DESTAQUE: BIOPRÓTESE COM MADEIRA PARA PÉ E TORNOZELO É TESTADA NO AMAZONAS
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Paulo Alexandre dos Santos aprova bioprótese desenvolvida em projeto coordenado pela professora Marlene Araújo |
A utilização de madeiras da região para produção de
próteses de pé e tornozelo foi apresentada nesta terça-feira (16), durante
Seminário de Avaliação Final do Programa Estadual de Atenção à Pessoa com
Deficiência
O engenheiro mecânico
Paulo Alexandre Santos, 32, fez uma demonstração do uso do protótipo de
bioprótese de pé e tornozelo em madeira laminada ontem, durante o Seminário de
Avaliação Final do Programa Estadual de Atenção à Pessoa com Deficiência -
Viver Melhor/Pró-Assistir. O projeto, desenvolvido pela coordenadora do Núcleo
de Tecnologia Assistiva da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), professora
Marlene Araújo, com apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado
do Amazonas, o deixa de sorriso no rosto porque, como disse, o material dá um
conforto incomparável com a outra prótese de fibra de carbono, já que apresenta
uma absorção menor do impacto do passo.
O projeto, denominado
“Desenvolvimento do Protótipo de Bioprótese de Pé e Tornozelo em Madeira
Laminada com Avaliação Clínica em Pacientes Protetizados”, é desenvolvido pelo
grupo de pesquisa “Tecnologia Assistiva”, da Escola Superior de Tecnologia
(EST) e da Escola Superior de Ciências da Saúde (ESA) da UEA.
Há cerca de uma década em
pesquisada, a ideia da prótese veio com a proposta de estudar a aplicação de
madeiras da Amazônia nos produtos e próteses de pé e tornozelo, explicou
Marlene, revelando que os tipos de madeira que mais se adequaram ao proposto
foram o Pau d’Arco, Rouxinho e Cumaru.
Pela primeira vez usando
madeira laminada numa prótese, os testes de carga cíclica apresentaram uma
durabilidade semelhante a de uma prótese de fibra de carbono. Segundo a
professora, uma prótese de fibra de carbono tem cerca de cinco anos de
durabilidade, mas esse é um aspecto importante da prótese de madeira laminada
desenvolvida pela UEA. “Como usamos pouca madeira, vai sair 90% mais barata que
a de fibra de carbono”, disse ela. Uma prótese dessas custa, no mercado, entre
R$ 7 a R$ 10 mil, observou a coordenadora. Segudo a professora, em nível
nacional, apenas 3% dos pacientes amputados de pé e tornozelo têm acesso a uma
prótese de fibra de carbono pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Devido ao custo
elevado, existem mais de 200 pacientes na fila de espera por uma prótese na
rede pública de saúde no Amazonas.
AVALIAÇÃO
Após as avaliações da
engenharia e com o paciente, Marlene diz que o grupo de pesquisa vai trabalhar
para aumentar a resistência mecânica da prótese. Segundo ela, uma vantagem
relatada pelo paciente Paulo Alexandre, é o conforto provocado pela madeira,
que é um material biológico especial. “Quando passamos a trabalhar madeira
laminada, fizemos avaliação dos raios de curvatura, de lâmina a lâmina e vimos
que se houver um acidente e a prótese quebrar, com as lâminas esse rompimento
não se dá de uma vez, permitindo ao usuário perceber antes e tomar as
providências necessárias para evitar um acidente”, explicou Marlene.
O engenheiro Paulo
Alexandre considera-se um privilegiado em poder ajudar nos testes de um
material que, pelas contas da coordenação do projeto, pode levar pouco mais de
18 meses para ser disponibilizado no mercado como produto. A melhoria em
conforto, qualidade de vida e de mobilidade é tão boa que ele gostaria de poder
dispor de uma prótese dessas permanentemente já a partir de agora.
Grupo vai ampliar pesquisas
Sob a coordenação da
professora Marlene Araújo, o projeto de biopótese de pé e tornozelo conta
também com a participação dos pesquisadores Cleinaldo de Almeida Costa,
Francisco Ferrera Fernandez, Frederico Veiga, José Luiz Valin Rivera e Luiz
Antônio de Oliveira, além de acadêmicos do curso de Engenharia Mecânica,
Engenharia de Controle e Automação e Engenharia Elétrica.
Após a conclusão desse
projeto, que vai beneficiar pacientes amputados usuários do Sistema Único de
Saúde (SUS), Marlene anuncia que as pesquisas continuarão para a produção de
próteses de joelho e quadril.
Fonte/Foto: Ana
Célia Ossame – acrítica.uol.com.br/Bruno Kelly
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