças,
rituais, costumes e diversidade (perceba que estou falando da visão externa que
os “gringos” possuem da nossa festa).
Botos
A beleza natural da vila
se aparelha com a dimensão antropológica e religiosa da festa, pois encanta os
visitantes e atrai a atenção dos amantes da natureza. Tudo isso é repetitivo,
pois é notória essa visão de Alter do Chão e respectivamente da festa, está
estampado na mídia e em grandes outdoors pelo mundo a fora.
Mas com o passar dos anos,
essa tradição está se tornando um evento supérfluo e uma cópia descarada de
eventos similares da região: como o boi de Parintins e o Festival das Tribos de
Juruti. Atualmente, a festa do Sairé/Çairé é um carnaval fora de época ou uma
réplica da Bahia na Amazônia.
Os comunitários da vila são
meros figurantes neste grande negócio de entretenimento que visa o lucro
terceirizado e a fama da prefeitura pela realização do evento.
Grandes nomes da música
regional são deixados de lado por atrações nacionais que tocam 2 horas de
“”wuel wuel wuel” e vão embora, deixando bêbados e casais apaixonados fazendo
sexo explicitamente na praia.
Muito me entristecei saber
que o mestre Pinduca veio anteontem, lotou a arena, mas já vai embora. Cadê
grande nomes como Lia Sophia e outras grandes talentos que temos no estado e
aqui mesmo em Santarém? Quero deixar aqui publicamente o meu repúdio e insatisfação
para com os organizadores da festa.
Acho uma tolice a mudança
da nomenclatura da festa toda vez que muda o poder executivo do nosso
município. Essa briguinha PTxPSDB já está me irritando, e creio que já irritou
muitos, precisamos exigir um mínimo de respeito para as nossas “autoridades”.
Cadê a Câmara de
Vereadores que para institucionalizar um lei que regularize a nomenclatura da
festa? São estes detalhes e acordos políticos que me desestimulam a acreditar
nos sonho da independência do Estado do Tapajós, pois nossa representatividade
é muito fraca e tendenciosa.
O coronelismo ainda é
muito presente em nossa região. Enfim, estou começando a ficar cansado, vou
encerrar o artigo. Não tem como desvincular a Festa de Alter do Chão com a
política, vocês são prova que no inicio do artigo tentei enfocar outra
abordagem, mas fica a análise e a dica para os santarenos.
Eu vou para festa do
Sairé/Çairé, voltarei feliz ou não.
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* Santareno, é blogueiro titular
do blog Humorcorongo, onde originalmente o artigo acima foi publicado.
Fonte/Foto: jesocarneiro.com.br/Ronaldo
Ferreira
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